CAMPO GRANDE (MS),

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    13/06/2019

    O que é o cartão caminhoneiro Petrobras, lançado pelo governo Bolsonaro

    Medida foi anunciada para controlar descontentamento de caminhoneiros com o preço do diesel 

    ©REPRODUÇÃO
    No final de maio, o governo anunciou mais uma medida para evitar a paralisação de caminhoneiros. A categoria havia entrado em greve há um ano e gerou caos econômico e político no país a época. Recentemente, também reivindicaram mudanças na política de preços do diesel. Agora, um novo cartão de combustível poderá ser utilizado por caminhoneiros autônomos. 

    A novidade foi anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. O cartão é pré-pago e foi lançado para testes como forma de reduzir os impactos da alta do combustível. Para ter acesso, o caminhoneiro precisa fazer um cadastro no site da Petrobras e retirar o cartão em um posto da rede credenciada. 

    Além dos autônomos, transportadores e embarcadores também poderão acessar o benefício. Com ele, o caminhoneiro pode transferir dinheiro para o cartão e fazer a conversão dos valores para litros de óleo diesel, utilizando-o em até 30 dias na rede de postos Petrobras. O cartão também funciona de forma digital, com transações pelo site e pelo aplicativo, sem a exigência do cartão físico. Mediante a uma taxa de juros os valores em litros de diesel também podem ser convertidos novamente para reais. 

    “Entendemos que existe uma oportunidade de mercado e conseguimos desenvolver uma solução segura e viável economicamente. É um produto que gera valor para a BR, nossos revendedores e caminhoneiros”, disse o diretor executivo de Rede de Postos e Varejo da Petrobras Distribuidora, Marcelo Bragança. Apesar de todo esse esforço para com a categoria, nenhum acordo formal foi fechado entre o governo e os caminhoneiros. 

    Atualmente, a política de preços da Petrobras leva em conta a variação internacional do preço do barril de petróleo, o que também interfere no ajuste de valores do combustível. Com a nova medida anunciada pelo governo, os autônomos poderão ficar um mês sem a alta do diesel. O controle de preços realizado de forma intervencionista não é uma prática que agrada o mercado e até mesmo a Petrobras. 

    Durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia da câmara dos deputados, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, disse que a melhor forma de derrubar os preços no país é com a concorrência. Segundo o executivo, a estratégia de não repassar os preços internacionais para o diesel e a gasolina causou prejuízo de R$ 180 bilhões para a Petrobras entre 2008 e 2018. 

    As perdas ao longo desses anos foram mais consideráveis no diesel, com um prejuízo de R$120 bilhões. A estratégia de não repassar a variação internacional para a política de preços da gasolina, por sua vez, foi responsável por R$60 bilhões a menos nos cofres públicos. Nada justifica o reajuste do diesel, de acordo com o presidente da Petrobras. “Pelo menos cem países têm preços mais elevados. Aqui o problema são os impostos”, disse. 

    Mesmo assim, o executivo preferiu segurar o reajuste por um período mais longo para os caminhoneiros (30 dias, com o cartão de combustível). Para ele, o principal problema do setor é o descompasso entre a oferta e demanda, devido ao aumento acelerado da frota. Segundo Castello Branco, nos últimos doze meses, os licenciamentos de veículos pesados e semipesados cresceram 86,7% contra 6,6% de leves e semileves, esses últimos preferidos pelos caminhoneiros autônomos. 



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