Por causa de agressão, adolescente morreu depois de 11 dias internado. Dono e funcionário de lava-jato teriam ferido ânus de garoto com mangueira.
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Suspeitos de agredir adolescente com mangueira em lava-jato de MS (Foto: Reprodução/ TV Morena) |
Segundo assessoria do fórum de Campo Grande, o juiz Carlos Alberto Garcete de almeida declarou conflito negativo de jurisdição, ou seja, que a competência para julgar não seria do Tribunal do Júri, mas da Vara Criminal.
“Entendo que a competência para apreciação do requerimento em tela é, a rigor do juízo da 7ª Vara Criminal Residual da Capital, a quem a representação foi primeiramente distribuída, haja vista que o Ministério Público entendeu, num primeiro momento, que se trata de crime de lesão corporal seguida de morte, e não de crime doloso contra a vida”, disse na decisão.
O pedido de prisão foi feito pelo delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) na terça-feira (14) quando saiu o laudo confirmando a lesão corporal grave e no dia da morte do garoto.
Segundo o delegado, a mangueira de compressão de ar não foi introduzida no ânus, mas a força de ar o feriu de tal maneira que o adolescente perdeu parte do intestino grosso. Na época, os suspeitos disseram que tudo foi uma “brincadeira” e a polícia entendeu que não houve conotação sexual, por isso o caso foi registrado como lesão corporal.
O pedido havia sido feito à 7ª Vara Criminal, onde o magistrado Marcelo Ivo de Oliveira atua, mas, apesar do caso ser investigado como crime de lesão corporal de natureza grave, o juiz entende que a situação deve ser tratada como homicídio inicialmente tentado e agora consumado, em razão da morte da vítima.
Wesner morreu por causa de uma complicação no esôfago que causou hemorragia seguida de parada cardiorrespiratória. O adolescente chegou a apresentar melhora durante o tempo de internação e gravou um vídeo agradecendo as orações recebidas.
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Adolescente morreu após ser machucado com mangueira em lava-jato (Foto: Reprodução/Facebook) |
Investigação
No dia 3 de fevereiro, o dono do lava-jato e o outro funcionário colocaram mangueira de compressão de ar perto do ânus do adolescente.
Os suspeitos e uma criança de 11 anos, que testemunhou o crime, disseram que o fato era uma brincadeira, mas dias antes de morrer, o adolescente negou que a agressão tivesse sido brincadeira.
Wesner Moreira da Silva foi socorrido em estado grave. O jato de ar causou diversas lesões e fez o garoto perder parte do intestino. Ele ficou internado na Santa Casa de Campo Grande por 11 dias antes de morrer. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
Enquanto esteve no hospital, o adolescente contou para a família detalhes sobre a agressão, disse que perdoava os suspeitos, mas pediu que eles fossem presos, segundo a família.
Os suspeitos podem ser indiciados por lesão corporal grave seguida de morte ou por homicídio doloso. A tipificação será definida pela Depca na conclusão do inquérito, segundo Lauretto. O delegado ainda esclareceu que, a princípio, o caso não foi registrado como abuso porque não ficou evidente a conotação sexual.
Thiago Demarco Sena e Willian Henrique Larrea não tinham ficha criminal. Este último era amigo da família da vítima.
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Crime foi em lava-jato da capital de MS (Foto: Flávia Galdiole/ TV Morena) |
Do G1 MS