
MATAR A COBRA E MOSTRAR O PAU - A forma correta é: "Matar a pau e mostrar a cobra”.
Expressão do passado, utilizada por pessoas que tentavam convencer
os ouvintes quanto à veracidade de suas afirmações. Atualmente, “matar a cobra
e mostrar o pau” tornou-se falácia de político corrupto, enganador, cuja
eleição ou reeleição só é conseguida por meio da “compra” de votos ou fraude
nas urnas.
Matar a cobra e mostrar o pau, talvez não convença!
No romance de José Cândido de Carvalho, “O coronel e o lobisomem”,
a locução foi usada na p. 28: “Como sou de matar a cobra e mostrar o pau, antes
que o marcador de rês caísse em espanto, troquei em miúdo os porquês da medida”.
MATERIAL / MATERIAIS – Material significando conjunto de
coisas, não tem plural.
É comediante ou descuidada a pessoa que grafa ou aceita a
expressões como: materiais de construção, materiais escolares, materiais
elétricos, materiais de limpeza, materiais militares, materiais de pesca.
Palavras que não aceitam plural: enxoval, lápis, ônibus, pires,
tênis.
MATINAL / MATUTINO - Matinal – quer dizer da manhã - diz-se
daquilo, que se faz pela manhã, que sucede de manhã: missa matinal, culto
matinal, refeição matinal, passeio matinal, aula matinal.
Matutino – diz-se daquilo ou daquele que é madrugador; que surge nas
primeiras horas da manhã. Refere às primeiras horas da manhã, ao alvorecer, ao
amanhecer. Exemplos: “estrela matutina”; jornal que é distribuído nas primeiras
horas da manhã; pão matutino (feito nas primeiras horas da manhã).
MEIA / MEIO - Meia, como adjetivo, varia, ou seja,
antes de substantivo, concorda com este. Exemplos:
Meia garrafa de vinho.
Meio copo de leite.
Meia taça de licor.
Meio, advérbio, não varia. Refere-se a um adjetivo e por essa razão,
permanece no masculino singular. Exemplos:
Durante a prova, a professora viu o acadêmico guardar um papel no
bolso e ficou meio desconfiada.
Ana Carla sempre foi meio
amiga das crianças.
Chifronésia é meio
alegre, meio louca, meio esperta.
Poderá haver mulher "meia"
louca se ela demonstrar loucura na metade do corpo: da cintura para baixo, da
cintura até a cabeça ou em um dos lados do corpo.
MEIO EXPEDIENTE - Expediente é o horário de funcionamento das repartições
públicas, escritórios, lojas, clínicas etc. Alguém pode trabalhar durante meio
expediente, desde que trabalhe durante a metade do decurso temporal que se
denomina expediente.
Por expediente também
se considera:
a) a correspondência, requerimento etc., duma repartição;
b) meio para eliminar embaraços ou alcançar determinados fins;
c) seção de um periódico no qual se registram o nome do jornalista
responsável, a tiragem, o endereço da redação, o telefone, site, e-mail etc.
MEIO PERÍODO / UM PERÍODO - Quando uma pessoa disser que trabalha apenas meio período, talvez não esteja
querendo ser engraçada. Se ela trabalhar somente duas horas por dia, estará
dizendo a verdade.
Um período equivale a quatro horas, podendo ser matutino,
vespertino ou noturno.
Quem trabalhar durante quatro horas, seja no período da manhã, da
tarde ou da noite, trabalhará um período
e não meio período!
MENAS / MENOS – Menas – expressão inexistente. Usada
por pessoas que não sabem o que dizem ou escrevem.
Menos pode implicar pronome indefinido – significando em menor
quantidade ou número, em condição inferior; advérbio – em número ou quantidade
menor; preposição – salvo, exceto; ou substantivo masculino – o que é mínimo.
MENSAGENS PROLIXAS; introduções inadequadas, em desuso que evidenciam falta de
objetividade, despreparo:
"A presente visa informar."
"Pelo presente ofício, informamos que."
"Tem o presente ofício a finalidade de."
"Venho pelo presente."
"Venho por intermédio do presente ofício."
"Vimos por meio desta."
“Vimos através do presente ofício.”
“Tem o presente a finalidade de...”
“Através do presente, acusamos o recebimento...”
“Apresentando os nossos protestos de elevada estima e distintas
considerações, somos mui.”
“Sendo o que se apresenta para o momento.”
As expressões acima tornaram-se desgastadas, utilizadas apenas por
pessoas destituídas de criatividade, arraigadas ao comodismo e à pobreza
vocabular!
MEU ÓCULOS / MEUS ÓCULOS - usa-se
sempre no plural: meus óculos; seus óculos; nossos óculos. Da mesma forma:
Algemas, anais, bodas, condolências, costas (parte do corpo
humano), damas (o jogo), meus parabéns, minhas férias, meus pêsames, olheiras,
suas núpcias, seus ciúmes, ela dorme de bruços, suspensórios, trevas.
Usando folhetos e cartazes, o proprietário de uma grande ótica
anunciou:
“Faça um óculos de grau na Ótica... e ganhe um brinde especial.”
Encomendar um óculo, talvez seja opção de alguma pessoa que tenha
deficiência em um olho.
A maioria, provavelmente, preferirá encomendar seus óculos em outra
empresa.
MEU PERSONAGEM / MINHA PERSONAGEM –
São femininas as palavras terminadas em gem,
com exceção de selvagem. Portanto, deve-se dizer: a imagem, a metalinguagem, a
bobagem, a bagagem, a garagem, a coragem, a viagem etc. Também são femininos os
seguintes substantivos: agravante, aguardente, alface, análise, apendicite,
cal, cataplasma, comichão, derme, dinamite, ênfase, fruta-pão, grama (mato),
omoplata, tiroide.
Por influência do idioma francês, algumas pessoas passaram a usar
o vocábulo combinando com o gênero. Porém, no português, a forma correta é a
feminina, independentemente de ser a persona
do sexo masculino ou feminino.
Quem diz meu personagem; o personagem, quando deveria dizer minha
personagem; a personagem, erra tanto quanto quem diz minha carro; a carro.
MISSA DE SÉTIMO DIA / MISSA DO SÉTIMO DIA -
Antes de números ordinais (primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto
etc.) o uso do artigo é obrigatório. Portanto, corretamente, grafa-se: missa do sétimo dia; festa do
septuagésimo ano; escola do segundo grau; eleição do primeiro turno; sala no
oitavo andar; edifício na Quinta Avenida.
MORRER DO CORAÇÃO - Ninguém morre do coração, do pulmão, do cérebro, do estômago,
do pé, da mão, do dedo, da unha. Morre-se de enfarto, de pneumonia, de AVC
(Acidente Vascular Cerebral) ou de outros problemas de doença.
Uma médica afirmou que o presidente Tancredo Neves morreu do
coração.
MUITA DÓ / MUITO DÓ – Para que
ninguém sinta muito dó de quem diz sentir muita dó, convém lembrar que dó é vocábulo masculino.
São masculinas outras palavras como: grama (medida de peso), tapa
(o tapa, um tapa, dois tapas).
Entre os substantivos originados de palavras gregas, são
masculinos os terminados em -ema e –oma:
anátema, aroma, axioma, cinema, coma, diadema, dilema, diploma,
edema, emblema, estratagema, fonema, idioma, pijama, poema, problema, proclama,
sistema, telefonema, tema, teorema, trema, zeugma etc.
Também são do gênero masculino, os seguintes substantivos:
apêndice, champanha, clã, formicida, guaraná, lança-perfume, milhar, sabiá,
saca-rolha, sanduíche, suéter, telefonema.
MUITÍSSIMO / MUITO - Muitíssimo é expressão inadequada,
aceitável somente na linguagem coloquial, não na forma escrita.
Muito - o que é em grande quantidade, em abundância, em demasia, em
alto grau - é adjetivo que deve ser pronunciado com a tonicidade em ui, tal como circuito, fortuito, intuito
e não como muita gente pronuncia uin,
ou seja, muinto.
Corretamente, diz-se que uma pessoa está muito triste, e não bastante
triste. Bastante corresponde a
suficiência; ao que satisfaz.
MUITO OBRIGADA / MUITO OBRIGADO -
Mulher, grata, diz muito obrigada! Homem, grato, diz muito obrigado!
Outras formas: "Eu é que sou grato!"
"Eu é que sou grata!"
"Obrigada eu!"
"Obrigado eu!"
"Obrigadas nós!"
"Obrigados nós!"
"Sou eu quem agradece!"
"Somos nós quem agradecemos!"
NAMORAR COM / NAMORAR A - O verbo namorar é
transitivo direto e, por regência verbal, não admite a preposição “com”.
Portanto, uma pessoa namora outra, e não com outra. Da mesma forma:
"...noivar Marise, e não com Marise".
A preposição “com” exprime variadas relações entre palavras
(companhia, comparação, união, semelhança etc.). Logo, afirmar que uma pessoa
namora com outra, implica afirmar que: aquela namora em companhia desta.
Na linguagem formal culta, o verbo namorar exige complemento sem preposição.
Exemplos corretos:
Gabriela namora Sterferson.
Sterferson namora Eva.
Adriano namora uma colega da universidade.
NO SENTIDO DE / PARA – Condenável é o
uso da expressão “no sentido de”, quando a aplicação correta é “para”.
Tal qual “no sentido de”, considera-se artificialidade linguística
expressões como: “por conta” (por causa), “disse assim que” (disse que), “falou
assim que” (falou que), “tipo assim” (como; por exemplo), “com certeza” (sim),
“de repente” (corretamente, usa-se com o significado de algo que acontece
repentinamente, subitamente, inesperadamente), “assim”, “vamos estar
debitando.”(vamos debitar), “de menor” (por menor), “a mortandela, ela é
deliciosa.”(a mortadela é deliciosa).
“O nosso trabalho é feito no sentido de educar.” Forma errada.
“Trabalhamos para educar.” Forma correta.
“No sentido de obter boas notas, Jackye aplica-se aos estudos.”
Forma errada.
“Para obter boas notas, Jackye aplica-se aos estudos.” Forma
correta.
OBESO - Obeso (é) - adjetivo; do latim obesum - pançudo; barrigudo; ventrudo. Cognato: obesidade (do latim
obesitatem). Antônimo: delgado,
magro.
OBRIGADA / OBRIGADO - A primeira
é expressão da mulher que agradece. Para evitar que seja vista como uma pessoa
ignorante, a mulher que agradece deve falar pausadamente: “Muito obrigada!” Ou:
“Sou muito grata!”
A segunda é expressão do Homem que se sente grato.
Quando alguém diz obrigado
ou obrigada, torna implícita a frase
"Tenho a obrigação de.../ Sinto-me na obrigação de (alguma coisa)",
ao que o interlocutor deverá responder: "Você não está na obrigação de
nada" ou, modernamente, poderá resumir a frase dizendo: “de nada; não por
isso; não há de quê; obrigado eu; obrigada eu; sou eu quem agradece; eu é que
sou grato; eu é que sou grata”. Todavia, há que se considerar que a forma
erudita observa a regência dos adjetivos obrigado /agradecido / grato,
vinculada à preposição “por”. Portanto, deve-se responder “por nada”, usando
então a regência subentendida.
Agradecer - do latim gratu,
grato. Do verbo agradecer, incoativo de agradar (ser agradável, contentar;
parecer bem, aprazer; satisfazer, causar boa impressão; sentir prazer;
comprazer-se; gostar de; fazer festa a, animar, acarinhar), tem-se
mal-agradecido (pessoa que não manifesta gratidão a alguém por alguma coisa).
OBSOLETO - Obsoleto (é) - adjetivo; do latim absoletum - que caiu em desuso. Arcaico; antiquado; antigo. Cognatos:
obsoletar (verbo transitivo: tornar arcaico; obsolutismo. Antônimo: moderno,
atual.
ÓCIO DO OFÍCIO / OSSOS DO OFÍCIO - Ócio (do latim otium) significa: espaço de tempo que dura a folga do trabalho;
folga; indolência; mandriice; preguiça; cessação do trabalho; descanso do
trabalho; trabalho suave e agradável, que não exige da pessoa grandes
lucubrações.
Os antigos gregos e romanos consideravam ócio a atividade
espiritual mais pura, dedicada à contemplação e ao estudo dos maiores enigmas
filosóficos. Era o apreciável, a cultura áurea, o carpe diem, a busca da
excelsa vita. Denominavam nec ócio as
atividades que não eram tão apreciáveis. Dentre essas atividades, destacavam-se
as que redundavam lucros diretos.
Da expressão nec ócio, hoje temos negócio cujo valor ficou invertido em relação ao ócio.
Negócio (negação do ócio) passou a ser atividade contraposta ao
ócio.
Atualmente, negócio está em primeiro plano. As pessoas que estudam
ou que procuram aprimoramento intelectual, não o fazem pela excelência, e sim
pelo negócio; fazem um “forçado investimento”. Muitos são os que estudam e não
aprendem.
Fatigados física e mentalmente - por causa dos negócios - a
maioria vive sobressaltada, evidenciando a ausência de interesse pelo
aprendizado cultural.
A progressiva falta de concentração, de compreensão e de ânimo,
bem com as perturbações emocionais originadas pelo medo do fracasso no trabalho
e nas demais atividades, “arrastam” as pessoas para a consequente alienação à
frente do televisor, nos alienantes programas produzidos para “domar” o pobre
“gado” que trabalha para sustentar espertalhões, ou doutrinar
àqueles que se entregam à bebida alcoólica colocada à
mesa do bar, dos balcões dos botecos e locais onde os néscios confraternizam.
Na fadiga geral, causada por fatores intrínsecos e por fatores
extrínsecos, há os que “encalham” nas “águas do comodismo”, juntando-se aos que
“sabem, mas não se lembram”.
Optando pela trilha da ignorância, afirmam: - “São ossos do ofício!”
Forma correta: ócio do ofício!