CAMPO GRANDE (MS),

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    09/04/2020

    BRASILÂNDIA| Polícia conclui inquérito mãe e padrasto que matou a própria filha seguem presos: 'Maldade e frieza'

    Menina de 10 anos teria sido morto pela suspeita ao denunciar crime sexual cometido pelo padrasto. Delegado em MS diz que laudos ainda não foram entregues.

    Local onde suspeita enterrou a própria filha em cidade de MS ©Polícia Civil/Divulgação
    A Polícia Civil concluiu o inquérito do caso da suspeita, de 29 anos, que matou a própria filha, de 10 anos, em Brasilândia, na região leste de Mato Grosso do Sul. Ao G1 o delegado Thiago Passos, responsável pelas investigações, disse que tanto a mãe como o padrasto da vítima continuam presos.

    "O inquérito foi concluído e encaminhado ao poder judiciário, já ofereceu denúncia. Ambos continuam presos. Os laudos, que são bem complexos, ainda não foram concluídos, estamos aguardando", afirmou o delegado.

    Quando presa, a mãe da criança alegou que, somente em juízo, vai falar sobre o motivo que a levou a cometer tamanha brutalidade, conforme a polícia. A investigação também aponta que a criança estava denunciando abuso sexual, por parte do padrasto, quando o crime ocorreu.

    "Ela disse que falaria somente em juízo, mas, de maneira informal, nós gravamos um vídeo e ela narrou como levou a filha até o local, além de dar detalhes de como enforcou, asfixiou e a colocou no buraco. Questionada sobre o motivo, ela disse somente que "estava com muita raiva" e explicará, em juízo, a motivação. Em 20 anos de polícia, nunca vi alguém agir com essa maldade e frieza. Aliás, espero nunca ver de novo", afirmou na ocasião o delegado Thiago Passos.

    A mulher foi autuada em flagrante por homicídio qualificado pelo motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, crime praticado para ocultar outro crime; ocultação de cadáver e corrupção de menor. Ela já tinha passagens por tráfico de drogas e furto e foi levada para o presídio de Três Lagoas.

    Já o padrasto, de 47 anos, negou o crime inicialmente, porém, depois confessou que ficou sozinho com a vítima quando a mãe e os irmãos dela viajaram para o interior de São Paulo. No dia 25 do mês anterior, ele foi encaminhado para um presídio de Bataguassu, a 335 km de Campo Grande.

    "A menina foi violentada no dia 12 de outubro e contou para a mãe assim que ela chegou de viagem. Ela não tomou nenhuma providência. A outra vez nós acreditamos que foi recente. O estupro provavelmente ocorreu horas antes ou dias antes da morte dela, segundo testemunhas e lesões observadas na vítima. E a menina também teria novamente se queixado com a mãe", argumentou Passos.

    Entenda o caso

    A mulher de 29 anos está presa desde o dia 21 de março, em Brasilândia. Segundo a Polícia Civil, a mãe contou que matou a menina porque ela acusava o padrasto de abuso sexual. O irmão da vítima, de 13 anos, foi apreendido. Ele confessou que ajudou a mãe a matar a irmã e que ela foi enterrada viva. "Ela pedia por socorro dentro do buraco”, disse o menino à polícia.

    A polícia soube do caso pela própria mãe. Depois de ir três vezes ao local do crime para constatar se a filha estava morta, a mulher procurou a delegacia de Polícia Civil e disse que a menina havia desaparecido após ter sido deixada por ela em uma praça com o irmão. Horas depois, ligou para a Polícia Militar (PM) e contou que havia matado a criança e queria se entregar.

    Os policiais então foram ao encontro da mulher, ela falou sobre o que havia acontecido e levou os militares ao local do crime: um buraco perto do lixão do município. Lá, foi encontrado o cadáver da menina, enterrado de cabeça para baixo.

    A Polícia Civil e o Conselho Tutelar foram informados e em conversa com o irmão da vítima, ele confessou que havia ajudado a mãe. Ele tinha arranhões nas pernas, o que fez com que fosse levantada suspeita sobre o envolvimento dele.

    O adolescente contou aos policiais que a mãe derrubou a filha no chão e passou a enforcá-la com fio elétrico. Na versão do garoto, a irmã pedia por socorro para que não fosse morta. Em seguida, eles encontraram um buraco no chão e colocaram a vítima ainda viva, enterrando em seguida, ficando apenas os pés para fora.

    Conforme a Polícia Civil, o médico legista observou, no exame necroscópico, que a vítima apresentava várias lesões pelo corpo, indicando possível ocorrência de tortura. A causa da morte foi asfixia mecânica por compressão do tórax, compatível com o relato do adolescente.

    O garoto revelou ainda que a mãe ficou enfurecida porque a irmã havia dito que estava sendo abusada sexualmente pelo padrasto e prometeu matá-la caso continuasse falando sobre o assunto. Em seguida, ela chamou ambos para sair de carro e parou em uma estrada fora da cidade, onde iniciou as agressões e matou a filha.

    A Polícia Civil identificou uma testemunha que relatou que a menina havia mencionado, no final do ano passado, ter sido vítima de abuso por parte do padrasto e que não poderia revelar os professores ou para a polícia por medo de apanhar da mãe.

    Por Graziela Rezende, G1 MS



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