CAMPO GRANDE (MS),

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    29/10/2021

    Dança do Ventre – a cura do corpo e da alma, um aliado das mulheres no tratamento de câncer de mama

    ©DIVULGAÇÃO
    Autora: Alessanda Paim

    Hoje vamos falar de uma modalidade de dança muito interessante, além de ser muito sensual ela trabalha toda a feminilidade da mulher, ela possui propriedades de cura física e emocional. A dança do ventre tem origem no Antigo Egito, as mulheres dançavam para homenagear as deusas durante cultos e rituais religiosos. Essa dança é associada em todo o mundo com a cultura árabe, que se encontra nas regiões do Oriente Médio e Norte da África. Segundo pesquisadores históricos a dança do ventre chegou no Brasil em 1880 quando vieram para o Brasil uma grande massa de imigrantes árabes; sírios e libaneses. Os principais movimentos da dança do ventre são caracterizados pela presença de rotações, vibrações, ondulações e impactos que envolvem todo o corpo. Um dos movimentos mais conhecidos dessa dança é a vibração dos quadris conhecida como “shimmy”. Esse movimento ocorre porque um dos princípios da dança é controlar o abdômen e de certa maneira isolar as demais partes do corpo. Os movimentos da dança do ventre abrangem diversas partes do corpo, tais como cabeça, pescoço, ombros, braços, torso e quadris. Nas práticas tradicionais é possível observar movimentos lateralizados e retos de pescoço, torso e quadris. Nas mãos e braços, há presença de ondulações. Nos ombros, seios e quadris, os movimentos são rápidos e com suaves tremidas. Como mencionado acima a dança do ventre traz muitos benefícios físicos e emocionais muito além da sensualidade à mostra. Dentre os muitos benefícios físicos e emocionais da dança do ventre destacam-se:

    • Evita cólicas menstruais e constipação intestinal;
    • Previne dores e problemas renais;
    • Combate os sintomas da TPM;
    • Proporciona um melhor preparo para o parto;
    • Recupera o tônus muscular após o parto;
    • Melhora a postura corporal;
    • Favorece a respiração;
    • A dança do ventre estimula o emagrecimento;
    • Fortalece a região do abdômen;
    • Proporciona um alongamento natural para os músculos.

    Para os benefícios emocionais:

    • Estimula o convívio social com familiares e amigos;
    • Eleva a autoestima e autoconfiança;
    • Favorece o relaxamento da mente;
    • Desperta e harmoniza a sensualidade natural da mulher (sem que isso seja considerado vulgar).

    Há diversos estilos de dança do ventre: a dança dos sete véus; dança com véu leque, dança dos 05 elementos, dança com espada, dança com asas de Isis e a dança com Snuj. E cada estilo denota seus significados. A dança do ventre está focada numa das atividades aeróbicas que vem trazendo benefícios, conforto, alívio e leveza para as mulheres com câncer de mama. Algumas mulheres afirmam que a dança está ajudando a enfrentar o problema com mais leveza acentuando a sua autoestima e o sagrado feminino, que muitas vezes são abalados com o diagnóstico. Vale lembrar que antes de qualquer prática constante de dança do ventre, recomenda-se realizar uma avaliação médica. A Pagina Expressando com Alessandra Paim teve um super bate-papo com 03 mulheres que incluíram a dança na sua vida e vão falar com mais propriedade da origem, seus significados e benefícios dessa dança envolvente que é a dança do ventre. A especialista em terapia ocupacional e professora de dança do ventre Lisa Lima, conheceu a dança por indicação de uma amiga e na época estava com depressão e essa dança foi um Star Up na vida pessoal e profissional. Ela vai contar como tudo começou, quando resolveu se tornar professora de dança do ventre, vai falar das apresentações dentro e fora do Estado, dos projetos sociais, momentos importantes que passou com seus 18 anos de carreira na dança do ventre e muitas outras curiosidades dessa dança mágica. A especialista em Arteterapia Nilsa Leite vai falar também dos benefícios que obteve com a dança do ventre e de como a vida dela se transformou depois da dança. Já a servidora pública Liliane Valverde vai contar a sua história e o desafio de estar enfrentando o câncer de mama com muita força e garra e da apresentação da dança do ventre que realizou este mês no hospital do câncer na cidade. O meu muito obrigada a todas vocês pela entrevista maravilhosa onde pude conhecer a história e superação de cada uma. Gratidão!

    Segue a entrevista completa!

    Para a professora formada em Artes com especialização em Arteterapia, Nilsa Leite conta que a dança do ventre trouxe alegria, autoestima, cura, amizades, bem-estar e saúde mental. Ela conheceu a dança por meio da professora de dança do ventre Lisa Lima numa apresentação que fez e se apaixonou A professora de artes explica que quando conheceu essa dança estava no momento muito difícil da vida, com depressão, síndrome do pânico e fibromialgia. Ela começou a com a dança com a Lisa Lima e as aulas eram feitas na varanda da casa, na época não tinha estúdio. E foi a partir desse momento que ela se sentiu bem, viva, num ambiente gostoso de amizade e harmonia. Nilsa é adepta a dança há 10 anos. “Dançar pra mim é como se fosse fazer poesia com o próprio corpo e sorrir com a alma. Isso é a dança do ventre pra mim”, Nilsa Leite.

    A servidora pública e adepta a dança do ventre Liliane Valverde Zvicker está lutando contra um câncer de mama, diagnosticada em abril desse ano, afirma que a dança do ventre é libertadora, é o único momento que consegue se desligar dos problemas e se entregar totalmente a magia da dança e dos movimentos. Ela dançou no dia 13 de outubro no Hospital do Amor em Campo Grande, mostrando para todas as mulheres que também estão passando essa fase como ela; a não desanimar e seguir forte em todos os momentos mais difíceis, se enxergar com uma guerreira e seguir em frente. A dança do ventre ajuda a amenizar esses momentos com mais leveza, dando lhe mais confiança, despertando a autoestima e autoconhecimento. Com 15 anos de dança do ventre Liliane precisou dar uma pausa para fazer as 04 quimioterapia e agora aguardar a cirurgia da mastectomia e assim que tudo normalizar em sua vida, ela enfatiza que voltará para a dança. Ela conta que no dia da apresentação foi pega de surpresa, pois sentiu dores no corpo e mesmo diante da situação, se apresentou no Hospital com certas restrições no ritmo musical, por estar com algumas limitações devido os tratamentos, precisou escolher uma música mais calma para não expor as suas limitações. “A dança é uma coisa que eu gosto muito de fazer e pra essas horas difíceis em nossas vidas a gente tem que encontrar alguma coisa que realmente sinta prazer. Eu estou atravessando o meu deserto. Hoje, quando eu vejo uma mulher sem os cabelos eu penso: “Parabéns, ela é guerreira, porque é muito difícil”. E vamos levando a vida, um dia de cada vez como a gente pode, explica. A servidora pública conta que as mulheres que estão ao seu redor no trabalho, na vida social se mobilizaram e começaram a se preocupar mais com a saúde, realizando os exames que devem ser feitos. “A dança é uma forma de abstrair de toda a situação. Dança do ventre não tem idade, eu digo que eu faço a dança para mim, para eu sentir bem e feliz. Levanta a autoestima, faz bem para o corpo, ativa a circulação”, finaliza.

    Expressando com Alessandra Paim - O que é a dança do ventre pra você?

    Lisa Lima_ dança do ventre pra mim é uma dança sagrada que fala muito do arquétipo do feminino. Na minha opinião toda mulher deveria fazer dança do ventre para ter autoconhecimento, autoestima. Essa dança é uma arte milenar e antigamente as mulheres dançavam em templos para as sacerdotisas em forma de oração. Era um ritual, dançar é uma prece. Deve ser muito respeitada, não é só uma dança sensual é uma dança que tem todo contexto, uma explicação sobre o arquétipo feminino.

    Expressando com Alessandra Paim - Como foi que essa dança entrou pra sua vida?

    Lisa Lima_ Eu falo que nada é por acaso e quando eu precisava fazer uma atividade física na época e uma amiga me chamou pra fazer dança do ventre e eu não queria de jeito nenhum, queria fazer axé e eu estava numa fase de depressão e no final eu acabei entrando na dança do ventre e me apaixonei. E eu vi que eu estava ficando diferente, não de fora pra dentro e sim dentro pra fora e me curei da depressão, foi me transformando, com autoestima e autoconhecimento. Como aconteceu isso comigo e foi um processo natural em me tornar professora eu quis passar isso também para as minhas alunas. Eu sou formada em terapia ocupacional e eu trabalho a dança do ventre junto com a terapia ocupacional.

    Expressando com Alessandra Paim - Há quanto tempo você trabalha com a dança do ventre?

    Lisa Lima_ Há 18 anos

    Expressando com Alessandra Paim - Quais os benefícios que a dança do ventre trouxe pra você?

    Lisa Lima_ os benefícios são muitos. Tanto o físico quanto o emocional. Fisicamente modela o corpo, você emagrece, cria cintura, o seu corpo vai se transformando. No emocional a autoestima, autoconhecimento então, são vários benefícios que a dança traz, esse são um dos benefícios.

    Expressando com Alessandra Paim - Quais os tipos de dança do ventre?

    Lisa Lima_ há várias modalidades de dança do ventre. Existe dança com véu, com espada, com candelabro, taça e vela, existem os elementos água, fogo, ar e terra e existem modalidades que o público leigo nem tem muito conhecimento que é a dança Nubia, dança Khalige que faz parte da dança do ventre. São inúmeras modalidades.

    Expressando com Alessandra Paim - Quais os significados de cada dança?

    Lisa Lima_ cada dança tem um significado. O véu a gente trabalha elemento ar que é livre leve e solta, traz essa sensação de liberdade, o elemento fogo é transformação, mudança, o elemento terra traz força interna e o elemento água traz essa calmaria, essa tranquilidade. Portanto, cada elemento traz pra nós mulheres, uma força interna, trabalha todo esse contexto internamente.

    Expressando com Alessandra Paim - Trabalho no MS. Conte um pouco dos lugares e eventos que já participou.

    Lisa Lima_ aqui no Estado já dancei em vários eventos, no interior, em Cassilândia, nos eventos que o Estúdio fez parte. Mas um dos eventos que marcou bastante (todos marcaram, todos foram muito importantes) foi ser chamada pra dançar com o cantor Dudu Nobre, misturou samba com dança do ventre. Além de ser um desafio, foi muito importante esse reconhecimento.

    Expressando com Alessandra Paim - Projetos futuros e em andamento

    Lisa Lima_ São muitos. Mas devido a pandemia parou tudo, agora que está retornando os eventos e projetos. Mas um projeto que estava em andamento e foi necessário parar e eu quero voltar é um projeto social com alunas cadeirantes e com deficientes visuais. Um projeto social muito bacana dentro do estúdio. Inclusive, elas já tinham várias apresentações já marcadas e tiveram que desmarcar devido a pandemia. Mas este é um projeto que quero dar prosseguimento.

    Expressando com Alessandra Paim - Momento marcante positivo e negativo.

    Lisa Lima_ tudo na vida tem um lado bom e ruim. O lado bom é que eu amo essa dança, é a dança da alma, trabalha as emoções, a parte física, a parte técnica. O lado positivo da dança é ver as pessoas se curando por meio da dança, se valorizando e isso é muito gratificante. O lado negativo, a gente tem que ter sempre um equilíbrio porque como disse, essa dança é sagrada e quando sobe muito pra cabeça não é legal. Tem que tomar muito cuidado porque é uma dança sensual e não sexual e eu luto muito pra mostrar essa diferença, que a dança é importante que ela tem significado que ela não é uma dança sexual, mas sensual de autoconhecimento. Temos que sempre estar reforçando isso para as pessoas.

    Expressando com Alessandra Paim - O que precisa melhorar para que a dança do ventre possa se expandir/destacar no MS e no Brasil?

    Lisa Lima_ em Campo Grande já expandiu bastante a dança do ventre e no Brasil também. Hoje em dia já somos mais respeitadas, mais valorizadas. Mas uma coisa que eu falo nós professoras, alunas e a cultura árabe em si que devemos ter postura pra se expandir cada vez mais e as pessoas confiarem nesta arte que é séria, é uma dança séria, que não é uma dança pra você se aparecer. É uma dança que faz parte desse contexto do corpo, de alma, de emoção, de curar as pessoas, nesse sentido.

    Expressando com Alessandra Paim - Qualquer pessoa do sexo feminino pode praticar a dança do ventre? Há restrições? Quais?

    Lisa Lima_ a dança do ventre é para todas as mulheres. A não ser que a aluna esteja grávida e ela quer fazer a dança, mas eu sempre oriento a procurar um médico primeiro pra depois iniciar. Cada caso é um caso, há alunas grávidas que o médico aconselha fazer a dança do ventre e em outros casos não aconselha. Vai de acordo com cada pessoa e suas necessidades dentro desse contexto.

    Expressando com Alessandra Paim - Qual a faixa etária para poder fazer a dança do ventre?

    Lisa Lima_ pode ser crianças, adolescentes, senhoras. Não tem idade. A única diferença que cada faixa etária é trabalhada a dança de uma forma diferente. Por exemplo, criança tem que ser lúdico porque é criança, pra não sexualizar muito cedo. Já as senhoras temos que respeitar o limite de cada uma, a gente alonga. Nós trabalhamos mesmo em grupo, mas com cada ser individual.

    Expressando com Alessandra Paim - Onde está localizado o Estúdio Lisa Lima?

    Lisa Lima_ Rua Barão do Rio Branco 1994 – Centro, perto da praça do Rádio. Fica entre a José Antônio e a Padre João Crippa – Campo Grande MS.

    Expressando com Alessandra Paim - Lisa fale um pouco da Campanha Outubro Rosa com o Estúdio Lisa Lima.

    Lisa Lima_ estamos na campanha do outubro Rosa, inclusive tem uma aluna no estúdio que está com câncer de mama, ela dançou no hospital do câncer esses dias, ela deu o depoimento dela e dançou lindamente e mostrou para outras pessoas que todo mundo é capaz, dando força, incentivando todos. Todo ano o Estúdio Lisa Lima participa dessa Campanha do outubro Rosa, uma campanha extremamente importante pra mostrar para as mulheres que não é por que ela está com câncer de mama que vai ficar deprimida em casa. Ela é um ser humano e ela pode realizar dentro das limitações dela, atividades físicas, dançar, caminhar, dentro da liberação do médico. Não é porque caiu o cabelo dela que o mundo acabou, aquela mulher continua sendo linda e a alma dela existe, a emoção existe e sentimento também. E quando elas dançam com sentimentos e amor elas passam essa energia pras pessoas. A dança do ventre é energia, então elas vão sentir essas emoções de dentro pra fora.

    Expressando com Alessandra Paim - Apresentações fora do MS. Fale um pouco.

    Lisa Lima_ O Estúdio Lisa Lima fez algumas apresentações fora do MS. Principalmente em SP que é o foco da dança do ventre. Fizemos algumas apresentações em SP que foi muito bacana, no mercado Persa que é um evento extremamente importante. Na casa de Khan El Khalili. Esses eventos são extremamente importantes como aprendizado e conceitual pra gente mostrar os nossos trabalhos.

    Expressando com Alessandra Paim - Quantas alunas o Estúdio Lisa Lima tem hoje?

    Lisa Lima_ hoje o estúdio está com 35 alunas. Teve a covid, deu uma parada no estúdio, agora estamos retornando com poucas alunas, com toda segurança, álcool em gel e máscara.

    Expressando com Alessandra Paim - Qual a receptividade das pessoas com a dança?

    Lisa Lima_ depende de pessoa pra pessoa. Tem pessoas que falam que amam dançar, quer dançar pra ela mesma, tem aquele conhecimento. Tem outras que procuram para dançar pro marido, outras quer dançar porque acha lindo. O que a gente sempre tenta mudar, tem pessoas e pessoas e essas que pensam negativo que pensam que a dança é isso ou aquilo nós temos que ter postura e ética durante a nossa dança, como chegou e saio do evento, como me comporto durante as apresentações que é um trabalho e essa postura que vai fazer diferença pra quem distorce o verdadeiro significado da dança. Há pessoas que têm esse conhecimento que a dança é uma arte e todo seus significados. Mas temos que ter sempre essa cautela a todo tempo pra mostrar a verdadeira essência da dança do ventre.

    MENSAGEM

    “A minha mensagem que a dança do ventre é sagrada e que todas as mulheres, homens, crianças, seres humanos, idosos, independente da faixa etária devem respeitar. É uma arte sagrada e ela tem o poder de cura, cura depressão, ansiedade, se deve muito respeito a essa arte milenar”. Lisa Lima.

    REFERÊNCIAS DE PESQUISAS

    Instagram @lisalimadance
    Lisa Lima | Facebook
    Estúdio Lisa Lima se apresenta no Hospital do Câncer de Barretos durante Outubro Rosa (estudiolisalima.blogspot.com)
    Dança do Ventre - InfoEscola
    Dança do Ventre: Saúde e Qualidade de Vida Para Mulheres com Câncer (blogeducacaofisica.com.br)
    Qual é a origem da dança do ventre? | Super (abril.com.br)
    Central Dança do Ventre - O que é Dança do Ventre (centraldancadoventre.com.br)
    Dança do ventre: história e tradição – Oriente Árabe (orientearabe.com.br)
    Dança do ventre: tudo sobre esta linda dança feminina e sensual - greenMe
    A Origem da Dança do Ventre e evolução (girassolviagens.com)
    Dança do Ventre: história e curiosidades - YouTube
    Dança do Ventre – Origem e benefícios | Passo a passo (dancastipicas.com)
    7 benefícios da dança do ventre para a saúde (conquistesuavida.com.br)
    Dança do ventre: benefícios que vão além do corpo : Greenlife Academias
    Dançar com o ventre e com vigor: entenda os benefícios – Jornalismo Anhembi Morumbi
    G1 - Dança do ventre é aliada no tratamento do câncer de mama - notícias em Bauru e Marília (globo.com)Dança do Ventre e Saúde | Grupo Kalila (wordpress.com).




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