CAMPO GRANDE (MS),

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    27/03/2019

    Entenda as mudanças climáticas e seus efeitos na agricultura

    Impactos ambientais podem gerar prejuízos ao produtor rural e aumento de preços para o consumidor final 

    ©REPRODUÇÃO
    A agricultura é um ramo produtivo que depende fundamentalmente das condições climáticas de uma determinada região. As mudanças no padrão climático ao longo do tempo podem provocar diversos impactos na produção de commodities, visto que a colheita e o cultivo estão intimamente relacionados com a existência ou não de alguns fatores como chuva, seca ou incidência de raios solares. 

    O produtor rural é o mais impactado por essas transformações. É ele quem arca com os prejuízos de uma eventual mudança climática não planejada com o decorrer dos anos. O efeito estufa e o aquecimento global, por exemplo, são algumas das influências negativas para a produção agrícola. O assunto é de extrema relevância para a sociedade, já que o setor viabiliza a subsistência de todos os cidadãos e, também, daquelas famílias cujo único meio para se alimentar é produzindo a própria comida. 

    Aqui, é importante fazer uma diferenciação. Enquanto o clima se refere às características permanentes de uma região ou de um período considerável de anos, o tempo é o estado atual da atmosfera. Ou seja, quando fala-se em mudanças climáticas, o foco é nas transformações ocorridas durante anos e que podem modificar todo o padrão natural de uma determinada região. Nesse contexto, a vegetação que antes não era adaptada a tal ecossistema passa a reagir de forma negativa. Longos períodos de estiagem, excessos de chuva e temperaturas extremas são algumas das alterações ocorridas com os efeitos colaterais da mudança climática. 

    As mudanças podem provocar prejuízo na produção de um determinado produto agrícola, sem contar na proliferação de novas pragas e doenças nocivas à lavoura. Com tamanha importância, as mudanças no clima passaram a ser observadas por empresas com capital tecnológico suficiente para analisar as condições climáticas e avisar sobre possíveis alterações. Muitos desses profissionais vieram da engenharia ambiental e realizam análises cuidadosas sobre o que pode ou não afetar algum produtor rural. 

    Quais são os causadores das mudanças climáticas? 

    As mudanças climáticas são causadas ou por aspectos naturais ou devido a intervenção humana no meio ambiente. Os impactos passaram a ser mais evidentes a partir do século XVIII, com a Revolução Industrial. Foi naquele período no qual as fábricas começaram a despejar uma grande quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Com o decorrer dos séculos, o número de poluentes só aumentou, sobretudo por causa da nova dinâmica social e de trabalho. A queima de combustíveis fósseis ocorre em indústrias, na logística de transportes (com os caminhões, por exemplo) e até mesmo na atividade agropecuária. 

    Já em 2017, um relatório da Embrapa anunciava o que estava por vir com as mudanças climáticas: redução média de 30% na produção de trigo; redução média de 16% na produção de milho; redução das áreas de cultivo de café, chegando a 95% de perdas em Estados como Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Com o decorrer da última década, as consequências foram ainda mais graves e causaram, além de um intenso impacto ambiental, também prejuízo para o setor agropecuário. 

    Em 2017, a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal estimava uma perda de R$ 600 milhões na safra daquele ano por causa das crises hídricas. O cenário afetou não só o produtor como também o consumidor final, já que os alimentos passaram a ter correção de preços e a custar mais caro. É um ciclo vicioso e que impacta o setor produtivo e chega no final do processo com um produto mais caro para o consumidor. 

    Como forma de contornar a situação, o governo do DF liberou empréstimos sem juros para os produtores adquirirem tecnologia capaz de produzir mais com menos água. Foi uma iniciativa a curto prazo para remediar os impactos ambientais. A médio e longo prazo o objetivo era investimentos no manejo de água e do solo, com recuperação e preservação de nascentes, construção de barragens para alimentar o lençol freático e reforma de estradas para acumular água. 

    No ano, um levantamento da ANA (Agência Nacional de Águas) mostrou que ao longo de 13 anos, o número de episódios de seca aumentou em 409%. O número de municípios que determinaram estado de emergência ou calamidade também subiu 199%. Todo esse cenário de mudanças drásticas no clima acerta em cheio os campos de produção de produtos agrícolas. A cadeia de abastecimento local, regional e o envio de commodities para o exterior também é afetado. 

    Soluções 

    Para melhorar a eficiência agrícola ou até mesmo trabalhar na redução de danos provocados pela intervenção humana ou pelos efeitos naturais, existem algumas medidas. A agricultura de precisão é uma delas. A área utiliza alta tecnologia para otimizar os recursos, insumos agrícolas e o uso do solo. Os GPS, software e sensores trabalham com o objetivo de fornecer análises e propor as melhores soluções para atuar de forma inteligente com a produção e o cultivo nas lavouras. Com essas informações, o produtor consegue se planejar e lidar com as eventuais adversidades. 

    O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) também lançou, em 2010 - ou seja, quase uma década atrás -, o Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura, conhecido como Plano ABC. Ele contava com diversas iniciativas para ajudar o produtor rural a se preparar, como a integração das atividades pecuárias, agrícolas e florestais em uma mesma área, a fim de obter uma produção mais sustentável. 




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