Continuação do Capítulo “Dialogar”.
Embora a língua esteja sob constante modificação, as palavras são mutáveis obedecendo aos critérios lexicográficos e não por repetições de “papagaios da sintaxe popular”.
Em meio às confusões que os “focados” submetem a nossa rica gramática, tentando dar novos significados até mesmo às palavras que são consagradas com as respectivas aplicações, observamos os advérbios “onde” e “aonde” quando estes são utilizados de forma equivocada por “especialistas” em neologismo.
Causando perplexidade e indignação às pessoas que não gostam de bordões linguísticos e sociais que deturpam o ordenamento léxico, até mesmo alguns professores, médicos, advogados, engenheiros e outros fazem uso indevido dos citados advérbios.
Exemplos de uso incorreto:
2015 foi o ano “onde” a lama da mineradora Samarco se juntou ao lamaçal dos políticos.
Vi aquele filme “onde” Aquiles vence o gigante matador.
A situação “onde” estou é agradabilíssima.
Formas corretas:
2015 foi o ano em que a lama da mineradora Samarco se juntou ao lamaçal dos políticos.
2015 foi o ano no qual a lama da mineradora Samarco se juntou ao lamaçal dos políticos.
Assisti ao filme em que Aquiles vence o gigante matador.
Assisti ao filme no qual Aquiles vence o gigante matador.
A situação na qual estou é agradabilíssima.
A situação em que estou é agradabilíssima.
Os advérbios “onde” e “aonde” apresentam significados distintos. Onde: Indica lugar em que algo ou alguém está, evidenciando a ideia de quietação, ou seja, de permanência (ainda que não seja definitiva). É utilizado somente para substituir vocábulo que expressa o conceito de lugar. Exemplos:
• A Polícia Federal já sabe onde está o dinheiro furtado pelos corruptos.
• Na cidade onde nasci há a mais bela igreja do País.
A fim de evitarmos a repetição do uso do advérbio “onde”, podemos usar os seguintes pronomes relativos: em que, na qual (quando se tratar de referência ao feminino), ou no qual (quando se tratar de referência ao masculino).
Aonde: Indica o local ou lugar para o qual se vai. Portanto, trata-se do advérbio "onde" acrescido da preposição “a” que expressa a ideia de destino, movimento. Exemplos:
• Aonde você pretende ir nesta viagem para o Nordeste?
• O Coronel Percy Harrison Fawcett (1867 – 1925) foi aonde ninguém chegou nesta civilização.
Para reforçar o entendimento sobre a diferença entre o uso de “onde” e “aonde”, apresentaremos mais quatro exemplos:
• Sempre que você sair, diga à secretária aonde irá! (Nesse caso, o verbo ir expressa a acepção de destino; de movimento).
• Diariamente, dirijo-me aonde a boiada for. (Nesse caso, o verbo expressa a acepção de movimento; destino).
• Moro onde os pássaros se reúnem ao entardecer. (Aqui ocorre a determinação do local, indicando o sentido de quietação; de extático; imóvel; parado).
• Vivíamos onde as pessoas não jogam lixo fora da lixeira. (Nesta frase há o significado de local fixo; de quietação; de moradia, justificando o uso do advérbio onde).
Há que se observar a intencionalidade explícita pelo emprego correto das palavras, promovendo-se a coesão e coerência na mensagem transmitida. Com isso, entende-se facilmente a missiva da seguinte expressão: Onde quer que esteja o meu pai e aonde quer que ele vá, DEUS sempre estará em sua vida!
Barbarismo ou prosódia: ocorre quando se emprega a palavras errada (no que diz respeito à pronúncia, à grafia, à semântica, à ortografia, à flexão, ao significado). Trata-se de um vício de linguagem que consiste no emprego incorreto de uma palavra ou expressão. Exemplos:
Cidadões por cidadãos;
Corpo de delito por corpo delito;
De menor por menor;
Duplex por dúplex;
Gratuíto por gratuito;
Latex por látex;
Mão por demão;
Mãos dadas por mão dada;
Meia cansada por meio cansada;
Muinto por muito;
Nóbel por nobel;
Pineu por pneu;
Proporam por propuseram;
Púdico por pudico;
Rapto por sequestro;
Récorde por recorde;
Rúbrica por rubrica;
Rúim por ruim;
Continuação na próxima semana.
