CAMPO GRANDE (MS),

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    08/09/2017

    AMPLA VISÃO| Uma Semana da Pátria ‘inesquecível’


    ‘RONCAR PAPO’ A velha expressão que significa contar vantagens – sem atentar para as consequências – pode ser usada para definir as declarações do empresário Joesley Batista. Esse caso se parece com 2 episódios gravados que o leitor se recorda; do ex-deputado Ari Rigo soltando a língua para o jornalista Eleandro Passaia e do ex-senador Delcídio do Amaral ( ex-PT) em suas fanfarronices com o Nestor Cerveró. 

    O LEITOR rechaça a desculpa amarela dos personagens gravados. Não há argumento para desqualificar as expressões e o sentido delas naquele contexto. É mais ou menos como aquele cidadão que bebe umas pingas, pega o carro e atropela meia dúzia de pessoas no ponto de ônibus. A besteira consumada; sem retorno e sem conserto.

    PÁTRIA AMADA! Os milhões em dinheiro vivo do ex-ministro Geddel Vieira; o depoimento bombástico do ex-ministro Pallocci, a denúncia do procurador Janot contra os ex-presidentes Lula e Dilma; as gravações de Joesley Batista e a ameaça do ex-ministro Mântega em soltar a língua sobre as negociatas petistas fizeram uma ‘Semana da Pátria’ sem igual. O país aguenta! 

    ENFIM JUNTOS? Ex-governador André Puccinelli (PMDB) e ex-prefeito Alcides Bernal (PP) ensaiam aproximação. ‘Interessante’: o primeiro responde a processo criminal movido pelo segundo, por conta de declarações chamando-o de ladrão. O fato se deu em 28/03/2014 num evento em Dourados. A frase de André referindo-se a Bernal: “Ele caiu porque é um ladrão e montou uma quadrilha para roubar a prefeitura”. Coincidência: eles pertencem respectivamente ao PMDB e PP – partidos envolvidos na corrupção grossa. 

    NO VENTILADOR A postura ativa do ex-governador André Puccinelli (PMDB) no cenário tem um componente despercebido pela opinião pública. Se ele anunciar sua retirada da vida pública, abandonando o barco, deixaria desesperados a legião de companheiros investigados e que respondem a processos graves. Daí eles poderiam ser contaminados pelo ‘vírus da delação’ com estragos imprevisíveis. Merda no ventilador. 

    DELAÇÕES Andam assustando meio mundo – de políticos à empresários. Não só o ex-ministro Antonio Palocci (PT) faz as contas projetando a idade atual de 57 anos com a idade previsível a época de sua soltura. Aí vêm as indagações: Vou sair inteiro da cadeia? Minha família aguentará tamanho estrago? Porque só eu preso enquanto outros estão livres por aí? Vale a pena estar rico – velho e doente – quando voltar à liberdade?

    GERSON CLARO Deveria ter sido exonerado antes de pedir a demissão do cargo de diretor do Detran? Para a maioria sim. Ficou órfão, sem solidariedade mesmo dos políticos que o apadrinharam no cargo. A vida pública é assim; quando se cai, não aparece nem um amigo para o café. O beneficiado com o episódio foi Enelvo Felini, ex-prefeito de Sidrolândia - diretor presidente da Agraer - que tem posta sua candidatura a deputado estadual em 2018. 

    NO RETROVISOR Após somente um dia e meio de sua posse o ex-governador Pedro Pedrossian demitiu seu fiel amigo Osmar Dutra do cargo de diretor do Previsul porque ele havia demitido os grevistas da gestão anterior sem consultá-lo. Pedro alegou que queria ter analisado antes o episódio da greve. Preservou o governo e sua autoridade. 

    SURPRESA? Comparado pelos adversários (PMDB) durante a campanha como um novo Ari Artuzzi, o prefeito Ângelo Guerreiro (PSDB) continua surpreendendo até os mais céticos. Prefeito presente, de portas abertas, dispensa formalidades e verifica os problemas ‘in loco’. Seguramente é hoje o grande eleitor nas eleições de 2018. Sobre as comparações com Artuzzi em tom de deboche, Guerreiro sutilmente ironiza: “meus adversários confundiram simplicidade com despreparo”. 

    BASTIDORES Eleição para a mesa diretora da Câmara Municipal de Campo Grande em 2001 com 21 vereadores. Um dia antes o presidente Youssif Domingos ( PDT) fecha acordo para sua reeleição com 10 vereadores, com direito a um ‘pai nosso’ de agradecimento. Mas nas urnas de voto secreto, o vereador Nelsinho Trad (PTB) ganhou a presidência por 11 votos a 10. Alguém espirituoso ironizou com uma frase lapidar num muro da Via Park: “Dr. Antonio Cru$ - Deus viu tudo”. 

    SACO CHEIO Também em Campo Grande o público que foi assistir ao desfile de 7 de Setembro não poupou aplausos e manifestações de apoio quando da passagem de soldados e veículos do Exército. Até os aviões que riscavam os céus eram saudados. Um recado para os políticos que protagonizam tanta roubalheira. Não é por acaso que o deputado Jair Bolsonaro continua forte nas pesquisas presidenciais. 

    QUEM DIRIA! Destaque para o bloco dos ex-funcionários demitidos do diretório regional do PT e sem receber seus direitos trabalhistas. Duas faixas de protesto – numa delas os dizeres: “Zeca do PT – caloteiro da CLT”. Aliás esse assunto continua sendo tabu na bancada petista na Assembleia Legislativa. Os deputados fingem que ignoram as notícias a respeito. Eles têm medo de morder a língua. 

    ACERTADOS? Pelos indicativos sim. O prefeito Marcos Trad (PSD) é novo, tem um projeto político a longo prazo. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) buscará a reeleição. As pesquisas mostram o prefeito com prestígio crescente na capital, o maior reduto eleitoral do Estado. Como se diz; o que valeu antes não vale mais – as ‘moedas’ antigas estão saindo literalmente de circulação. 

    OGG IBRAHIM O experiente jornalista assumiu o comando e está apresentando o Jornal da TV Record MS - que vai ao ar de segunda a sexta, a partir das 12,30. Por sua vez esse colunista voltou a apresentar seu comentário ‘De Leve’ nas edições de segunda, quarta e sexta feira do mesmo noticiário. 

    DESABAFO Para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) o 7 de setembro serviu para manifestar sua indignação com a delação de Joesley Batista. Insistiu na tese de que foi vítima da irresponsabilidade que vai sendo desmascarada com os novos capítulos do caso. Senti o governador revigorado também com as perspectivas de melhora da economia local. Muito bom. 

    GUERREIRO Quem foi à Assembleia Legislativa no último dia 6 viu o deputado Paulo Siufi (PMDB) em defesa dos profissionais da área de psiquiatria da Santa Casa. Aguerrido, ele sensibilizou os colegas sobre a importância da continuidade da prestação daqueles serviços médicos. Paulo sabe que a luta não está ganha, mas se diz gratificado com o apoio recebido na Casa, dos colegas médicos e da opinião pública. 

    CÂNCER Aliás mais um que veio no bojo da Constituição do dr. Ulysses (1988) e que inchou a relação anterior e enxuta dos beneficiados prevista na Carta Magna de 1889. Presidente da República, ministros, todos parlamentares, prefeitos e membros do Ministério Público com direito a julgamento em cortes superiores – livres de prisão preventiva ou temporária. Uma moleza que beneficia 22 mil privilegiados. 

    MOROSIDADE É a grande aliada dos acusados que desemboca na chamada prescrição do crime. Portanto não se iluda com as notícias de que aquele senador ou deputado responde a um processo no STF por exemplo, onde o prazo para seu julgamento beira os 3 anos. Depois virão outros instrumentos recursais interpostos. 

    EXEMPLO Embora condenado em 2015 pela 3ª. turma do TRF da 1ª Região – a pena de 11 anos e 10 meses de prisão ( em regime inicialmente fechado), o deputado estadual João Grandão (PT-MS) continua em liberdade graças a benefícios recursais. Ele é acusado de corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e fraude em licitação no caso conhecido como ‘Operação Sanguessuga’. 

    FICÇÃO? Agora a tática petista é desqualificar os depoimentos e declarações sobre a corrupção no poder. A ex-presidente Dilma Roussef – que tinha o ex-ministro Pallocci como uma espécie de guru –diz que ele mente, a exemplo de vários empreiteiros confessos em delações premiadas. O nó da corda vai apertando - o ex-ministro Mântega já avisou que não quer ficar preso. Rir ou chorar?

    GOL DE PLACA Assim defino o evento bolado pela Câmara Municipal para marcar a parceria de Campo Grande com o Governo Estadual. Todos os discursos afinados, inclusive do deputado estadual Jr. Mochi (PMDB). Mas o mais contundente da noite ficou por conta do anfitrião – vereador João Rocha (PSDB), muito inspirado por sinal. 
    Chega. Ninguém aguenta mais tanto roubo”. (Geddel Vieira – em 16/08/2015)


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