CAMPO GRANDE (MS),

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    10/07/2013

    Sem receber grandes eventos, Guanandizão clama por reforma geral

    Em 29 anos, principal ginásio do estado só recebeu revitalizações. Projeto de R$ 17,3 milhões está em análise no Ministério do Esporte


    Jovens brincam na quadra do ginásio Guanandizão (Foto: Hélder Rafael)

    Em vez de feridas, rasgões e buracos. No lugar das cicatrizes, remendos carcomidos. A ação do tempo e a falta de conservação deixaram suas marcas na quadra do ginásio Guanandizão, ícone do esporte sul-mato-grossense. O complexo, que no passado foi palco de competições nacionais e internacionais, e viu inúmeros campeões surgirem ao longo de seus 29 anos de existência, já não é mais protagonista de eventos grandiosos. Várias modalidades esportivas, como basquete, futsal e handebol, não mandam mais seus torneios por lá. Arquibancadas lotadas, mesmo, somente em imagens recuperadas.


    Como os registros feitos em junho de 2004, quando a seleção brasileira masculina recebeu Portugal pela Liga Mundial de vôlei. Pouco importava se o técnico Bernardinho tinha deixado as estrelas no banco e escalado os reservas para as duas partidas em Campo Grande. O Guanandizão foi revestido de amarelo por 8 mil torcedores que apoiaram a seleção na vitória por um duplo 3 sets a zero (assista à reportagem no vídeo ao lado).

    O confronto mexeu com o ânimo dos moradores da cidade. Até quem tinha o esporte apenas como hobby fez questão de ver a seleção jogar. À época com 15 anos, a jornalista Paula Vitorino juntou-se a um grupo de amigas para torcer no Guanandizão. Ela conta que aquela tinha sido sua primeira ida ao ginásio, e reconhece que o espaço não tem mais sido aproveitado para eventos esportivos importantes.

    - A gente fazia aulas de vôlei no Sesc, e foi super legal poder ver um jogo com os profissionais. Até pegamos autógrafos deles. Não sei se o ginásio está em condições de receber grandes eventos hoje, mas a gente vê pelo aspecto externo que está um pouco acabado.

    Alvo de vândalos

    A deterioração é aparente, tanto por fora como por dentro do Guanandizão. O alambrado que cerca o terreno do complexo foi rompido em alguns segmentos. Portas e janelas danificadas nas salas do entorno do ginásio, onde cerca de 10 federações e associações esportivas mantêm suas sedes administrativas, denunciam a ação de vândalos. Infiltrações na cobertura, pichações nas paredes e a quadra sintética danificada são o alerta para a necessidade de reforma do local.


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    O administrador do ginásio, professor Luiz Alberto Antunes, conhecido como Melão, concorda que é preciso promover profundas melhorias para que atletas e público possam ser bem recebidos. Atualmente, o espaço é cedido para a realização de torneios de vôlei, judô e jiu-jitsu, bem como jogos escolares. O ginásio é eventualmente alugado para shows. Na opinião do administrador, se o Guanandizão deixou de fazer parte da rota das competições de alto nível, sejam elas nacionais ou internacionais, não foi somente por falta de investimentos públicos.

    - Acredito que faltam equipes fortes em nosso estado. Já tivemos boas equipes de futsal, basquete, handebol e vôlei no passado. Lembro que, na década de 1980, o ginásio ficava lotado para os jogos do Copagaz no Campeonato Brasileiro de Clubes de vôlei. Eram grandes jogos contra equipes como Pirelli, Minas, Atlântica/Boavista. Foi aqui que surgiram Carlão e Pampa, jogadores que ajudaram o Brasil a conquistar a medalha de ouro olímpica em 1992.

    Vista aérea do ginásio, que fica no bairro Vila
    Nha-Nhá (Foto: Reprodução/TV Morena)
    Nunca passou por reforma geral

    Inaugurado em 1984, o Guanandizão nunca passou por reforma geral, apenas revitalizações. Está em análise no Ministério do Esporte um projeto de modernização do ginásio, cujos valores chegam a R$ 17,3 milhões e contemplam uma série de melhorias, como instalação de pista de atletismo e quadras na área externa, ampliação do estacionamento, além de reparos nas instalações hidráulicas, elétricas e substituição do piso interno. Caso o projeto seja aprovado, a estimativa é de que a reforma dure nove meses a partir do início das obras.

    Desde dezembro de 2012, o complexo passou a ser administrado pela prefeitura de Campo Grande. A diretora-presidente da Fundação Municipal de Esporte (Funesp), Leila Cardoso Machado, no cargo desde janeiro deste ano, determinou medidas como a execução de reparos nas instalações do ginásio e a instalação de uma base da Guarda Municipal para coibir a ação de vândalos.

    Os locais públicos administrados pela fundação, como praças, parques, ginásios e campos de futebol, abrigam diversos projetos sociais, em que milhares de crianças e jovens recebem iniciação esportiva. A gestora acredita que o governo federal deve investir os recursos necessários para a reforma geral do Guanandizão, já que o país vive um ciclo olímpico visando os Jogos do Rio em 2016.

    - Queremos formar atletas olímpicos, e tenho certeza que nossos jovens têm potencial para isso, principalmente no judô, na ginástica artística, na natação e no atletismo, que são modalidades apoiadas pela prefeitura em projetos de base.


    Com projeto de reforma, gestora espera criar melhores condições para atletas (Foto: Hélder Rafael)


    Fonte: G1 MS
    Por: Por Hélder Rafael, Campo Grande