CAMPO GRANDE (MS),

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    05/08/2016

    OLIMPÍADAS 2016| Preços para turista sobem mais em Deodoro e Engenhão do que na praia

    G1 fez levantamento em 4 áreas olímpicas há 1 ano e na semana passada. Água, caipirinha e guarda-sol foram os itens que mais subiram. 

    Na praia da Barra, comerciantes afirmam que o movimento ainda não aumentou consideravelmente (Foto: Cristina Boeckel/ G1)

    A Rio 2016 começa nesta sexta-feira (5), com a cerimônia de abertura do Maracanã, mas a cidade já está em festa, cheia de turistas e, com eles, veio também a oportunidade de ganhar dinheiro. Há um ano, o G1 fez um levantamento dos preços de produtos e serviços cobrados em quatro áreas perto de competições da Olimpíada. Na última semana, voltou aos mesmos locais.

    Dos 56 itens pesquisados, 1 ficou mais barato, 29 continuaram com o mesmo preço e 26 ficaram mais caros. Engenhão e em Deodoro registraram a maior parte desses aumentos, enquanto muitos dos produtos vendidos das praias de Copacabana e Barra da Tijuca não subiram.

    Na média dos 26 produtos que subiram, a alta nos preços foi de 35%. Mas houve um produto que chegou a dobrar: uma garrafa de água que há um ano custava R$ 2 em um bar no entorno do Engenhão passou a ser vendida por R$ 4.

    Ao todo, foram pesquisados 13 estabelecimentos, barracas e quisques de praia. Além da água mineral, a caipirinha e o guarda-sol também apresentaram forte variação de preço no último ano. Em Copacabana, uma barraca aumentou o preço do drinque em 50%, de R$ 10 para R$ 15, enquanto num quiosque na mesma praia, o reajuste foi de 30%, de R$ 11,50 para R$ 15.

    Já o aluguel do guarda-sol saltou de R$ 7 para R$ 10 (43%) na mesma barraca da praia da Zona Sul, uma das mais frequentadas pelos turistas. Na Barra, o levantamento do G1 registrou a segunda maior alta no valor do aluguel do guarda-sol, de R$ 5 para R$ 7 (40%).

    Barra da Tijuca e Copa estáveis

    Na Praia da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e a mais próxima do Parque Olímpico – local que concentra a maior parte das competições da Rio 2016 – os preços se mantiveram estáveis em quase sua totalidade, de acordo com o levantamento do G1.

    De quatro barracas pesquisadas, duas não reajustaram o preço de nenhum produto ou serviço e outras duas reajustaram apenas os valores do aluguel do guarda-sol, de 14% a 40%, e da cadeira, de 17%.

    Em Copacabana, dois quiosques também mantiveram os preços cobrados. Outro subiu apenas o preço da caipirinha (30%).

    Comerciantes falam de crise

    Os comerciantes ouvidos pelo G1 alegam que a crise econômica e a falta de sol dos últimos meses teriam atrapalhado os lucros. Ainda assim, faltando pouco para a abertura oficial do evento, o discurso é de otimismo e de crença na melhora dos negócios.

    Na Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, a preferida dos turistas estrangeiros, o cenário já é visivelmente mais movimentado do que o de um dia comum. Porém, os comerciantes comentam que o movimento só começou a aumentar no último fim de semana. 

    A maioria dos itens vendidos pelos quiosques teve o preço estável. Em alguns casos, as margens de lucro foram reduzidas. A ideia é tentar aumentar os lucros com as vendas em quantidade.

    “A expectativa é de que, com a Olimpíada, a gente tenha um período bom de vendas em uma época que seria fora da alta temporada”, explica a gerente Josilene Rodrigues, gerente do quiosque Sapore di Itália. Eles mantiveram os preços do coco, da caipirinha e da lata de cerveja, vendidos a R$ 6, R$ 6,50 e R$ 14, respectivamente.

    Nas areias, os barraqueiros afirmam que a falta de sol atrapalhou e a crise econômica faz com que os compradores deixem de adquirir pequenos luxos, como o aluguel de cadeiras e guarda-sóis. O tempo chuvoso e mais frio dos últimos meses no Rio, também teria afastado os consumidores.

    “A caipirinha é a estrela. Mas tem gente que vende a caipirinha de qualquer maneira, com água misturada. E cobram R$ 30 e até R$ 40, de acordo com a cara do estrangeiro. Tem que fiscalizar a areia também”, denuncia Bolivar, auxiliar da barraca Lima e Marcelo, que reajustou o preço da caipirinha de R$ 10 para R$ 15 e o guarda-sol de R$ 7 para R$ 10.

    Na Praia da Barra da Tijuca, o clima nas areias é bem mais calmo do que em Copacabana. Com muitos bloqueios de trânsito, os comerciantes contam que ainda não sentiram os efeitos do aumento no número de visitantes do Rio. Eles afirmam que o movimento atual é o de um dia de semana comum. O maior aumento registrado na área foi em um aluguel de guarda-sol, que aumentou de R$ 5 para R$ 7 de um ano para o outro, um reajuste de 40%.

    Robério Braga, que trabalha nas areias há 17 anos, acredita que as declarações de algumas autoridades são mais um fator que tem atrapalhado as vendas deslancharem.

    “Quando os governantes falam que a cidade está insegura, que tem que tomar cuidado, principalmente para os jornais e TVs do exterior, isso intimida o turista a vir”, explica Robério.

    Efeito sazonal

    O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas, destacou que os produtos relacionados à orla apenas sofrem um efeito sazonal, mesmo durante uma competição como a Olimpíada.

    “O preço que o comerciante coloca durante o verão não é o mesmo do inverno. O preço tenderia a baixar por ser baixa estação. Fatalmente, à medida que avançarmos em direção ao verão, verificaremos um aumento dos preços relacionados à procura e a demanda”, destacou o economista.

    Braz destacou ainda que, caso os profissionais que trabalham na orla decidissem manter os preços de verão neste período do ano, teriam uma grande perda nos lucros, o que obriga a uma estabilidade de preços.
    Comerciantes acreditam que lucros irão melhorar com o começo das competições (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)

    Otimismo na crise

    No mesmo caminho das praias do Rio, o comércio na área das arenas também sofreu com a crise financeira. Os donos de estabelecimentos de áreas onde vão receber provas da Rio 2016 afirmaram ao G1 que a movimentação foi baixa e o lucro inferior ao esperado.

    Em Deodoro, onde serão realizadas provas de hipismo e pentatlo moderno, os comerciantes contam que a clientela no último ano se restringiu aos operários das obras nas arenas esportivas.
    Donos de bares na área do Engenhão e do Parque
    de Deodoro reclamam da estagnação dos
    negócios (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
    José da Silva, de 49 anos, é dono da lanchonete “Top Lanches”. Com pequenos lanches, bebidas variadas e tira gostos, ele tenta ganhar dinheiro no bairro há 25 anos. Ele afirmou que até o prefeito Eduardo Paes, durante uma visita ao Parque Radical de Deodoro, comentou que seus produtos estavam muito baratos.

    "Ele veio aqui na minha loja. Bebeu café e tomou água. Veio aqui dentro e tudo. Ele foi muito legal comigo, deixou R$ 40 de gorjeta. Falou que eu estava vendendo barato, falou para aumentar um pouco e ganhar dinheiro. Mas o movimento está baixo, eu estou achando um pouco parado. Mas eu creio que melhora, deve melhorar lá para o dia 17", disse José.

    Já no Engenho de Dentro, próximo ao Estádio Nilton Santos, o Engenhão, preços de alguns produtos tiveram alteração. Com muita simpatia, Iara Couto mora há 15 anos no bairro e trabalha no “Bar da Loura”. Acostumada com a movimentação de torcedores durante as partidas de futebol, ela reclamou que o estádio teve que ser fechado e entregue para a preparação dos Jogos, o que atrapalhou as vendas.

    “Esse ano foi horrível, tudo estava parado. Com o Engenhão fechado e só obras acontecendo ficou mais difícil. Dia de jogo era muito bom, o que me salvava era a concentração da torcida do Botafogo para alguns jogos. Mas com o início das competições tudo deve melhorar”, disse Iara.
    Iara Couto mora há 15 anos no Engenho de Dentro e trabalha no Bar da Loura, perto do Engenhão (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)




    Do G1 Rio

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