Por: Arthur Jorge do Amaral* |
No correr do mês de setembro, agora ao findar o inverno, as flores dos ipês sobressaem na planície do cerrado, moldura os confins do grande pantanal, eis que surgirá outra beleza, a primavera. Com ela vem, ao nosso encontro, uma data grandiosa para nossa história, dia 21 de setembro de 1778: A Fundação de Corumbá ...
Essa cidade que nos agasalha, como sentinela avançada da Pátria, surge após o imenso pantanal sul mato-grossense, ao transpor o Rio Paraguai ... Essa grandiosa cidade com muita história, acalenta um sentimento de posse efetiva, eis que sofreu as investidas do inimigo, quando da Guerra da Tríplice Aliança.
Sua população, hoje a quarta das cidades do Estado, já teve seus momentos memoráveis de organização e fortalecimento de nossa economia, responsável pela maior renda, neste MS de antigamente. Saber então que as provações porque passou, desde o distanciamento dos grandes centros, mudança de rota de seus meios de comunicação, antes pela Bacia do Prata, depois pela Noroeste do Brasil. Tudo criando um declínio em sua economia, traduzindo em sofrimento de seu povo, mas transformado em motivo e símbolo de heroica resistência ...
Como forma e prova dessa insofismável brasilidade, mostrar então a Corumbá, para ser preciso, no dia 13 de junho de 1867; foi nesse dia memorável, quando as tropas brasileiras, sob o comando de Antônio Maria Coelho, vindas de Cuiabá, em torno de 400 combatentes, tomaram de assalto a cidade ocupada; foram os momentos mais importantes da formação do espirito patriótico de um povo, que hoje somos herdeiros.
Dentro desse registro que a história dos legou, ao correr dos tempos, houve, naquele momento decisivo, algo incomum, e é bom lembrar. Os navios e embarcações de tropas foram estacionados ao longo do rio Paraguai, criando uma situação para o desembarque e entrada em ação de seus soldados de infantaria; a cidade naquele momento estava sob controle e de prontidão por mais de 200 homens do exército paraguaio. Foi então formado pelotões de ataque; entre tiros e ribombar de peças de artilharia pesada, onde até canhões existia, um destemido soldado, surgiu com o sentimento de indômita bravura ...
Registrar é preciso, que o Tenente Cunha e Cruz, revestido de aura celeste, surge entre os tiroteios que formavam de ambos os lados, resolve sozinho e ao relento, enfrentar a luta com suas próprias mãos; arriscando sua vida, conta alguns historiadores que, abraçado e coberto pela bandeira brasileira, seguiu para a frente do quartel dos inimigos, tendo um oficial paraguaio desfechado tiros e golpes de espada, e ele caindo morto ... Em sua memória, muito se escreveu, tem hoje uma rua denominada “Ladeira Cunha e Cruz”, no acesso ao Porto Geral.
Estas as anotações, em um pequeno espaço desta redação, para registrar o nosso carinho e emoção, para aplaudir de pé, a grandiosa cidade de Corumbá, que segue seu destino de “Sentinela Avançada” da Pátria Brasileira. Nosso orgulho em vê-la altaneira e influente, completando 240 anos de sua fundação, com seus pavilhões hasteados, garantindo nossa fronteira oeste de Mato Grosso do Sul.
*Escritor da UBE/MS e ex-Deputado Estadual.