CAMPO GRANDE (MS),

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    18/04/2017

    ARTIGO| Salvem o rio Taquari - Por: Carlos Bobadilla Garcia*

    © Marcelo Armoa
    Prezados leitores e prezadas leitoras deste respeitado e sempre muito lido ”Jornal do Estado MS”, permito-me abordar um assunto um tanto quanto delicado, mas que com todo respeito chega por vezes às raias do absurdo e da profunda revolta.

    Refiro-me ao nosso lendário Rio Taquari e sua luta incessante para não morrer definitivamente.

    Permitam-me inicialmente registrar uma necessária explicação.

    De março de 2.016 a março de 2.017 estive por algumas vezes na linda, aprazível e simpática cidade de Coxim.

    Isto porque nesse período meu filho, José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, exerceu com altivez, probidade, independência e eficiência o honroso cargo de 1º Promotor de Justiça da referida comarca.

    Talvez por isso e, por outros motivos sempre revestidos de muita cortesia, tenha sido agraciado no dia 10 de abril do corrente ano com o título de “CIDADÃO COXINENSE”, que lhe foi outorgado em inesquecível sessão solene da Câmara Municipal de Coxim.

    E nessa linda festa tive o prazer de conhecer o senhor Francisco Britto, Diretor do “Jornal do Estado MS”, um - Jornal a serviço da cidadania -.

    E naquele curto período de feliz convivência com os coxinenses, sempre fui muito bem recebido pelos queridos colegas Promotores de Justiça, Dra. Daniela Costa da Silva e Dr. Rodrigo Cintra Franco, bem como pelos dedicados servidores do Ministério Público Estadual daquela comarca (respeitada Instituição que servi com orgulho por inesquecíveis 38 anos).

    Da mesma forma fui muito bem tratado no Hotel Coxim pelo seu prezado gerente, senhor Fernando e pelos seus funcionários, extremamente gentis e educados.

    E também pelos atenciosos funcionários do restaurante e pizzaria localizado no mesmo complexo hoteleiro.

    Além de estar por momentos agradáveis no acolhedor restaurante do “Vô Pedro”, de fidalga atenção; e na agradável peixaria às margens do Rio Taquari, do senhor Osmar.

    E pelas mãos do prezado senhor Osmar, em seu barco de motor de popa, fiz um belo passeio pelo histórico Rio Taquari e pelas águas de seu afluente, o Rio Coxim.

    E desse respeitoso convívio veio a lembrança de artigo que em tempos idos escrevi sobre o Rio Taquari, que foi publicado no semanário de meu primo, Farid Yunes, de Corumbá, o nosso querido “Correio de Corumbá”.

    Assim que atendendo com muito prazer pedido do senhor Francisco Britto resolvi escrever este artigo.

    E desta forma estando em Coxim jamais poderia me olvidar do então caudaloso Rio Taquari.

    Agradecendo de público aquele ilustre jornalista retro mencionado, permito-me reproduzir em parte aquele artigo, pois a agonia do Rio Taquari continua.

    Todos os admiradores desta região maravilhosa que se chama pantanal sul-mato-grossense, em particular os pantaneiros, em especial os pecuaristas, e também os turistas nacionais e/ou estrangeiros, bem como a população de Corumbá, de Ladário, de Coxim e demais municípios desta querida e linda região pantaneira, bem como todos aqueles que habitam a região do rio Taquari continuam clamando aos céus - SALVEM O RIO TAQUARI PELO AMOR DE DEUS -.

    Ações judiciais, iniciativas do Ministério Público Estadual, iniciativas do Ministério Público Federal, ações judiciais das mais diversas naturezas, notícias de jornais, de rádio, de televisão, audiências públicas, entrevistas de autoridades governamentais municipais, estaduais e federais, de parlamentares municipais, estaduais e federais, liberações de recursos públicos, criação de vários grupos de trabalho, criação de diversas comissões de estudos, milhares de pessoas atingidas pelos incontáveis assoreamentos, arrombados, fechamento de bocas, mortandade da população ictiológica, descaso com a população ribeirinha, falta de vontade política, ações intermináveis das mais diversas naturezas, estudos técnicos e mais estudos técnicos que não chegaram e/ou não chegam a conclusões satisfatórias e definitivas, enfim um "imbróglio" monumental.

    Mas não adianta, a verdade inconteste é uma só.

    Trechos de assoreamento no Rio Taquari © Marcelo Armoa

    O RIO TAQUARI ESTÁ MORRENDO.

    Voltando no tempo e no espaço lembro-me que nos idos de 1985 ou 1986, algo neste sentido, com meu ex genro, Dr. João Carlos Leme Ribeiro, engenheiro civil e então Prefeito Municipal de Ladário fomos a uma pescaria no Rio Taquari.

    De carro e, a ele atrelado um barco, fomos até o porto da Manga, às margens do Rio Paraguai, no município de Corumbá.

    Dali com o citado barco com motor de popa de 25 kva e com um senhor, conhecedor da região, como piloteiro, pelo Rio Paraguai alcançamos e ingressamos no Rio Negrinho.

    Que maravilha este Rio Negrinho. 

    Com largura aproximada de dez metros e profundidade de quatro a cinco metros, não mais do que isto, água cristalina, viam-se os peixes, jacarés, sucuris e, claro, a exuberante flora aquática com nitidez impressionante.

    Imagens lindíssimas e inesquecíveis.

    Subimos pelo Rio Negrinho e alcançamos o Rio Taquari.

    E nele uma pescaria inolvidável.

    Imagens maravilhosas que não se esquece jamais.

    Ouso perguntar, será que hoje eu poderia repetir este passeio?

    Creio que não.

    Voltando ao tema, valem os jargões populares - "MUITO PAPO E POUCA AÇÃO"- ou "EMPURRANDO COM A BARRIGA".

    Desculpem-me estas expressões de nosso vernáculo um tanto quanto fortes, mas não achei outras mais tênues que pudessem retratar o martírio e a angústia do nosso querido Rio Taquari.

    Verbas públicas alocadas para estudos, estudos e mais estudos, grupos de trabalhos e mais grupos de trabalho, comissões de estudos e mais comissões de estudos, visando a limpeza de grande parte do Rio Taquari, na linguagem mais técnica - DRAGAGEM - talvez da progressista e histórica Coxim até a sua fóz no Rio Paraguai.

    Não sei ao certo.

    Verbas públicas aquelas que pela falta ou demora de sua utilização para começar a salvar o Rio Taquari são ou foram empregadas em outras circunstâncias, em outras obras ou em outros estudos, ou foram recolhidas para o tesouro público porque não foram utilizadas no tempo adequado.

    Não sei dizer ao certo, mas o grito - SALVEM O RIO TAQUARI - não vem do título do artigo.

    O grito desesperado e rouco - SALVEM-ME, - SALVEM-ME, - SALVEM-ME - vem de dentro do próprio Rio Taquari, vem do coração do Rio Taquari, vem da alma daquela região maravilhosa, o grito de - SALVEM-ME, - SALVEM-ME, - SALVEM-ME, vem do coração de todos os habitantes, de todos os pecuaristas, e todos os pantaneiros que amam o Rio Taquari.

    Não sei se é um grito agonizante, mas me parece ser.

    E os resultados de tantos grupos de trabalho, de outras comissões de estudos, de tantas outras audiências públicas, onde estão?

    Por que não se divulgaram seus resultados?

    Se é que tais resultados existem.

    Providências concretas para salvar o Rio Taquari, permitindo sua navegação em todo o seu curso (como em tempos passados) foram efetivamente adotadas?

    Acho que não.

    Entendo que são indagações que merecem resposta pública.

    DEUS me livre e guarde dizer algo que não condiz com a realidade.

    Registro que não sou pantaneiro, não sou pecuarista, não sou proprietário de estabelecimento rural (quem me dera) naquela linda região, pois passei por ali uma única vez por força da pescaria acima narrada, mas sou corumbaense por adoção, pois em Corumbá destes meus sonhos, cidade onde me casei e onde concebi dois lindos filhos com a inesquecível, querida e saudosa ANICE, com quem convivi lindamente por cerca de 54 anos, aprendi a respeitar e adorar esta extraordinária região deste imenso e rico Brasil.

    Como cidadão livre tenho o direito de dizê-lo, mesmo porque as leis brasileiras me permitem tal manifestação pública. 

    Mas ao que me parece está tudo da mesma forma, pois pouco ou quase nada, ou nada se fez de concreto. 

    Por exemplo, ouso indagar, ocorreram licitações para que firmas especializadas pudessem promover a dragagem ou outra forma de limpeza do leito do rio Taquari?

    Respeitando-se, é claro, a legislação ambiental pertinente.

    Não li na mídia municipal, estadual ou federal, nada neste sentido. 

    Ilustres Prefeitos Municipais de Corumbá, de Ladário e de Coxim, respectivamente Ruiter Cunha de Oliveira, Carlos Ruso e Dr. Aluízio São José, bem assim demais Prefeitos Municipais pantaneiros, por favor adotem providências dentro de suas esferas de competência legal para salvar o nosso Rio taquari.

    Respeitados Vereadores de Corumbá, de Ladário, de Coxim e dos demais municípios pantaneiros, por favor não deixem o Tio Taquari morrer, e interfiram de alguma forma para evitar este desastre ambiental, que está em permanente evolução.

    Evolução para pior, é claro.

    Eminentes Deputados Federais de Mato Grosso do Sul, bem assim nobres Deputados Estaduais façam algo para salvar o agonizante Rio Taquari.

    Insignes Senadores da República por Mato Grosso do Sul, adotem providências concretas para salvar o Rio Taquari, para que a dragagem deste lindo curso d'água seja efetivamente realizada, evitando-se que ele morra.

    De outra banda entendo que, e digo isto com certa frustração, os mais interessados na dragagem do Rio Taquari, na recuperação plena deste histórico curso d'água, são e/ou seriam os pantaneiros, os pecuaristas, a sua população ribeirinha, mas que de alguma forma já estejam cansados, não sei se este é o termo, ou decepcionados ou desiludidos, talvez, de promessas, promessas e mais promessas, mesmo o articulista não sendo pantaneiro, repito, sentem isto na carne.

    Finalizo genuflexo orando e suplicando: 

    "PELO AMOR DE DEUS SALVEM O RIO TAQUARI, NÃO PERMITAM QUE ELE MORRA”.

    “PELO AMOR DE DEUS SALVEM ESTE PATRIMÔNIO NATURAL PANTANEIRO". 

    Assim espero. 


    *Advogado
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