CAMPO GRANDE (MS),

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    25/09/2013

    Epidemia mundial: crack e metanfetamina destroem corpo e fazem usuário virar zumbi

    Metanfetamina também provoca fraqueza nos ossos, perda de peso e insônia





    Quase 400 mil pessoas são usuárias regulares de crack no Brasil, o País só fica atrás dos Estados Unidos. Lá, pelo menos 4,1 milhões de pessoas usam cocaína de forma inalada ou fumada — que é o crack. 

    De acordo com especialistas ouvidos pelo R7, esta e outras drogas, como a cocaína e o álcool, provocam mudanças drásticas no organismo da pessoa, como a fraqueza nos ossos e no corpo. Mesmo com tratamento, em alguns casos, o sistema nervoso fica comprometido de forma irreversível e a pessoa pode se tornar até um zumbi 

    Magreza e fraqueza

    De acordo com psicóloga clínica e conselheira em dependência química da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Silvia Pacheco, o crack em contato com o organismo humano tira o apetite. 

    — Sem se alimentar corretamente e utilizando drogas, a pessoa pode sofrer de fraqueza nos ossos e no corpo, pois há falta de nutrientes em seu organismo. A magreza é um dos pontos principais do crack. A pessoa fica tão inquieta e buscando a droga que acaba até esquecendo até de comer. Ela dá prioridade a usar a pedra a se alimentar. 

    Segundo dados do Ministério da Saúde, um usuário pode perder até 10 kg em um único mês.

    Não é apenas o crack que deixa as pessoas magras. A metanfetamina, droga que se assemelha à cocaína, também provoca a falta de apetite, afirma o professor Elisaldo Carlini, de psicofarmacologia do departamento de Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) 

    — Tanto a cocaína quanto a metanfetamina estimulam o sistema nervoso central, deixando o usuário irritado, com insônia e falta de apetite. O crack, por ser fumado, promove efeito mais intenso e leva à dependência com mais frequência 

    Por ser uma substância extremamente forte, a metanfetamina leva a pessoa a ter problemas cardíacos, como pressão alta, AVC (acidente vascular cerebral) e pode levar à morte por parada cardiorrespiratória, segundo o professor

    Pupilas dilatadas

    Um dos primeiros sinais físicos do uso do crack são as pupilas. De acordo com a especialista em drogas Silvia Pacheco da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), o crack é devastador por conta do efeito rápido no corpo. Ele provoca euforia, bem estar e autoestima elevada. 

    — O crack chega muito mais rápido ao cérebro do que as outras drogas e, consequentemente, o seu efeito é muito mais rápido e intenso. Quando acaba [a droga], o usuário tem vontade de usar mais e mais, por isso ele causa tanta dependência e tantas transformações.

    Insônia

    Como a droga provoca euforia, a pessoa não para por nenhum momento, explica Silvia. Porém, seu corpo fica muito cansado, mas ela não sente


    A especialista da Unifesp também observou que o ecstasy, uma das metanfetaminas usadas pelos brasileiros, tem suas diferenças em relação ao crack. 

    — É uma droga diferente. Ela é alucinógena, então depende da pré-disposição psicológica do usuário.

    Além de euforia, a droga eleva os níveis das substâncias dopamina, noradrenalina e a serotonina, neurotransmissores do comportamento presentes em nosso cérebro, explica a psiquiatra Renata Bataglin, coordenadora da equipe de psiquiatria do Hospital São Luiz. 

    — Ela aumenta a sensação da autoestima e da sexualidade

    O usuário regular de crack também transpira muito, segundo a especialista Silvia Pacheco. 

    — Isso acontece por causa da aceleração do metabolismo, que é um dos efeitos da droga 

    Apesar de o governo investir em programas para o tratamento de usuários de drogas, principalmente de crack, a especialista explica que é muito difícil saber se o tratamento terá sucesso. 

    — Quanto mais cedo a pessoa parar e buscar tratamento, maior a chance de obter sucesso. Em casos em que o usuário usa a droga por muitos anos, chegou a ter surtos psicóticos e nunca entrou em abstinência, o caso é mais complexo











    Colaborou: Brunna Mariel, estagiária do R7