CAMPO GRANDE (MS),

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    22/09/2020

    Estados do Sul entram no Monitor de Secas com Paraná na pior situação de seca em agosto

    Mapa do Monitor registra piores situações de seca no Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Goiás. Somente Bahia e Espírito Santo tiveram redução das áreas com o fenômeno na comparação com julho entre as 19 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor

    O Mapa do Monitor de Secas de agosto já está disponível e registra o aumento das áreas com seca em 12 das 19 unidades da Federação acompanhadas: Alagoas, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. A redução de áreas com o fenômeno aconteceu somente na Bahia e no Espírito Santo, sendo que o Distrito Federal se manteve sem seca. Enquanto Mato Grosso do Sul manteve 100% de seu território com seca, os três estados do Sul – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – ainda não podem ter sua situação comparada com meses anteriores porque estreiam no Mapa do Monitor de agosto, que é o mais recente.

    Em termos de severidade do fenômeno, oito estados tiveram o agravamento da seca entre julho e agosto: Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. Em outras oito unidades da Federação, o grau de severidade da seca se manteve: Alagoas, Ceará, Distrito Federal (sem seca), Espírito Santo, Maranhão, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. Ainda não é possível fazer tal comparação para os três estados do Sul.

    Logo em seu mês de entrada no Monitor, o Paraná registra a pior situação do Mapa do Monitor de agosto com 100% de seu território com o fenômeno e os maiores percentuais de área com seca grave (61,14%) e seca extrema (8,61%). A Região Metropolitana de Curitiba tem enfrentado uma crise hídrica. Outro estado com seca em todo seu território é Santa Catarina, que registrou quase metade de sua área (46,38%) com seca grave. No caso do Rio Grande do Sul, a situação é menos crítica, já que 10,44% de seu território não registrou o fenômeno. Em 27,47% do RS houve seca moderada e em 62,09% aconteceu seca fraca.

    Mato Grosso do Sul foi o outro estado com 100% de seu território com seca, sendo mais da metade (53,15%) com seca grave e 1,28% com seca extrema – situação somente menos crítica do que a do Paraná. Outro estado do Centro-Oeste que registrou agravamento da situação foi Goiás, que teve um aumento de sua área com seca grave de 25,03% para 40,43% entre julho e agosto. Veja a situação de cada estado abaixo.

    Em termos climatológicos, agosto é um mês seco nas unidades da Federação que compõem o Mapa do Monitor, exceto no litoral leste do Nordeste e em grande parte do Sul. Em muitos desses locais, os valores climatológicos de precipitação são inferiores a 20mm: Piauí, Ceará, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, norte de Mato Grosso do Sul, centro-sul do Maranhão e oeste do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia. Por outro lado, agosto é o último mês do período chuvoso no litoral leste do Nordeste, na faixa que se estende desde o Rio Grande do Norte até a Bahia, com valores de precipitação mensal acima de 150mm. No Sul a precipitação esperada varia, em média, de 50 a 150mm.

    As maiores precipitações registradas em agosto, acima de 200mm, ocorreram no Paraná, em parte do noroeste do Rio Grande do Sul, bem como no extremo sul e em parte do leste do Mato Grosso do Sul. Totais mensais acima de 150mm foram observados em Santa Catarina (exceto no extremo sul e serra catarinense) e em boa parte do litoral leste do Nordeste (desde Pernambuco até a Bahia). Em grande parte dos estados em que agosto é um dos meses mais secos do ano, houve ausência de precipitação ou acumulados inferiores a 2mm.

    As chuvas em agosto ficaram em torno da média em uma grande parte dos estados monitorados no Sudeste, Tocantins e Goiás. Precipitações acima da média foram observadas no Paraná, sudoeste e centro-leste de Mato Grosso do Sul e no leste da Bahia. As chuvas abaixo da média foram registradas sobretudo no sul de Santa Catarina, no sudoeste gaúcho e na faixa leste do Rio Grande do Norte até Alagoas.

    O Monitor realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores do fenômeno e nos impactos causados em curto e/ou longo prazo. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes até seis meses. Acima desse período, os impactos são de longo prazo. Essa ferramenta vem sendo utilizada para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessada tanto pelo site monitordesecas.ana.gov.br quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos móveis com os sistemas Android e iOS.

    Com uma presença cada vez mais nacional, o Monitor agora abrange as cinco regiões do Brasil, o que inclui os nove estados do Nordeste, os três do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul. O processo de expansão continuará até chegar a todas as unidades da Federação.

    Situação por estado

    Alagoas

    Em Alagoas, devido às chuvas abaixo da média em agosto, surgiu uma área de seca fraca no sul e leste do estado, onde os impactos são de curto prazo. Houve alteração nos impactos da seca fraca no Sertão, passando de longo prazo para curto e longo prazo. Entre julho e agosto a área com seca fraca saltou de 29,22% para 57,31% do estado, mas ainda é a terceira melhor situação do ano, superada somente por junho e julho.

    Bahia

    Na Bahia, as chuvas acima da média possibilitaram a diminuição da área de seca fraca no sul do estado. Em agosto o estado, junto com o Espírito Santo, foi o único acompanhado pelo Monitor que teve redução da área com seca, que caiu de 77,05% para 68,21% do território baiano – esta é a menor área com seca na Bahia desde agosto de 2015, quando foram registrados 61,7% com essa situação. Por outro lado, a severidade do fenômeno aumentou levemente com a elevação das áreas com seca grave de 17,08% para 17,85% da Bahia. Houve modificação nos impactos da seca no extremo norte e oeste do estado, passando de longo prazo para curto e longo prazo. Na maior parte do estado, a seca permanece com impactos de longo prazo, com exceção do extremo sul, onde os impactos são de curto prazo.

    Ceará

    No Ceará, houve o surgimento de uma área de seca fraca no centro-sul, com impacto de curto prazo. Houve alteração do impacto da seca de longo para curto e longo prazo na área central do estado. Entre julho e agosto, a área com seca fraca quase dobrou no estado, passando de 20,84% para 40,29% do território cearense. Esta é a quinta melhor situação do Ceará desde o início do Monitor de Secas, em julho de 2014, sendo superada somente pelos registros de abril a julho deste ano. Em agosto de 2019, o Ceará tinha 66,81% de sua área com seca, sendo 43,16% com seca moderada.

    Distrito Federal

    No Distrito Federal, a ausência de chuvas nos últimos meses é uma condição típica da região para essa época do ano e está dentro do padrão de estiagem climatológica, que permanece, portanto, sob uma condição de sem seca. Assim, o DF é a única unidade da Federação acompanhada pelo Monitor sem registro do fenômeno em agosto. A situação do Distrito Federal se mantém desde junho deste ano, quando entrou no Mapa do Monitor.

    Espírito Santo

    No Espírito Santo, as chuvas foram ligeiramente acima da normalidade no nordeste do estado. Os indicadores de seca de curto prazo apresentaram melhora da situação, refletindo em diminuição da área de seca fraca, que passou de 58,94% para 46,86% – somente o estado e a Bahia tiveram redução da área com o fenômeno entre julho e agosto entre as unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor. Os impactos permanecem de curto prazo no estado.

    Goiás

    Em Goiás, os indicadores de curto prazo apontam para uma condição de piora na severidade da seca, que foi registrada em seu nível grave, passando de 24,98% para 40,39% do território goiano entre julho e agosto. Também houve aumento das áreas com seca fraca e moderada e da área total com o fenômeno, que subiu de 93,36% para 97,71% nos últimos dois meses. Os impactos agora são de curto e longo prazo.

    Maranhão

    No Maranhão, chuvas ligeiramente abaixo da média em agosto e no último trimestre provocaram a expansão das áreas de seca fraca para o sul e o norte do estado, onde os impactos são de curto prazo. No centro do estado, os impactos são de curto e longo prazo. Entre julho e agosto, a área com seca fraca cresceu significativamente, passando de 53,65% do território maranhense para 87,57% - maior percentual desde janeiro de 2018, quando todo o estado registrou seca.

    Mato Grosso do Sul

    Em Mato Grosso do Sul, as chuvas observadas em agosto apresentaram desvios positivos no centro-sul e leste, enquanto as demais áreas do estado ficaram em torno da média. Os indicadores apontam para uma redução da severidade da seca na parte leste do estado, que passou de grave para moderada. Por outro lado, no oeste e centro-norte ocorreu uma ligeira expansão na área de seca grave. Assim como em julho, 100% do território registrou seca em agosto, sendo que houve um avanço da severidade do fenômeno com a elevação da área com seca grave de 47,44% para 53,15% do território, além da diminuição da parcela com seca moderada de 52,56% para 46,85%. Já a área com seca extrema permanece no patamar de 1,28%. Os impactos agora são apenas de longo prazo no sul e leste do estado. Nas demais áreas continuam de curto e longo prazo.

    Minas Gerais

    Em Minas Gerais, as chuvas observadas em agosto ficaram próximas à média, mas o acumulado no trimestre apresenta precipitações abaixo da média no centro-sul, onde houve avanço das secas fraca e moderada, devido à piora nos indicadores. Por outro lado, no nordeste do estado, as anomalias positivas de precipitação dos últimos meses proporcionaram diminuição da área com seca fraca. Entre julho e agosto, o território mineiro com seca subiu de 53,92% para 68,02%. A severidade do fenômeno também aumentou com a elevação das áreas com seca grave, moderada e fraca. Já a porção com seca extrema permanece com 2,92% e está concentrada no Triângulo Mineiro. As linhas de impactos sobre o estado não sofreram alteração.

    Paraíba

    Na Paraíba, houve ligeira expansão da área de seca fraca no leste e intensificação da seca que passou de fraca para moderada na microrregião do Cariri, com impactos de curto e longo prazo. Também houve surgimento de seca fraca com impactos de curto prazo no oeste, na divisa com o Ceará e Rio Grande do Norte. Entre julho e agosto, o território paraibano registrou um aumento de sua área com seca, passando de 25,82% para 46,03% – dos quais 7,67% são de seca moderada, grau que não era registrado desde maio deste ano no estado.

    Paraná

    O Paraná apresentou chuvas acima da média em agosto com valores mais significativos no oeste. Em parte do norte e sul/sudoeste do estado, a intensidade da seca é moderada. Na porção leste, a seca é considerada extrema. Nas demais áreas do Paraná, a intensidade da seca ficou grave. Todo o território paranaense apresenta seca, sendo que o estado é o que tem a maior gravidade do fenômeno entre as 19 unidades da Federação acompanhadas pelo Monitor. Em 8,61% e 61,14% do Paraná houve respectivamente seca extrema e seca grave, os maiores percentuais do País no mês. Os impactos são de longo prazo na porção centro-oeste, e de curto e longo prazo no restante do estado.

    Pernambuco

    Em Pernambuco, houve expansão da área de seca fraca para o litoral norte e Agreste e surgimento de seca fraca no Sertão, esta última com impactos de curto prazo. Com isso, as áreas com seca fraca no território pernambucano saltaram de 37,68% para 54,29% entre julho e agosto. Houve mudanças nos impactos da seca no Sertão do São Francisco e no centro do estado, que passaram de longo para curto e longo prazo. No leste, os impactos permanecem de curto e longo prazo.

    Piauí

    O Piauí, atravessando seu período normal de poucas chuvas, praticamente não registrou precipitações em agosto, bem como no último trimestre. Como consequência, houve uma expansão da seca fraca para o centro e oeste do estado. Não houve modificação nas áreas de seca moderada e grave no sul do estado. Entre julho e agosto, a área com seca no Piauí saltou de 47,76% para 79,29%. Além disso, a severidade do fenômeno teve elevação com o aumento da porção do território piauiense com seca moderada, que passou de 16,82% para 19,16%. Os impactos são de curto e longo prazo no sul do estado e de curto prazo nas demais áreas.

    Rio de Janeiro

    No Rio de Janeiro, as chuvas observadas em agosto foram em torno do normal, mas o acumulado no trimestre apresenta precipitações abaixo da média. Isso refletiu na piora dos indicadores de curto prazo, que indicaram intensificação da seca no centro do estado, que passou de fraca a moderada. Entre julho e agosto, o estado teve um aumento de 93,79% para 99,35% de sua área com seca, o maior percentual desde que o Rio entrou no Mapa do Monitor em maio deste ano. Também é a primeira vez que o território fluminense registra seca moderada: 28,6%. Os impactos permanecem de curto prazo.

    Rio Grande do Norte

    No Rio Grande do Norte, surgiram áreas de seca fraca em agosto nas divisas com Ceará e Paraíba (oeste e centro-sul), com impactos de curto prazo. A maior parte do estado permanece sem seca relativa, devido aos volumes de precipitação acima da média nos últimos meses. Entre julho e agosto, a área sem seca no Rio Grande do Norte caiu de 96,87% para 85,43%, sendo que o fenômeno somente é registrado em sua intensidade fraca. Em agosto, o estado teve o segundo melhor mês em termos de seca desde o início do Monitor de Secas em julho de 2014. O melhor mês foi julho deste ano.

    Rio Grande do Sul

    No Rio Grande do Sul, em agosto, houve acumulado significativo de chuvas. Por isso, o noroeste gaúcho apresenta uma área sem seca. No sudeste, partes do norte e no nordeste do estado, a seca é considerada moderada. No restante das regiões, houve seca fraca. Em agosto, o Rio Grande do Sul registrou a melhor condição de seca no Sul com 10,44% de seu território sem o fenômeno; 27,47% com seca moderada; e 62,09% com seca fraca. Os impactos no Rio Grande do Sul ficaram de longo prazo no setor norte e de curto e longo nas demais áreas.

    Santa Catarina

    Em Santa Catarina, o volume de chuvas em agosto variou de normal a ligeiramente abaixo da média. No centro-oeste, o cenário é de seca moderada com impactos de longo prazo e no leste houve seca grave com impactos de curto e longo prazo. Assim como Paraná e Mato Grosso do Sul, Santa Catarina registrou 100% de seu território com seca em agosto. 

    Exatamente

    46,38% das áreas tiveram seca grave; 52,06% registraram seca moderada; e 1,56% passaram por seca fraca.

    Sergipe

    Em Sergipe, ocorreu o surgimento de área de seca fraca no leste do estado, com impactos de curto prazo. Nas demais áreas com seca, houve mudança na linha de impacto, passando de longo para curto e longo prazo. Entre julho e agosto, Sergipe teve um aumento da área com seca fraca de 57,65% para 68,33%.

    Tocantins

    Tocantins registrou pouquíssimas chuvas em agosto. Houve um leve avanço das secas fraca e moderada no centro-norte. A piora dos indicadores nessa área levou a um agravamento da seca numa pequena porção onde a seca passou de moderada para grave. Além disso, a seca grave mais ao sul apresentou leve expansão. Por outro lado, no sudeste do estado, onde os indicadores mostraram melhora nas condições de seca, houve diminuição da área de seca moderada. Entre julho e agosto, a área com seca passou de 91,06% para 94,38% no território tocantinense. O Mapa do Monitor também registrou a ampliação da porção com seca grave, que saltou de 3,85% para 10,95% do estado. Os impactos são predominantemente de curto e longo prazo em Tocantins.

    O Monitor de Secas

    O Monitor de Secas é coordenado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com o apoio da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos, que atuam na autoria e validação dos mapas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 18 estados e no Distrito Federal a cada mês vencido.

    O projeto tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração.

    Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por esse tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para incluir outras regiões. O primeiro estado de fora do Nordeste a entrar no Mapa do Monitor foi Minas Gerais em novembro de 2018. No ano seguinte o Espírito Santo aderiu em maio e Tocantins entrou em dezembro. Em 2020, passaram a integrar o Mapa: Rio de Janeiro (maio), Goiás (junho), Distrito Federal (junho), Mato Grosso do Sul (julho), Paraná (agosto), Rio Grande do Sul (agosto) e Santa Catarina (agosto).

    A metodologia do Monitor de Secas foi baseada no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do Mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação da versão final do Mapa do Monitor, que indica uma seca relativa – as categorias de seca em uma determinada área são estabelecidas em relação ao próprio histórico da região – ou a ausência do fenômeno.


    ASCOM/ANA



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