CAMPO GRANDE (MS),

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    12/11/2019

    Deputado Capitão Contar destaca atuação do produtor de leite de MS e fala dos desafios do setor

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    A escassez da matéria-prima, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) maior que outros estados para as operações interestaduais que dificulta o escoamento da produção, o alto custo de captação do leite, em razão das estradas mal conservadas. Essas são algumas das dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva do leite no Estado que foram discutidas durante a audiência "Desafios da Atividade Leiteira em MS" proposta pelo deputado estadual, Capitão Contar (PSL). O evento, que contou com mais de 200 produtores rurais de quase 20 municípios, foi realizado na tarde desta segunda-feira (11), no plenário Júlio Maia, na ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).

    Os produtores rurais, em amplo debate, falaram de suas dificuldades e pediram o apoio do Capitão Contar. “Nós sul-mato-grossenses sabemos que nosso Estado tem vocação para o agro. Somos referência em produção e produtividade no setor, sendo amplamente reconhecidos na produção de grãos, ocupando lugar de destaque na agricultura e, mundialmente, reconhecido na qualidade da carne bovina. Hoje, estamos no 19º no ranking nacional na produção de leite, mas tenho a convicção que podemos avançar muito mais, ouvindo e dando estímulos a todos os envolvidos nesta cadeia produtiva, do criador de gado leiteiro até o consumidor final. Temos que lembrar que não existe indústria sem produtor e produtor sem indústria.”, explica o Capitão Contar.

    O presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Famasul, Wilson Igi, informou que para alavancar a produção leiteira de Mato Grosso do Sul é preciso uma aliança conjunta entre o Governo de MS, produtores rurais e indústria. "O Estado não é competitivo no setor leiteiro com relação aos estados vizinhos, em razão do alto índice do ICMS aplicado aqui. Todos os governadores entenderam, incluindo o atual, que se o leite ficasse no Mato Grosso do Sul geraria empregos. Fato este que não se realizou”, avisa.

    De acordo com o presidente da Abraleite, Ronan Salgueiro, falar da cadeia produtiva do leite é um assunto muito complexo, pois ela tem responsabilidade econômica e social. “A pecuária de leite continua sendo a menos valorizada no agronegócio”, frisa.

    Salgueiro comenta que para se manter na atividade os produtores precisam além de gestão, fazer malabarismo com os custos, para não correr mais riscos. “A expectativa da classe produtora é sair da audiência com questões concretas para dar andamentos, pois os números do setor leiteiro no Estado são negativos e se não houver propostas contundentes, os riscos poderão aumentar ainda mais”, argumenta.
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    Conforme presidente do Conseleite (Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite em Mato Grosso do Sul), Paulo Fernando Pereira Barbosa, a falta de incentivo é um dos principais problemas enfrentados na cadeira produtiva do leite. “Hoje é uma data histórica para o leite com essa audiência. Não tivemos a mesma disposição do Executivo como tivemos dessa Casa de Leis. Nós somos sobreviventes e vamos continuar lutando pelo leite. Mas sozinho não somos capazes”, afirma Barbosa.

    Para a presidente da Silems (Sindicato das Indústrias de Laticínios de Mato Grosso do Sul), Milene Nantes, uma indústria ociosa tem custo fixo maior devido à escassez de matéria-prima. “A indústria é precisa, mas vai gerar custos e toda a cadeia vai sofrer com isso”, salienta.

    O superintendente da Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Rogério Beretta, disse durante a audiência que os produtores rurais do setor do leite não podem querer competir com outros países tendo leite de baixa qualidade, como foi relatado pelo laticínio Lactalis.

    O coordenador da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite, Altamiro Nogueira Barbosa, acredita que a partir da audiência pública deva sair algum resultado efetivo na questão da política fiscal equivocada feita pela Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda). "Hoje, se tributa o produto produzido internamente e se dá benefício fiscal para os centros de distribuição que trazem esses produtos de fora. Eu acho que esse é um gargalo grande. Não precisa dar incentivo fiscal para a indústria. Você tem que mostrar para ela que é benefício se instalar aqui e incentivar a produção de leite”, ressalta.

    Relato da Produtora

    A produtora rural, Zenaide de Souza Santos, explicou que existem vários desafios na cadeia produtora de leite que fazem com que seja difícil a produção no Estado e uma delas é a falta de respeito por parte da Energisa com os produtores de leite. “Eu já fiquei 24 horas sem energia elétrica com leite estragando e sem nenhum suporte da concessionária. Eles [Energisa] falam para a gente se identificar como produtor rural na hora da reclamação, mas demoraram horas para arrumar. É uma falta de respeito conosco o que a Energisa faz [...]. Há dois anos eu tive o transformador queimado na minha propriedade. Se eu não falasse com o presidente da Energisa, eles não teriam vindo arrumar. É uma falta de respeito total”, recorda.

    Participaram do evento pelo menos 200 produtores rurais ligados à cadeia leiteira das cidades de Caarapó, Jaraguari, Camapuã, Terenos, Inocência, Aquidauana, Dois Irmãos do Buriti, Juti, São Gabriel do Oeste, Guia Lopes da Laguna, Bandeirantes, Glória de Dourados, Nova Andradina, Jardim, Iguatemi, Itaquiraí, Paranaíba, Deodápolis e Campo Grande.


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