CAMPO GRANDE (MS),

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    07/03/2018

    CRÔNICA| Portugal e violência no Rio de Janeiro

    A violência está impregnada na cultura e na ignorância de uma sociedade  

    © Reprodução 
    Muitos me perguntam sobre a tão famosa "Cidade Maravilhosa" que foi para onde minha família migrou, vindo da Ilha da Madeira, fizeram uma vida com qualidade, me deram a melhor educação, sabedoria e amor. Adquiri também conhecimento de características culturais distintas devido a multi-nacionalidade que circula na cidade, apesar de ser criado em uma colônia portuguesa e ser condicionado a essa cultura por formação.

    Sou filósofo desde que comecei a questionar minha existência quando muito pequeno, administrador de empresa e jornalista já adulto, quando pensei em tentar melhorar o mundo e percebi que gosto de escutar primeiro para depois falar. Lido com pessoas em toda minha vida, inclusive profissionalmente e em meu histórico, sou responsável pela carreira de muitos e sucesso da maioria.

    Mas o que isso importa? Nada, se sairmos na rua e nos depararmos com a violência e ser vítima dela. Tudo isso será apenas uma história que poderá cair em esquecimento.

    Quando fui convidado a participar do programa da Record 'Fala Que Eu Te Escuto' desta noite(programa de maior audiência no Brasil naquele horário), com o tema: "A violência no Rio de Janeiro está na comunidade ou no Palácio." encontrei a chance, mesmo que em curto tempo, de expressar minha opinião sobre o que está a acontecer, mesmo sabendo que opiniões divergem e criam debates que por vezes dá até preguiça.

    O Rio de Janeiro teve seus altos e baixos, de lá saíram pessoas ilustres, médicos, pesquisadores, cientistas entre outros, mundialmente famosos, assim como saíram diversos artistas, músicos e na década de 60 chegou a ser considerada junto a Paris a melhor cidade do mundo para se viver.

    Hoje a 'Cidade Maravilhosa', que teve sua evolução traçada com a ajuda de imigrantes portugueses, que hoje são grandes empresários do ramo de transportes, combustíveis, comerciantes de padarias, supermercados e restaurantes, a cidade vive seu pior momento na história quando o assunto é a violência.

    Todos tentam encontrar uma desculpa para tal momento, já até apontaram-me o dedo a dizer que a culpa foram dos portugueses que lá colonizaram, ignorância a parte já que as colónias no país são diversificadas e a portuguesa nem é a grande maioria, ficando atrás da italiana, tiveram também as japonesas, alemãs, assim como os chineses, povos da América do Sul e atualmente milhares de refugiados.

    O tema da violência e seus motivos me faria dissertar uma redação de infinitas páginas, mas busquei em um pequeno resumo apontar, na minha humilde opinião, o que resultou a este momento:
    • Grandes fronteiras difíceis de serem controladas, onde tudo e todos entram e saem do país, facilitando assim o tráfico de drogas, armas e contrabando.
    • Voto obrigatório, obrigando pessoas sem conhecimento a votarem, elegendo assim representantes ineficientes e mal intencionados.
    • Falta de investimento na educação pública e profissionais instruídos na educação também, psicológica e cultural.
    • Violência racial, devido a grande miscigenação.
    • Racismo ao longo de décadas, resultando assim, em uma revolta inconsciente na comunidade afro-descendente.
    • O governo ignorou a formação de favelas, se esqueceu também das pessoas que lá vivem, criando assim uma cultura própria. Os governantes dessas favelas são os próprios traficantes, que induziram uma cultura de que ser bandido é fixe, pois conseguem dinheiro, carro e mulheres bonitas na comunidade. Eles não tem uma formação intelectual para saber que de nada adianta ter dinheiro momentâneo se não podem circular fora da comunidade, ostentando assim seus roubos e ganhos ilícitos apenas internamente, sem contar que terão uma vida curta.
    • A Desigualdade social é muito grande, algumas pessoas com muito dinheiro e muitas com pouco dinheiro, para se ter uma idéia, a renda per capita no Rio de Janeiro é comparada com a de países muito evoluídos, mas está concentrada em uma minoria.
    • O individualismo e o preconceito é um ponto muito forte, todos querem ganhar muito dinheiro, pressionado por uma cultura americana em que, quem tem mais é o melhor. Profissionais com cargos pouco remunerados sofrem preconceito, assim como há preconceito também se a pessoa vive em um bairro mais humilde.
    A violência está impregnada na cultura e na ignorância de uma sociedade 

    A solução do Rio de Janeiro está na sociedade, desde a comunidade, pois é dando atenção a essas pessoas, que conseguiremos instruir melhor uma massa populacional responsável por eleger os melhores representantes no poder.

    Vídeo do programa




    Por: Fabiano de Abreu 


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