CAMPO GRANDE (MS),

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    06/09/2016

    Dilma deixa o Palácio da Alvorada para morar em Porto Alegre

    Ex-presidente tem casa na capital gaúcha; ela deve passar período no Rio. Petista poderá manter 8 servidores para segurança, assessoria e transporte.

    Dilma deixou em definitivo o Palácio da Alvorada, em Brasília, e seguiu para Porto Alegre (RS) (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)

    A ex-presidente Dilma Rousseff deixou, por volta das 15h30, desta terça-feira (5) o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, onde mora desde janeiro de 2011, quando assumiu o primeiro mandato. Ela seguirá para Porto Alegre, onde parte de sua família mora.

    Após deixar o Palácio, Dilma desceu do carro e cumprimentou os manifestantes que a aguardavam do lado de fora do local. Ela recebeu várias rosas de presente e não parou para falar coma imprensa (veja vídeo acima).

    Na última quarta (31), o Senado aprovou, por 61 votos a 20, o impeachment de Dilma.

    Ela foi condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional.

    Apesar disso, os senadores decidiram, em uma segunda votação, manter a petista habilitada para ocupar cargos públicos.

    Nos últimos dias, Dilma permaneceu no Alvorada e recebeu a visita de ex-ministros de seu governo, como Aloizio Mercadante e Eleonora Menicucci.

    Porto Alegre

    Na capital gaúcha vivem a filha dela, Paula Araújo, o genro e os dois netos, além do ex-marido de Dilma Carlos Araújo.

    Embora tenha nascido em Belo Horizonte (MG), a ex-presidente construiu sua carreira política em Porto Alegre (RS). Ela disse na última sexta, porém, que pode "passar um tempo" no Rio de Janeiro, onde a mãe, Dilma Jane, mora.

    "Não ficarei em Brasília porque pretendo ir para Porto Alegre e tenho a possibilidade de ficar um tempo no Rio porque minha mãe mora tradicionalmente no Rio de Janeiro", declarou Dilma a veículos estrangeiros na sexta.

    José Eduardo Cardozo

    Dilma deixou o Palácio da Alvorada acompanhada do ex-ministro José Eduardo Cardozo, que capitaneou a defesa da agora ex-presidente no processo de impeachment no Congresso Nacional.

    Ao G1, Cardozo disse que a saída de Dilma da residência oficial representa um momento "muito triste", mas que mostra que há "muitas pessoas lutando pela democracia no Brasil", em referência aos manifestantes pró-Dilma que aguardavam a saída da petista.

    "É uma solidariedade muito importante, não só para a Dilma, mas para todos aqueles que lutam pela democracia no Brasil", disse Cardozo.

    "Nenhum governo que toma posse de forma ilegítima pode tirar o Brasil da crise. Precisamos de democracia, democracia e democracia. Vamos tentar fazer com que Dilma volte", continuou o ex-ministro.

    Visita de senadores

    Por volta de 9h30 desta terça, seguranças fecharam a área de entrada do Palácio da Alvorada. A medida, segundo eles explicaram, era para evitar a aproximação de manifestantes.

    Os senadores do PT, mesmo partido de Dilma, Lindbergh Farias (RJ) e Jorge Viana (AC) fizeram visita à ex-presidente no palácio no final da manhã desta terça. Na saída, eles conversaram com os manifestantes que esperavam a saída de Dilma.

    Os senadores ainda afirmaram à imprensa que Dilma está tranquila e que seguirá para Porto Alegre para ficar com a família.

    "Essa mulher [Dilma] é de uma força impressionante", disse Lindbergh. "Ela sai daqui de cabeça erguida, como lutou no Senado Federal, como lutou toda a sua vida".

    O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário dos governos Lula e Dilma, Miguel Rosetto, também esteve com Dilma nesta manhã e também falou com manifestantes.

    Manifestação

    Cerca de mil pessoas, segundo a organização do evento, começaram a se reunir no final da manhã desta terça para acompanhar a saída de Dilma da residência oficial.

    De bonés e bandeiras vermelhas, os manifestantes pediram novas eleições e gritaram palavras de ordem como "Dilma guerreira da pátria brasileira" e "fora Temer".

    Servidores

    Segundo o Decreto 6.381/2008, após o impeachment, Dilma terá direito a manter oito servidores de sua livre escolha para os seguintes serviços: segurança e apoio pessoal (quatro), assessoria (dois), e motorista (dois). Dois carros oficiais também serão disponibilizados para Dilma.

    O decreto também estabelece que os funcionários que vão trabalhar com Dilma serão nomeados em cargos comissionados vinculados à Casa Civil.

    A remuneração desses servidores também está prevista no decreto. Dois ocuparão cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) nível 5 (remuneração mensal de R$ 11.235,00); dois, nível 4 (R$ 8.554,70); dois, nível 2 (R$ 2.837,53); e outros dois, nível 1 (R$ 2.227,85).

    Conforme a TV Globo apurou, Dilma terá direito a retornar para Porto Alegre em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Além disso, a União deverá custear as despesas com a transferência do acervo da ex-presidente para a capital gaúcha.



    Do G1, em Brasília