CAMPO GRANDE (MS),

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    15/10/2019

    MS pode vir a ser o primeiro estado a ter 100% de esgoto coletado e tratado do Brasil

    diretor-presidente da Sanesul, Walter Benito Carreiro Júnior, em entrevista nos estúdios do programa “Bronca do Eli” ©REPRODUÇÃO
    Daqui a uma década Mato Grosso do Sul deverá ser o primeiro estado brasileiro a ter 100% de esgoto coletado e tratado. A declaração foi dada, na manhã desta terça-feira (15), pelo diretor-presidente da Sanesul, Walter Benito Carreiro Júnior, em entrevista nos estúdios do programa “Bronca do Eli”.

    “Em menos de 10 anos a gente vai poder vir aqui, no Grupo Impacto, e dizer que o Mato Grosso do Sul é a primeira federação do Brasil com 100% de coleta e tratamento de esgotamento sanitário. Hoje, a Sanesul já trata 100% do esgoto que ela coleta e faz a destinação final dentro das normas que a legislação ambiental determina”, afirma o dirigente.

    A perspectiva se baseia nos serviços prestados pela empresa pública de saneamento, Sanesul, que está presente em 68 cidades das 79 existentes no Estado. “Nós temos 10 municípios em Mato Grosso do Sul que tem o sistema municipal, o SAAE [Serviço Autônomo de Água e Esgoto]. Então, os municípios optaram por eles próprios tocarem a questão do saneamento básico e, na Capital, na década houve a concessão para uma empresa privada que explora o serviço”, justifica.

    Corguinho, Rochedo, Bandeirantes, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Costa Rica, Cassilândia, Bela Vista, Glória de Dourados e Paraíso das Águas são os municípios que possuem SAAEs. Já as demais cidades ficam sob a responsabilidade da Sanesul que, segundo o presidente, vem atuando com equidade os municípios com base na realidade de cada uma. “A Sanesul é uma empresa 100% pública, o Estado é o dono da Sanesul. Temos uma política de saneamento estadual, em que estruturamos as nossas unidades [nos municípios] através de subsídios cruzados”.

    Na prática, um município co-financia o outro. “A nossa política tarifária é estadual, não existe diferença de um município para o outro em termos de cobrança de m³ de valores do custo do tratamento e distribuição da água. Temos uma política forte de ver a atividade do saneamento básico não como atividade econômica, mas como uma questão de desenvolvimento”, explicou Walter Carneiro Jr. que, também, enfatizou a forma do tabelamento que é repassado ao consumidor, “A política tarifaria nossa é regulada pela Agepan [Agência de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul]. Aplicamos somente a correção do INPC [ Índice Nacional de Preços ao Consumidor] que esse ano foi de 3,98%, percentual que é apenas a correção da inflação para que possamos manter uma tarifa subsidiada. Tarifa muito diferente do que as empresas privadas praticam”.

    No bolso do consumidor, o dirigente faz questão de afirmar que a concessão pública tem demonstrado resultados satisfatórios. “Uma coisa muito importante é que a nossa tarifa de esgoto é subsidiada, sendo uma das mais baratas do Brasil. Se você observar o quanto que as empresas praticam no nosso Estado ou em São Paulo, Minas Gerais ou Rio de Janeiro, por exemplo, a nossa tarifa de esgoto é de 50%, enquanto existem situações em que as tarifas de esgoto chegam a 70%, 80%, 100% ou até 120% da taxa de água”.

    Desafios

    Um percentual significativo tanto do ponto de vista do consumidor, que tem que pagar a conta no final do mês, quanto da Sanesul, que por ser uma empresa pública de saneamento básico, tem de saber lidar com as intempéries administrativas sob a atual legislação vigente. “Hoje, uma coisa que precisa ficar muito clara, é que o Governo Federal já estabeleceu que a politia de saneamento básico tem de ser custeada através do capital privado, ou seja, não existe nenhum programa federal que vai investir em saneamento básico”, destaca o gestor que pontua, “Os municípios, hoje, na sua grande maioria estão em dificuldade financeira. Então, para você poder contratar empréstimos, como a Sanesul contrata para fazer os investimentos, você tem que ter avaliação de risco boa, ter um bom histórico bancário, o que não é a realidade de muitos municípios. Daí, que o gestor, com uma visão macro, entende que para priorizar saúde, educação e desenvolvimento, ele deve deixar o município dele ‘menor’, passando essa obrigação do saneamento básico para as empresas sejam ela pública ou privada”.

    Serviço esse que se trabalhado da maneira correta, o diretor-presidente da Sanesul garante trazer bons resultados a sociedade. “Para cada um real investido em saneamento básico se deixa de gastar quatro reais na saúde, ou seja, é uma economia que pode ser revertida para outras prioridades do município”.

    E, para que essa prospecção possa ser um futuro real, Walter Carneiro Jr, garante que a Sanesul vem investindo pesado no sistema de água e de esgoto dos 68 municípios em que atua. “De todas as nossas concessões, 64 já foram renovadas por mais 30 anos. Quatro apenas seguem, na fase final de renovação, para fechar esse pacote das 68”.

    Saneamento pelo MS

    Por ser um grande polo turístico e populacional, Corumbá está entre as cidades que tem recebido importantes ações. “Na Cidade Branca, nosso foco é fazer investimentos em saneamento básico: rede, estação elevatória e estação de tratamento de esgoto. Acreditamos que nos próximos quatro anos a cidade branca vai ter 100% de esgotamento sanitário”, conta o dirigente que contabiliza, “Investimos, nos últimos quatro anos mais de R$ 40 milhões. Fizemos grandes entregas no município, no mês de julho, inauguramos dois grandes reservatórios com capacidade de mais de 2 milhões de litros, cada um”.

    Os reservatórios puseram fim a recorrente falta d’água, que por décadas assolava os moradores da parte alta de Corumbá. “Resolvemos o problema de reservação, ou seja, a população que vive na parte do Cristo que, na cidade, fica do outro lado do morro e, que historicamente tinha sérios problemas que não eram de produção de água, mas, sim de reservação”.

    Outro importante centro que têm recebido investimentos da Sanesul é a Grande Dourados, região que compreende 28 municípios, incluindo a segunda cidade mais populosa do Estado. “Nos últimos cinco anos, investimos mais de R$ 240 milhões fazendo a ampliação do sistema de esgotamento sanitário de Dourados. Agora, até o mês de dezembro, estaremos inaugurando a Estação de Tratamento de Esgoto [ETE] Ipê, uma estação que vai tratar 200 litros por segundo e vai dobrar a capacidade de tratamento do município. Com isso, vamos conseguir desafogar as duas outras estações, a Guaxinim e a Cachoeirinha que hoje trabalham no seu limite”, revela.

    Universalizar o acesso à rede de esgoto em Dourados é mais uma importante meta da Sanesul. “Serão cerca de R$ 140 milhões que deverão ser investidos nos próximos 30 anos para universalizar o esgotamento sanitário. Hoje, Dourados tem em torno de 55% de área de cobertura de esgotamento sanitário, com os investimentos de ampliação da ETE Ipê serão mais de 180 quilômetros de rede de esgoto e 12 estações elevatórias, ou seja, estaremos dotando a cidade de condições para que ela possa crescer [ urbano e economia] nos próximos 10, 15 anos com muita tranquilidade”.

    Em setembro, a Sanesul também renovou a concessão do saneamento na cidade por mais três décadas. O objetivo de planejar bem o sistema de modo a atender tanto os lares como os estabelecimentos comerciais que, em breve, estarão na cidade. “Dourados cresce muito além dos índices oficiais. Hoje são mais de 40 loteamentos entre sociais, medianos ou de alto luxo em implantação. E, em novembro, aguardamos a presença do presidente Bolsonaro, no município, para inauguração da indústria da Coamo”.

    Modernização 

    A demanda da Sanesul é tanta que a empresa vem apostando nas plataformas digitais, aplicativos, para conseguir atender as pessoas à altura. “Você que tem um smartphone, no sistema operacional IOS ou Android, pode baixar o aplicativo da Sanesul e por essa ferramenta solicitar todos os serviços da empresa. Além de comunicar problemas como o extrazamento da rede de esgoto. E, temos também o SAC 0800 67 6010, que funciona 24 horas, além do e-mail 0800@sanesul.ms.gov.br”.

    Por: Aline Lira



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