CAMPO GRANDE (MS),

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    24/07/2014

    Risco de câncer de mama aumenta 7% a cada taça de vinho, diz especialista

    Dado é válido para mulheres que têm o hábito de consumir bebida alcoólica com frequência


    ...

    Todos sabem que o excesso de álcool é altamente prejudicial à saúde. No entanto, a substância parece ser especialmente agressiva ao organismo da mulher. Estudos que investigaram a relação entre o consumo frequente da bebida e a incidência do câncer revelaram que a população feminina que tem este hábito está sob sério risco de desenvolver a doença.

    Estudos

    Para se ter uma ideia, para a mulher que costuma beber diariamente, a ingestão de apenas uma taça de vinho é suficiente para aumentar seu risco de contrair câncer de mama em até 7%. Com duas taças de vinho, o aumento é de 14%, e assim por diante. Quem fornece esta informação é o radioterapeuta e professor Dr. Luis Pinillos Ashton, ex-ministro da Saúde do Peru e fundador do Instituto Internacional de Investigação para a Prevenção (IPRI, na sigla em inglês). “O consumo de álcool tem uma relação dose-efeito, ou seja, provoca um aumento progressivo no risco de câncer de mama”, explica.

    O especialista baseia-se em uma análise feita em 2002, publicada no British Journal of Câncer, que observou o resultado de 53 estudos sobre a relação entre consumo de álcool e risco de câncer de mama em mulheres (no total, 58 mil casos foram considerados no trabalho). Concluiu-se que aquelas que consumiam mais de 45 gramas de álcool por dia (aproximadamente 3 drinques) tinham 1,5 vezes mais chances de desenvolver a doença do que as que não bebiam. O risco da doença aumentava progressivamente conforme o consumo de álcool era maior: para cada 10 gramas da bebida consumida por dia (menos de 1 drinque), a incidência do câncer de mama crescia 7%.

    Outro estudo, mais recente (2009), publicado pelo Journal of the National Cancer Institute, do Reino Unido, não só comprovou os dados anteriores como revelou um cenário ainda mais grave. Após a análise de mais de 28 mil mulheres com câncer de mama, conclui-se que 10 gramas de álcool consumidas por dia aumentavam em 12% o risco de câncer de mama.
    Álcool e outros tipos de câncer

    Ainda de acordo com o Dr. Pillinos, a ingestão de bebidas alcoólicas é fator de risco para outros tipos de câncer, tanto em homens quanto em mulheres, como:
    • Cavidade oral
    • Trato respiratório (agravado se associado ao consumo de cigarro)
    • Esôfago
    • Colorretal (intestino grosso e reto)
    • Fígado. O consumo de álcool, sozinho, é uma das causas primárias do câncer de fígado. As outras grandes causas são infecção crônica por hepatites B e C.

    Para mulheres que consomem álcool frequentemente, cada dose de bebida pode aumentar entre 7% e
     12% o risco de desenvolver câncer de mama (Crédito: Thinkstock)

    Por outro lado, dois estudos de 2012, publicados nos periódicos Annals of Oncology e European Journal of Cancer Prevention, demonstraram que o consumo elevado de álcool está ligado a uma redução no risco de câncer dos rins e do linfoma. As pesquisas não conseguiram estabelecer a relação entre os dois fatores.

    Por que o álcool causa câncer?

    Além de conter possíveis agentes cancerígenos,
    o álcool eleva o nível de estrogênio no sangue,
    hormônio ligado ao câncer de mama
    (Crédito: Thinkstock)
    Os pesquisadores conseguiram identificar alguns fatores que explicam por que o álcool aumenta o risco de câncer:
    • Quando cai no organismo, o álcool é quebrado, gerando alguns subprodutos. Um deles é o etanal, um químico tóxico que provavelmente é cancerígeno aos humanos.
    • O álcool gera um processo de oxidação que pode danificar células do DNA, proteínas e lipídios.
    • Ele também é capaz de reduzir a capacidade do corpo de absorver vários nutrientes que podem estar associados ao risco de câncer, incluindo vitaminas A, C, D, E e do complexo B, assim como carotenoides.
    • Eleva os níveis de estrogênio no sangue, um hormônio sexual ligado ao risco de câncer de mama.
    • Por fim, bebidas alcoólicas podem conter uma variedade de cancerígenos que são introduzidos durante o processo de fermentação e produção, como nitrosaminas, fibras de asbesto, Compostos fenólicos e hidrocarbonetos.

    Vinho: vilão ou mocinho?

    Um estudo de 2007 publicado no periódico Toxicology and Applied Pharmacology apontou que algumas substâncias presentes no vinho tinto, como o resveratrol, têm propriedades anticancerígenas. Outros alimentos que possuem este componente são uvas, framboesas, amendoim e algumas plantas.

    No entanto, testes realizados em humanos não mostraram evidências de que o resveratrol é eficaz na prevenção ou tratamento do câncer (Annals of the New York Academy of Sciences, 2011).

    *A repórter Marianna Feiteiro viajou entre 16 e 18 de julho de 2014 a Guadalajara, no México, a convite da Roche Brasil para evento para jornalistas da América Latina com objetivo de discutir os avanços da saúde na região, inovação e biotecnologia.






    Fonte: Bolsa de Mulher/JE
    Por:
     Marianna Feiteiro