CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    06/03/2017

    Governo defende autonomia financeira no combate à violência contra mulher

    Pesquisa aponta que a maioria das vítimas são dependentes dos agressores, estão desempregadas ou não têm carteira assinada

    A subsecretária da mulher, Luciana Azambuja (primeira à esquerda) e a primeira dama Fátima Azambuja (de azul) no lançamento da programação para o mês da mulher (Foto: André Bittar)
    Programação especial do Governo do Estado em alusão ao “Dia Internacional da Mulher” quer combater a violência contra ela em Mato Grosso do Sul, proporcionando autonomia financeira e empoderamento. A campanha “O Protagonismo da Mulher sul-mato-grossense: empoderamento e empreendedorismo” realiza ações educativas na Capital e seminários regionalizados em oito municípios do interior.

    A subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres de Mato Grosso do Sul, Luciana Azambuja, explica que a ideia do empoderamento e do empreendedorismo encontra amparo no perfil psicossocial das mulheres vítimas de violência no Estado, realizado pelo Ceam (Centro Especializado de Atendimento à Mulher), unidade vinculada à Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres.

    A pesquisa entrevistou 211 mulheres entre os meses de janeiro e outubro do ano passado. Em sua maioria, as vítimas são mulheres brancas (42%) e pardas (46%), entre 26 e 35 anos (34%), com ensino médio completo (24%), das quais 46% residem em casa própria. “Isso refuta aquela ideia de que a violência ocorre apenas nas classes mais baixas e que sofrem apenas mulheres sem instrução”, comenta a subsecretária.

    De acordo com o levantamento, a grande maioria das entrevistadas está desempregada ou trabalha informalmente: 94 das 211 mulheres não têm fonte de renda e 39 trabalham sem carteira assinada, o que favorece a submissão à violência, segundo Luciana. “Além da dependência financeira, só 26% dessas mulheres não têm filhos com o agressor, ou seja, em muitos casos elas não querem ver os pais dos seus filhos presos, por isso não denunciam as agressões”, completa.

    De acordo com a vice governadora do Estado, Rose Modesto, a proposta de empoderamento visa proporcionar autonomia financeira às mulheres para contrapor este cenário. “Há dois anos o governo iniciou um trabalho transversal. Temos que agir na base de tudo, desde a formação do caráter dos nossos meninos, até a preparação dos profissionais de segurança pública para suprir a falta de delegacias especializadas no atendimento à mulher”, disse a vice governadora. Atualmente são apenas 11 delegacias entre os 79 municípios do Estado.

    A expectativa do governo, segundo a subsecretária, é atender pelo menos 350 mulheres apenas no mês de março, com cursos de capacitação e geração de renda, nas áreas de corte e costura, informática, panificação, entre outros, em Ponta Porã, Dourados, Jardim, Corumbá, Itaquiraí, Nova Andradina, Rio Verde e Aquidauana, onde existem as coordenadorias da mulher.

    Ocorrências 

    A delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher em Campo Grande, Ariene Murad, avalia que as políticas públicas têm surtido efeito na sociedade, fato que pode ser observado nos registros de boletins de ocorrência.

    “Houve um aumento no número de ocorrências por injúria e ameaça e uma diminuição nos casos de agressão física, o que mostra que as mulheres já não toleram a violência quando ela começa a ocorrer”, explica.

    Em 2015 foram registrados 6.195 ocorrências por ameaça e injúria. Em 2016 o número aumentou, foram 7.237, frente aos 910 casos em que a agressão chegou às vias de fato em 2015 e 1.492 casos de lesão corporal em 2016. O crime de estupro teve 111 ocorrências registradas no Estado em 2015 e 99 em 2016.


    Fonte: campograndenews
    Por: Lucas Junot
    Link original: https://www.campograndenews.com.br/cidades/governo-defende-autonomia-financeira-no-combate-a-violencia-contra-mulher