CAMPO GRANDE (MS),

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    10/12/2019

    Big Brother dos Estados Unidos termina com acusações de racismo

    Edição de 2019 terminou com participante negra denunciando os colegas por racismo; BBB brasileiro teve caso semelhante 

    ©REPRODUÇÃO
    A última edição estadunidense do reality show Big Brother terminou no final de setembro com um prêmio de US$ 500 mil (cerca de R$ 2 milhões) e várias controvérsias. A série, veiculada nos EUA pelo canal CBS, manteve níveis altíssimos de audiência, mas passou por episódios de racismo por parte dos participantes brancos. 

    No Brasil, o BBB vai para a sua 20ª edição a partir de janeiro do ano que vem. 

    Logo no começo da edição estadunidense, a publicitária Kemi Fakunle, a única mulher negra a participar da série, passou a afirmar que estava se sentindo alvo dos demais participantes por causa de sua cor. Outro participante, Jack Matthews, disse que "gostaria de jogar uma bola de lama no peito dela" -- o mesmo que costumava se referir a uma participante asiática como "pudim de arroz". O comportamento de Matthews fez com que um telespectador lançasse uma petição para que ele fosse removido do programa, mas acabou sendo apenas "alertado" pelos produtores. 

    Em uma conversa com outra participante, Julie Chen, Matthews disse que seus comentários eram "brincadeiras", e não agressões raciais. 

    Kemi também contou, durante uma transmissão em suas redes sociais, que foi motivada por um produtor do Big Brother a usar gírias negras nas gravações feitas na sala do "confessionário", o que também fez com que a CBS fosse a público explicar. Segundo o presidente de entretenimento do canal, Kelly Kahl, ele e outros executivos da rede "ouviram coisas desconfortáveis sobre o programa, e que depois de encerrada a edição iam revê-lo". 

    Problemas raciais no Big Brother não são novidade. A série é constantemente criticada nos EUA pela predominância de participantes brancos no elenco -- desde que ele começou, nos anos 2000. Casos de racismo explícito já ocorreram ema algumas edições, como em 2013, quando o estudante Aaryn Gries disse a Candice Stewart, um participante negro, para ele "tomar cuidado com o que dizia na escuridão, porque ele poderia não conseguir ser visto". Em outro momento, Gries virou o colchão de Stewart imitando gírias negras, gerando uma discussão que só acabou quando Gina Marie Zimmernan, uma amiga de Gries, entrou no quarto e disse: "Você quer que o preto saia?". 

    Nesta última edição, telespectadores também encontraram um tweet do participante Caleb Reynolds chamando o ex-presidente Barack Obama de "macaco muçulmano", e muita gente lembrou ainda do fato de que, dos cincos negros que faziam parte do grupo inicial, quatro foram eliminados nas primeiras semanas. 

    "A raça é uma questão central nas relações sociais", disse Darnell Hunt, professor negro de Ciências Sociais da Universidade da Califórnia, ao jornal Los Angeles Times. "Mesmo quando tentamos negar essa importância em público, isso se expressa de formas inesperadas. Quando pessoas estão em uma casa convivendo 24 horas por dia nessas condições, é difícil esconder uma verdade inconveniente sobre a cultura e a sociedade americanas", completou. 

    O BBB de 2019 também teve questões parecidas: a participante Paula von Sperling foi criticada nas redes sociais e teve que ser ouvida pela Polícia Civil depois que dizer que o cientista social Rodrigo França, negro, lhe dava medo "por causa dos trecos que ele mexia". Ela fazia referência à religião de Rodrigo: o candomblé. 

    No contexto, a participante Hariany, amiga de Paula, ainda alertou sobre a frase. "Não fala isso, as pessoas vão achar que você é preconceituosa”, no que Paula respondeu: “mas eu não sou, não. Nosso Deus é maior”.



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