CAMPO GRANDE (MS),

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    25/06/2018

    Audiência define comissão para cobrar melhorias para a Medicina da UEMS

    Acadêmica apresentou dificuldades enfrentadas pelos estudantes de Medicina da UEMS
    Professores, estudantes, pais de alunos e a direção da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) se reuniram na Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (25), para debater a situação e possíveis soluções aos problemas enfrentados por quem cursa Medicina na instituição.

    Falta de docentes efetivos e infraestrutura precária foram citados como os principais problemas a serem solucionados por meio de uma comissão multidisciplinar que cobrará providências urgentes do Governo do Estado.

    “Vamos reunir tudo o que foi apresentado em um documento e, juntamente com essa comissão que estamos formando, cobraremos providências urgentes. Ou a Medicina da UEMS toma o trilho da excelência ou temos que dizer para vocês o que está acontecendo. O Estado dá muitas desculpas, mas não resolve a situação”, afirmou o presidente da Comissão de Saúde da Casa de Leis, Dr. Paulo Siufi (MDB), que propôs a audiência atendendo à solicitação de acadêmicos.

    Segundo ele, o grupo de trabalho será formado por estudantes, professores, representantes da UEMS e demais deputados estaduais que quiserem fazer parte da mobilização. O objetivo é buscar, junto ao Governo do Estado, a garantia de investimentos para a universidade e o repasse efetivo.

    O deputado se comprometeu a empenhar recursos, via emenda parlamentar, para auxiliar a Medicina da UEMS. “Este é um momento oportuno, considerando que já está em andamento nesta Casa de Leis a análise da LDO [Lei de Diretrizes Orçamentária]”, lembrou.

    Dr. Paulo Siufi ressaltou que o curso de Medicina amarga o sucateamento, com oferecimento “de um dos piores salários do país para os professores”, redução de recursos orçamentários e infraestrutura insuficiente, o que foi demonstrado pela acadêmica Liviane Michelassi da Silva.

    Ela apresentou a cronologia da crise enfrentada pelos acadêmicos, marcada por paralisações dos estudantes e dos professores, além de incertezas quanto ao reconhecimento do curso pelo Ministério da Educação (MEC).

    “Quando começamos, até as lâminas e outros materiais eram emprestados e havia pouquíssimos professores efetivos. Recorremos até ao governador [Reinaldo Azambuja], que nos prometeu resolver a situação. Obtivemos algumas conquistas, como a abertura de concursos e o convênio com a Unigran para a utilização dos laboratórios deles durante as aulas”, contou.

    Contudo, segundo Liviane, muitos insumos básicos não chegaram e o curso também não dispõe de biblioteca adequada para atender os 192 acadêmicos de Medicina. Pelo menos 145 obras básicas são necessárias, conforme exigência do MEC, que somente autorizou o curso – ainda não o reconheceu.

    Outra preocupação citada pela estudante foi com relação ao período de contratação dos docentes. Anteriormente, as contratações eram prorrogadas imediatamente ao final dos contratos, mas agora deverá haver seis meses de intervalo para nova contratação do mesmo professor. “Na prática, isso pode nos prejudicar muito porque não podemos ficar sem mais professores”, disse.

    Déficit e parcerias

    Para a vice-coordenadora do curso de Medicina da UEMS, Renata Vidal, parcerias com as secretarias municipal e estadual de Saúde têm contribuído para amenizar a situação, mas ainda é preciso garantir os investimentos necessários em infraestrutura.

    Emocionada, a professora Erika Caneta Ferri fez um apelo. “É importante que se faça o debate a respeito da universidade que queremos. Os esforços precisam ser traduzidos em ações concretas. Temos que ser mais eficazes”, afirmou.

    Dos R$ 252 milhões considerados prioritários - pelos professores e direção da UEMS - para garantir a saúde financeira da universidade ao longo deste ano, foram aprovados somente R$ 201 milhões, mediante Orçamento Estadual para 2018. “São pelo menos R$ 50 milhões de déficit que impedem investimentos tão necessários”, disse o professor Ismael de Almeida, representante do sindicato que reúne os docentes.

    Segundo o pró-reitor de Ensino da UEMS, João Mianutti, a instituição “tem buscado incessantemente” soluções para as dificuldades e deverá empossar dez novos professores do curso de Medicina até dia 6 de julho. “Estamos agilizando a contratação e nos negamos à inércia. Não vamos abandonar essa luta, mas o fato é que até a interiorização do ensino superior deve ser rediscutida”, disse.

    Para ele, a burocracia dos pregões, para aquisição de materiais, e a falta de atrativos aos médicos dificultam a situação do curso. “Tivemos dois colegas médicos, efetivos, que declinaram das vagas porque, infelizmente, não há atrativo para o médico ser professor na instituição. Isso também deve ser analisado”, afirmou.

    ASSECOM


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