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A remessa de dois deles já foi cancelada, porque hospitais que atendem ao SUS optaram por contratar a Neorad, de Adalberto Siufi, empresa denunciada na Operação Sangue Frio |
A Coordenação-Geral de Alta Complexidade do Ministério da Saúde confirma que o Mato Grosso do Sul já perdeu dois aceleradores lineares, com o valor de R$ 14 milhões, que seriam doadas ao estado.
Inicialmente, o MS iria receber cinco aceleradores e as respectivas instalações, como parte do Plano de Expansão da Radioterapia do Ministério da Saúde. Mas dois hospitais que atendem ao SUS (Sistema Único de Saúde) declinaram da proposta - a Santa Casa de Campo Grande e a similar de Corumbá.
A direção dos dois hospitais preferiu contratar os serviços da Neorad, de Adalberto Siufi, que ficou famosa, principalmente, depois que a Operação Sangue Frio da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU) descobriu que a empresa era contratada pelo médico para prestar serviço no Hospital do Câncer, dirigido por ele, cobrando 70% acima da tabela do SUS.
Hoje, a Santa Casa de Campo Grande paga a Neorad R$ 119 mil mensais. O dinheiro é repassado pela prefeitura de Campo Grande.
Há mais uma problema: os hospitais contemplados com novo equipamento têm de ceder o terreno para a instalação dos aceleradores, e manter as equipes médica e técnica. A decisão recente da nova direção do Hospital Universitário da UFMS, de suspender o serviço de radioterapia, poderia significar a perda do terceiro equipamento doado pelo governo federal.
Na verdade, o ex-diretor José Carlos Dorsa, acusado de desativar o serviço de oncologia no HU em favor de Adalberto Siufi, do HC e da Neorad, já havia declarado que não iria receber o acelerador linear, mas foi abrigado a mantê-lo por decisão judicial.
Mas no último dia 12, o novo diretor do HU, Cláudio Saab, ladeado pelo vice-reitor da UFMS, João Tognini, anunciou o fechamento da radioterapia do hospital, que dispõe de equipamento mais antigo, até que tome posse do HU a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criada recentemente pelo governo federal.
Ocorre que os aceleradores lineares que serão doados para o MS estão em fase de licitação internacional pelo ministério, e no caso do HU não apresentar um plano de cessão o terreno e a viabilidade econômica da contratação da equipe de radioterapia, o risco da perda do equipamento é possível. No entanto, assessoria do HU informa que quando assumir a direção do hospital, a Ebserh não só fornecerá o terreno para a instalação do acelerador, como destinará recursos para a contratação da equipe.
Se houver contratempos, apenas o Hospital Regional de Campo Grande (HR) e o Hospital Evangélico de Dourados, este particular, que também atende ao SUS, receberiam os equipamentos de ponta
A doação do equipamento ao Evangélico se choca com decisão do Conselho Estadual de Saúde, de 14 de dezembro de 2012, de proibir a instalação dos equipamentos em hospitais privados. Legalmente, a decisão do Conselho é soberana. A secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobashi estava presente à reunião de dezembro.
Segundo levantamento do TCU de 2011, no estado somente eram atendidos 33,9% dos pacientes com demanda por radioterapia e 34,4% dos que precisam de cirurgia oncológica.
De início, a lista original do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial de 3 de julho de 2012, era a seguinte:
PLANO DE EXPANSÃO DA RADIOTERAPIA NO SUS - CRIAÇÃO DE NOVOS SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA SEM BRAQUITERAPIA
MS Campo Grande - Hospital Santa Casa/Associação Beneficente de Campo Grande
MS Corumbá - Santa Casa de Corumbá / Associação Beneficente de Corumbá
MS Campo Grande - Hospital Regional de Mato Grosso do Sul/Fundação Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul
AMPLIAÇÃO DE SERVIÇOS DE RADIOTERAPIA
MS Campo Grande - Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian /Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
MS Dourados - Hospital Evangélico Dr. Sra Goldby King / Associação Beneficente Douradense
Fonte: Midiamax
Por: Pio Redondo