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    19/03/2013

    Bate-boca e falta de produção marcam sessão de mais de seis horas na Câmara



    A reclamação da vereadora Rose Modesto (PSDB) resume a insatisfação de quem acompanha as sessões na Câmara Municipal de Campo Grande. “Lamento que estejamos aqui até as 14h30 e 29 vereadores não estejam discutindo nada de produtivo para a sociedade”.

    Os defensores do aumento do número de vereadores, de 21 para 29, diziam que a cidade estaria melhor representada. Porém, quem acompanha as sessões na Casa na nova legislatura observa a bagunça e em alguns momentos, “baixaria”, nas sessões onde as ofensas viram destaques frente à falta de projetos relevantes.

    Antes da reclamação de Rose, o vereador Waldecy Chocolate (PP) já havia se queixado da falta de produtividade. “Em respeito ao público que assiste a sessão nós deveríamos discutir coisas mais concretas, ter mais transparência. Lutar, por exemplo por uma saúde melhor”. Antes de completar o raciocínio o vereador se incomodou com a conversa dos colegas e pediu silêncio, dizendo que o bochicho estava demais. “Eu gostaria que acabassem as picuinhas e o ciuminho que está demais”, concluiu.

    Nesta terça-feira (19), os vereadores da Câmara de Campo Grande ignoraram assuntos de extrema relevância, como a Operação Sangue Frio – que investiga desvio de recursos públicos federais em dois hospitais de Mato Grosso do Sul – para novamente discutir a relação com o prefeito Alcides Bernal (PP).

    Desta vez, o vereador Chiquinho Telles (PSD) conseguiu aprovar, por 16 votos favoráveis e oito contrários, uma moção de repúdio ao prefeito Alcides Bernal. A justificativa foi de que a moção era em respeito aos leitores dele e do vereador Coringa (PSD), que sentiram-se ofendidos pelo comportamento “deseducado” que o prefeito está tendo com os vereadores, colocando a opinião pública contra a Câmara.

    O vereador alegou que o prefeito utilizou-se de um programa de rádio das Moreninhas, região onde ele foi criado e que representa, para chamá-lo de cupincha e dizer que ele chegou ao posto por sorte. “Posso não ter o estudo, o dinheiro e o apartamento que vossa excelência tem, mas jamais agrediria alguém com palavras rasteiras e levianas”, declarou.

    O vereador recebeu pedidos para que retirasse a moção, mas não aceitou. O líder do prefeito, Alex do PT, chegou a prometer um encontro entre vereador e prefeito para promover a paz, já que entende que a questão é pessoal. Porém, não foi ouvido. Na hora do voto, Alex considerou a moção extremamente desnecessária e lembrou que isso jamais aconteceu. Apesar disso, declarou que entende o posicionamento do vereador, já que a decisão é alheia a ele. “As vezes nos tornamos refém de circunstâncias do processo político”.

    A vereadora Rose também votou contra a moção por entender que os vereadores estão criticando o prefeito e utilizando-se dos mesmos meios. “Estamos há praticamente três horas e talvez na mesma ação que o prefeito está tendo. Temos que ver se a Casa não está partindo pela mesma linha”, criticou, ressaltando que o prefeito também foi infeliz ao ofender o vereador. O vereador João Rocha (PSDB) também defendeu a retirada, ponderando que não é a melhor iniciativa. O vereador lembrou que remédio em dose exagerada também pode se transformar em veneno.

    O vereador Edson Shimabukuro (PTB) recorreu ao Papa Francisco para pedir humildade e mudança no coração de Chiquinho, que ele analisou estar ferido. O vereador disse aos colegas que o perdão é algo nobre e sugeriu a retirada. Porém, acabou votando a favor da moção em respeito a Chiquinho. O vereador Carlão também pediu para o vereador retirar a moção, mas votou a favor em respeito ao “amigo”.

    O vereador Paulo Pedra (PDT) votou a favor da moção. Ele disse que as pessoas só colhem o que plantam e sugeriu que a moção fosse como um chute na canela do prefeito. O vereador chegou a pedir para o prefeito calçar as sandálias da humildade antes que perca apoio popular e tenha que dar lugar ao vice, Gilmar Olarte.

    A moção teve voto favorável dos vereadores: Alceu Bueno, Elizeu Dionízio, Airton Saraiva, Carlão, Herculano Borges, Edson Shimabukuro, Grazielle Machado, Otávio Trad, Delei Pinheiro, Paulo Pedra, Coringa, Carla Stephanini, Eduardo Romero, Chiquinho Telles, Wanderlei Cabeludo e Flávio César.

    A moção teve votos contrários dos vereadores: Alex do PT, Ayrton do PT, Cazuza (PP), Chocolate (PP), João Rocha (PSDB), Rose Modesto (PSDB), Luiza Ribeiro (PPS) e Gilmar da Cruz. Os vereadores Zeca do PT, Dr. Jamal, Paulo Siufi e Edil Albuquerque estavam ausentes e não votaram.


    Fonte: Midiamax
    Por: Wendell Reis
    Foto: Wendel Reis