CAMPO GRANDE (MS),

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    27/03/2020

    CAPITAL| Buzinaço de lojistas pede reabertura do comércio em meio a pandemia de coronavírus

    Cerca de 100 manifestantes dão voltas na região do Paço Municipal para pedir afrouxamento de medidas sanitárias contra avanço da Covid-19

    ©Leonardo de França
    Carreata de empresários que defendem a retomada da atividade econômica em Campo Grande, restrita por decretos emitidos pela Prefeitura da Capital como forma de combater a pandemia de coronavírus (Covid-19), já circula na tarde desta sexta-feira (27) em ruas da região central.

    A Guarda Civil Municipal de Trânsito isolou o quadrilátero ao redor do Paço Municipal, onde deveria ocorrer a concentração dos grupos. Com isso, os manifestantes repetem buzinaços dando voltas nas quadras envolvendo as Ruas 25 de Dezembro, Barão do Rio Branco e Bahia. Em certo momento, um Renault Clio furou o bloqueio e acessou o trecho em alta velocidade, destruindo um cone.

    A reportagem estimou cerca de 100 veículos participando do ato –alguns deles já tinham dado a volta nesse perímetro pelo menos sete vezes, à espera de uma possibilidade de falar com o prefeito Marquinhos Trad (PSD).


    Depois do buzinaço nas ruas aos arredores da prefeitura, os comerciantes seguiram pela Avenida Afonso Pena até a altura do Parque das Nações Indígenas. A carreata segue na região dos altos da Afonso Pena.

    Entre aqueles com quem o Jornal Midiamax conseguiu falar, a posição era a mesma: é necessário reabrir o comércio tanto para que serviços prestados à sociedade retornem para que empresários tenham condições de pagar salários dos funcionários ou bancar a própria subsistência.

    “A gente tem de pagar salários. Imagine você, se morar de aluguel e disser para o seu senhorio que não terá dinheiro para pagar. O que ele vai dizer? Temos conta para pagar. E o prefeito fechou a quadra e não deixa a gente se manifestar direito”, afirmou um manifestante.

    Também presente ao buzinaço, a fisioterapeuta Dianina Gonzales disse ser necessário a flexibilização das medidas para reabertura do comércio, a fim de que possa voltar a atender seus pacientes. “Trabalho em uma clínica e atendo a pacientes que precisam do meu serviço. E eu também preciso trabalhar”, afirmou ela. “Precisa afrouxar algumas medidas para que possamos trabalhar tranquilos, dentro das normas da OMS [Organização Mundial de Saúde]”.

    O comerciante Oswaldo Neto foi outro a reclamar. “Está tudo fechado e a gente não consegue trabalhar. O que foi feito até agora não é constitucional”, disparou. “Sou empresário, pai de família. Precisamos nos precaver, mas também precisamos pagar as nossas contas. Claro que tem de priorizar a saúde, mas temos família para criar e cuidar”.

    No trecho, havia também pessoas que engrossaram o protesto mesmo não sendo do comércio. Embora diferentes veículos e motociclistas (inclusive afiliados a operadores de delivery) passassem pela esquina buzinando, não houve maiores tumultos nas imediações. A CDL-CG (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Campo Grande) informou não participar diretamente do ato, uma vez que negocia diretamente com Marquinhos o afrouxamento das medidas sanitárias.

    Efeito cascata

    Protestos do gênero vêm sendo convocados em diferentes cidades do país contra as medidas sanitárias decretadas por governadores e prefeitos, intensificadas depois que o presidente Jair Bolsonaro entrou em rede nacional e pediu para que os gestores públicos afrouxassem as regras sanitárias –fato que gerou tensões no meio político.

    Após o pronunciamento, alguns gestores iniciaram a redução das medidas adotadas. Em Campo Grande, por exemplo, foi liberado o funcionamento de restaurantes, lotéricas e igrejas, desde que atendidas exigências que evitem aglomerações. As recomendações envolvem a manutenção de distâncias superiores a 1,5 metro entre as pessoas e higienização constante para evitar o contágio pelo coronavírus, que ataca o sistema respiratório.

    No Estado, até a tarde desta quinta-feira (26), havia 25 casos confirmados de Covid-19, o último deles em um bebê de 3 meses. Ainda não há mortes confirmadas no Estado –no país, são pelo menos 77 e mais de 3 mil casos.

    Fonte: Midiamax
    Por: Humberto Marques e Dayene Paz 



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