O tenista brasileiro Thomaz Bellucci (Foto: Elise Amendola/AP) |
Nem só de medalhas são feitas as Olimpíadas. Há também grandes disputas, com belas apresentações individuais, e o público presente à quadra central de Wimbledon viu uma delas neste domingo. O tenista brasileiro Thomas Bellucci, de 24 anos, despediu-se dos Jogos de 2012 com uma partida emocionante contra o número 6 do mundo, o francês Jo-Wilfried Tsonga. Bellucci, número 40 do ranking, fez um ótimo primeiro set, vencido por ele no tie break (7 x 5). Evito ainda três match points, mas não resistiu à força do adversário.
"O jogo foi muito nivelado, foi decidido nos detahes", disse Bellucci em entrevista coletiva. "Ele saca muito bem. É difícil quebrar o saque de alguém que saca a 215 quilômetro por hora, em cima na linha, numa quadra tão rápida." A grama verde da quadra central de Wimbledon, diz Bellucci, estava mais escorregadia do que na época do Grande Slam britânico, em junho. Bellucci afirma que teve de jogar aguentando o resultado de um escorregão no jogo do dia anterior, a derrota nas duplas com André Sá para os americanos Bob e Mike Bryan. O brasileiro torceu o joelho e enfrentou Tsonga sentindo dores.
Bellucci já entrou em quadra em desvantagem: Tsonga tinha uma torcida muito maior. Londres tem mais de 300 mil franceses, um número maior do que os que vivem na cidade de Bordeaux, e eles marcaram presença na quadra central (coberta por causa da chuva). O primeiro set foi muito disputado, com uma leve vantagem de Tsonga até o tiebreak. Não houve chances de quebra de saque, mas o francês sacou melhor. Apesar de ter mais dificuldades para fechar os games com seu serviço, Bellucci manteve a calma e o nível de jogo. Reagia bem aos ataques de Tsonga e jogava com inteligência, variando golpes. No tie break, Bellucci sofreu um minibreak no início, mas logo se recuperou. No primeiro set point, aos 6 x 5, o brasileiro fechou o primeiro set. Surpresa? Não para Tsonga. "Não foi surpresa, ele é um bom jogador. Eu é que não joguei tão bem no começo", disse após a partida.
No segundo e no terceiro sets, ambos vencidos por Tsonga por 6-4, o francês apoiou-se em seu forte saque para não ser ameaçado. Aproveitou falhas de Bellucci para quebrar o serviço do brasileiro duas vezes, uma em cada set, e foi ameaçado de quebra apenas uma vez. Quando Bellucci vencia o terceiro set por 1-0, teve dois break points (15-40), mas não conseguiu se impor para obter a vantagem. "Infelizmente, ele jogou melhor do que eu nos momentos decisivos", disse o brasileiro.
Bellucci ficou claramente decepcionado com o resultado. Ele sabia que seria difícil, que Tsonga era favorito, mas chegou perto, o que faz de uma ótima apresentação uma fonte de frustração. "Se eu ganhasse no terceiro set, não teria sido nenhuma surpresa." Bellucci lutou, mesmo quando o jogo já parecia perdido. Ao sacar perdendo por 3-5, o brasileiro concedeu um triplo match point ao francês. Correu atrás e acabou transformando o 0-40 em 40-40 e fechando o game. Tsonga, porém, não deu chances no game final. Voltou a sacar bem e fechou o jogo.
Bellucci teve azar nas chaves da Olimpíada. Tanto nas duplas como na simples, pegou adversários do topo do ranking mundial já na primeira rodada. Duas derrotas depois, ele deixa a Olimpíada londrina dizendo que valeu a pena ter tentado obter uma medalha para o Brasil. A experiência, diz Bellucci, foi até mais significativa do que a disputa de um Grand Slam. "A Olimpíada é ainda mais especial, ocorre apenas a cada quatro anos."
Fonte: Época
Por: ROGÉRIO SIMÕES, DE LONDRES