CAMPO GRANDE (MS),

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    18/01/2017

    Forças Armadas serão fator de 'atemorização' em presídios, diz Temer

    Presidente se reuniu com governadores de AC, AM, AP, MT, MS, PA, RO, RR e TO; encontro ocorre um dia depois de governo anunciar que disponibilizará Forças Armadas para auxiliar em presídios.

    Temer afirma que agentes penitenciários têm 'limitações' que outras forças não tem

    Em reunião nesta quarta-feira (18) com governadores da região Norte, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer afirmou que a atuação das Forças Armadas serão fator de "atemorização" em presídios do país.

    A reunião, convocada para discutir a crise de violência e rebeliões nas penitenciárias brasileiras, ocorre um dia após o governo anunciar que decidiu colocar as Forças Armadas à disposição dos governadores de todo o país para operações específicas em presídios.

    "[As Forças Armadas] Serão, também, pela sua capacidade operacional extraordinária e até pela credibilidade que têm, serão fatores de atemorização em relação àqueles que estão nos presídios", disse Temer.

    Na reunião, o presidente disse ainda que, em alguns presídios do país, há uma "desordem de maneira completa e integral" e que, por isso, a atuação dos militares nos presídios é necessária.

    Ele ponderou, porém, que se não houver uma "conjugação de esforços" para solucionar a crise, de nada adiantará ter autorizado o uso das Forças Armadas.

    "Se não houver conjugação de esforços, não vamos ter ilusão de que a simples menção às Forças Armadas terá resolvido a questão. É puxar o primeiro fio do novelo", complementou.

    Somente neste ano, mais de 130 presos morreram em motins e disputas de facções em presídios, principalmente no Norte e Nordeste. O encontro desta quarta é o primeiro de uma série de reuniões que Temer terá em Brasília com governadores de todo o país separadamente, em princípio, por região.

    Participaram da reunião o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, os governadores Confúcio Moura (Rondônia), Waldez Góes (Amapá), Marcelo Miranda (Tocantins), Pedro Taques (Mato Grosso), Simão Jatene (Pará), José Melo (Amazonas), Suely Campos (Roraima) e Waldez Góes (Amapá), além das vice-governadoras do Acre e do Mato Grosso do Sul, Nazareth Araújo e Rosiane Modesto, respectivamente.

    Os secretários de Segurança de Mato Grosso, Rondônia, Acre, Pará, Mato Grosso do Sul e Roraima também participaram do encontro com Temer.

    'Drama infernal'

    Um decreto assinado por Temer autoriza que os militares poderão atuar pelos próximos 12 meses na inspeção e varredura de presídios, desde que haja solicitação dos governadores.

    Mais cedo, o presidente afirmou que decidiu autorizar o envio das Forças Armadas para os estados porque o país vive um "drama infernal" nas penitenciárias.

    "Pela primeira vez, um drama infernal que ocorre hoje nas penitenciárias do país [...] Nós tivemos um diálogo muito produtivo com setores de Defesa, Forças Armadas, e as Forças Armadas se dispuseram a fazer as inspeções nos presídios, porque elas têm uma grande credibilidade, em primeiro lugar. E em segundo lugar uma grande autoridade", afirmou, mais cedo, o presidente.

    Na reunião com os governadores, Temer voltou a defender a construção de novos presídios e citou o "tormentoso drama" diante da crise carcerária.

    "A ideia trocada com o ministro da Justiça é que se faça [a construção de novos presídios] por módulos, que já foi até aplicado, devo dizer, no Espírito Santo, com sucesso. Queremos mais de 25 presídios em oito, nove meses", declarou.

    Atuação das Forças Armadas

    Também nesta quarta, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, apresentou explicações sobre como serão as operações das Forças Armadas nos presídios. Assim como Temer, ele ressaltou que não haverá contato com os presos.

    O ministro disse que, inicialmente, o governo prevê a mobilização de mil homens. No entanto, ele disse que esse número pode aumentar dependendo da demanda dos governadores.

    Jungmann disse que, até o momento, nenhum governador pediu o auxílio das Forças Armadas nos presídios. No entanto, o ministro acredita que os primeiros pedidos possam ocorrer ainda nesta quarta-feira, durante a reunião entre Temer e os governadores.



    G1, Brasília
    Por Luciana Amaral