CAMPO GRANDE (MS),

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    29/04/2014

    RIO: Caseiro de Paulo Malhães entrega irmãos em depoimento

    Polícia já identificou três dos quatro invasores da casa de coronel MalhãesO militar morreu enquanto criminosos estavam em seu sítio, na Baixada.


    Reprodução/Vídeo


    Caseiro do coronel Malhães é conduzido pela polícia
    após sua prisão (Foto: Guilherme Brito/G1)
    O caseiro Rogério Pires, que segundo a polícia confessou ter participado do crime que acabou com a morte do coronel reformado Paulo Malhães, denunciou os dois irmãos como sendo os homens que invadiram, dia 25, o sítio do militar, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Malhães, que no mês passado contou à Comissão da Verdade que participou de sessões de tortura durante a ditadura, morreu enquanto o grupo estava em sua casa. No começo da tarde desta terça-feira (29), os irmãos do caseiro - identificados como Rodrigo Pires e Anderson Pires Teles - ainda eram procurados.

    Segundo o delegado William Pena Júnior, da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), os investigadores tentam descobrir quem é o quarto homem que participou do crime. Rogério e os dois irmãos tiveram prisão temporária decretada.

    Rogério foi preso nesta terça pela Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). De acordo com a polícia, Pires facilitou a ação dos bandidos que invadiram o sítio de Malhães em Nova Iguaçu no dia 24 e ficaram com o militar e a mulher dele, Cristina Batista Malhães, reféns por 13 horas.

    Na segunda-feira (28), tanto Rogério quanto Cristina foram ouvidos pela polícia. Com base nos relatos, foi feito o retrato falado dos suspeitos.

    Além de Rogério e Cristina, três filhos do coronel prestaram depoimento. Para elucidar o crime, a polícia busca imagens de câmeras de segurança da região para serem analisadas, segundo o delegado Marcus Maia, responsável pelo caso.

    Coronel Paulo Malhães em depoimento à
    Comissão da Verdade (GloboNews)
    Perfil do coronel

    A polícia disse que, com os depoimentos, está traçando um perfil do coronel. "Estamos trabalhando para criar uma rotina de vida dele, de desafetos, vizinhos." Maia disse que, com o que a polícia colheu até agora, é possível dizer que Malhães era uma pessoa reclusa, até pelo local em que vivia. "É uma miscelânea. Há pessoas que falam que ele tinha um problema de relacionamento social, mas tem também quem disse que ele ajudava vizinhos a pagar dívidas e era um cara solícito", afirmou.

    O delegado destacou que a linha de investigação da polícia ainda é latrocínio, vingança e queima de arquivo. "As coisas caminham para o latrocínio, mas essa não é a principal linha."

    Segundo Maia, o laudo cadavérico vai ajudar a tirar dúvidas sobre a causa morte do coronel. "A gente quer ser preciso e técnico", disse.

    Invasão ao sítio

    De acordo com depoimento prestado pela viúva do coronel, pelo menos três homens – um deles com o rosto coberto – invadiram o sítio de Malhães na tarde de quinta-feira. A mulher disse que a invasão ocorreu por volta das 13h e que, até as 22h, ela e o caseiro foram mantidos reféns em cômodos separados. Os criminosos fugiram levando armas que o oficial colecionava e dois computadores.

    O coronel foi encontrado morto depois que os invasores deixaram a propriedade. O delegado William Pena Júnior destacou no sábado (26) que a principal linha de investigação é de latrocínio. Mas ele ressaltou que não são descartadas as hipóteses de vingança e queima de arquivo apontadas na sexta-feira (25) pelo delegado adjunto Fabio Salvaretti, também da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense.

    Ainda segundo o delegado Pena Júnior, a polícia desconhece informações que apontem para possíveis ameaças sofridas pelo coronel antes de ser encontrado morto.

    Há cerca de um mês, Malhães havia admitido na Comissão Nacional da Verdade, em Brasília, que participou de torturas e desaparecimentos durante a ditadura militar, inclusive no caso do ex-deputado Rubens Paiva.Paiva é um dos 183 desaparecidos políticos com o paradeiro a ser investigado pela Comissão Nacional da Verdade, criada pelo governo federal para examinar e esclarecer violações de direitos humanos praticadas durante o regime que vigorou entre 1964 e 1985. O deputado Rubens Paiva foi preso em 20 de janeiro de 1971.

    Em depoimento à Comissão da Verdade, Malhães havia dito que o corpo do ex-deputado Rubens Paiva foi jogado em um rio de Itaipava, na Região Serrana do Rio por agentes da ditadura. Cerca de uma semana depois, em outro depoimento, ele negou o fato.


    caseiro Rogério Pires




    Do G1 Rio/JE
    Por: Guilherme Brito