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    22/11/2015

    Língua Portuguesa - Professor Fernando Marques


    MATAR A COBRA E MOSTRAR O PAU - A forma correta é: "Matar a pau e mostrar a cobra”.

    Expressão do passado, utilizada por pessoas que tentavam convencer os ouvintes quanto à veracidade de suas afirmações. Atualmente, “matar a cobra e mostrar o pau” tornou-se falácia de político corrupto, enganador, cuja eleição ou reeleição só é conseguida por meio da “compra” de votos ou fraude nas urnas.

    Matar a cobra e mostrar o pau, talvez não convença!

    No romance de José Cândido de Carvalho, “O coronel e o lobisomem”, a locução foi usada na p. 28: “Como sou de matar a cobra e mostrar o pau, antes que o marcador de rês caísse em espanto, troquei em miúdo os porquês da medida”.

    MATERIAL / MATERIAISMaterial significando conjunto de coisas, não tem plural.

    É comediante ou descuidada a pessoa que grafa ou aceita a expressões como: materiais de construção, materiais escolares, materiais elétricos, materiais de limpeza, materiais militares, materiais de pesca.

    Palavras que não aceitam plural: enxoval, lápis, ônibus, pires, tênis.  

    MATINAL / MATUTINO - Matinal – quer dizer da manhã - diz-se daquilo, que se faz pela manhã, que sucede de manhã: missa matinal, culto matinal, refeição matinal, passeio matinal, aula matinal.

    Matutino – diz-se daquilo ou daquele que é madrugador; que surge nas primeiras horas da manhã. Refere às primeiras horas da manhã, ao alvorecer, ao amanhecer. Exemplos: “estrela matutina”; jornal que é distribuído nas primeiras horas da manhã; pão matutino (feito nas primeiras horas da manhã).

    MEIA / MEIO - Meia, como adjetivo, varia, ou seja, antes de substantivo, concorda com este. Exemplos:

    Meia garrafa de vinho.
    Meio copo de leite.
    Meia taça de licor.
    Meio, advérbio, não varia. Refere-se a um adjetivo e por essa razão, permanece no masculino singular. Exemplos:

    Durante a prova, a professora viu o acadêmico guardar um papel no bolso e ficou meio desconfiada.

    Ana Carla sempre foi meio amiga das crianças.

    Chifronésia é meio alegre, meio louca, meio esperta.

    Poderá haver mulher "meia" louca se ela demonstrar loucura na metade do corpo: da cintura para baixo, da cintura até a cabeça ou em um dos lados do corpo.

    MEIO EXPEDIENTE - Expediente é o horário de funcionamento das repartições públicas, escritórios, lojas, clínicas etc. Alguém pode trabalhar durante meio expediente, desde que trabalhe durante a metade do decurso temporal que se denomina expediente.

    Por expediente também se considera:

    a) a correspondência, requerimento etc., duma repartição;
    b) meio para eliminar embaraços ou alcançar determinados fins;
    c) seção de um periódico no qual se registram o nome do jornalista responsável, a tiragem, o endereço da redação, o telefone, site, e-mail etc.

    MEIO PERÍODO / UM PERÍODO - Quando uma pessoa disser que trabalha apenas meio período, talvez não esteja querendo ser engraçada. Se ela trabalhar somente duas horas por dia, estará dizendo a verdade.

    Um período equivale a quatro horas, podendo ser matutino, vespertino ou noturno.

    Quem trabalhar durante quatro horas, seja no período da manhã, da tarde ou da noite, trabalhará um período e não meio período!

    MENAS / MENOSMenas – expressão inexistente. Usada por pessoas que não sabem o que dizem ou escrevem.

    Menos pode implicar pronome indefinido – significando em menor quantidade ou número, em condição inferior; advérbio – em número ou quantidade menor; preposição – salvo, exceto; ou substantivo masculino – o que é mínimo.

    MENSAGENS PROLIXAS; introduções inadequadas, em desuso que evidenciam falta de objetividade, despreparo:

    "A presente visa informar."
    "Pelo presente ofício, informamos que."
    "Tem o presente ofício a finalidade de."
    "Venho pelo presente."
    "Venho por intermédio do presente ofício."
    "Vimos por meio desta."
    “Vimos através do presente ofício.”
    “Tem o presente a finalidade de...”
    “Através do presente, acusamos o recebimento...”
    “Apresentando os nossos protestos de elevada estima e distintas considerações, somos mui.”
    “Sendo o que se apresenta para o momento.”
    As expressões acima tornaram-se desgastadas, utilizadas apenas por pessoas destituídas de criatividade, arraigadas ao comodismo e à pobreza vocabular!

    MEU ÓCULOS / MEUS ÓCULOS - usa-se sempre no plural: meus óculos; seus óculos; nossos óculos. Da mesma forma:

    Algemas, anais, bodas, condolências, costas (parte do corpo humano), damas (o jogo), meus parabéns, minhas férias, meus pêsames, olheiras, suas núpcias, seus ciúmes, ela dorme de bruços, suspensórios, trevas.

    Usando folhetos e cartazes, o proprietário de uma grande ótica anunciou:

    “Faça um óculos de grau na Ótica... e ganhe um brinde especial.”

    Encomendar um óculo, talvez seja opção de alguma pessoa que tenha deficiência em um olho.
    A maioria, provavelmente, preferirá encomendar seus óculos em outra empresa.

    MEU PERSONAGEM / MINHA PERSONAGEM – São femininas as palavras terminadas em gem, com exceção de selvagem. Portanto, deve-se dizer: a imagem, a metalinguagem, a bobagem, a bagagem, a garagem, a coragem, a viagem etc. Também são femininos os seguintes substantivos: agravante, aguardente, alface, análise, apendicite, cal, cataplasma, comichão, derme, dinamite, ênfase, fruta-pão, grama (mato), omoplata, tiroide.

    Por influência do idioma francês, algumas pessoas passaram a usar o vocábulo combinando com o gênero. Porém, no português, a forma correta é a feminina, independentemente de ser a persona do sexo masculino ou feminino.

    Quem diz meu personagem; o personagem, quando deveria dizer minha personagem; a personagem, erra tanto quanto quem diz minha carro; a carro.

    MISSA DE SÉTIMO DIA / MISSA DO SÉTIMO DIA - Antes de números ordinais (primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto etc.) o uso do artigo é obrigatório. Portanto, corretamente, grafa-se: missa do sétimo dia; festa do septuagésimo ano; escola do segundo grau; eleição do primeiro turno; sala no oitavo andar; edifício na Quinta Avenida.

    MORRER DO CORAÇÃO - Ninguém morre do coração, do pulmão, do cérebro, do estômago, do pé, da mão, do dedo, da unha. Morre-se de enfarto, de pneumonia, de AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou de outros problemas de doença.

    Uma médica afirmou que o presidente Tancredo Neves morreu do coração.

    MUITA DÓ / MUITO DÓ – Para que ninguém sinta muito dó de quem diz sentir muita dó, convém lembrar que é vocábulo masculino.

    São masculinas outras palavras como: grama (medida de peso), tapa (o tapa, um tapa, dois tapas).
    Entre os substantivos originados de palavras gregas, são masculinos os terminados em -ema e –oma:
    anátema, aroma, axioma, cinema, coma, diadema, dilema, diploma, edema, emblema, estratagema, fonema, idioma, pijama, poema, problema, proclama, sistema, telefonema, tema, teorema, trema, zeugma etc.

    Também são do gênero masculino, os seguintes substantivos: apêndice, champanha, clã, formicida, guaraná, lança-perfume, milhar, sabiá, saca-rolha, sanduíche, suéter, telefonema.

    MUITÍSSIMO / MUITO - Muitíssimo é expressão inadequada, aceitável somente na linguagem coloquial, não na forma escrita.

    Muito - o que é em grande quantidade, em abundância, em demasia, em alto grau - é adjetivo que deve ser pronunciado com a tonicidade em ui, tal como circuito, fortuito, intuito e não como muita gente pronuncia uin, ou seja, muinto.

    Corretamente, diz-se que uma pessoa está muito triste, e não bastante triste. Bastante corresponde a suficiência; ao que satisfaz.

    MUITO OBRIGADA / MUITO OBRIGADO - Mulher, grata, diz muito obrigada! Homem, grato, diz muito obrigado!
    Outras formas: "Eu é que sou grato!"
    "Eu é que sou grata!"
    "Obrigada eu!"
    "Obrigado eu!"
    "Obrigadas nós!"
    "Obrigados nós!"
    "Sou eu quem agradece!"
    "Somos nós quem agradecemos!"

    NAMORAR COM / NAMORAR A - O verbo namorar é transitivo direto e, por regência verbal, não admite a preposição “com”. Portanto, uma pessoa namora outra, e não com outra. Da mesma forma: "...noivar Marise, e não com Marise".

    A preposição “com” exprime variadas relações entre palavras (companhia, comparação, união, semelhança etc.). Logo, afirmar que uma pessoa namora com outra, implica afirmar que: aquela namora em companhia desta.

    Na linguagem formal culta, o verbo namorar exige complemento sem preposição.
    Exemplos corretos:

    Gabriela namora Sterferson.
    Sterferson namora Eva.
    Adriano namora uma colega da universidade.

    NO SENTIDO DE / PARA – Condenável é o uso da expressão “no sentido de”, quando a aplicação correta é “para”.
    Tal qual “no sentido de”, considera-se artificialidade linguística expressões como: “por conta” (por causa), “disse assim que” (disse que), “falou assim que” (falou que), “tipo assim” (como; por exemplo), “com certeza” (sim), “de repente” (corretamente, usa-se com o significado de algo que acontece repentinamente, subitamente, inesperadamente), “assim”, “vamos estar debitando.”(vamos debitar), “de menor” (por menor), “a mortandela, ela é deliciosa.”(a mortadela é deliciosa).
    “O nosso trabalho é feito no sentido de educar.” Forma errada.
    “Trabalhamos para educar.” Forma correta.
    “No sentido de obter boas notas, Jackye aplica-se aos estudos.” Forma errada.
    “Para obter boas notas, Jackye aplica-se aos estudos.” Forma correta.
    OBESO - Obeso (é) - adjetivo; do latim obesum - pançudo; barrigudo; ventrudo. Cognato: obesidade (do latim obesitatem). Antônimo: delgado, magro.

    OBRIGADA / OBRIGADO - A primeira é expressão da mulher que agradece. Para evitar que seja vista como uma pessoa ignorante, a mulher que agradece deve falar pausadamente: “Muito obrigada!” Ou: “Sou muito grata!”
    A segunda é expressão do Homem que se sente grato.

    Quando alguém diz obrigado ou obrigada, torna implícita a frase "Tenho a obrigação de.../ Sinto-me na obrigação de (alguma coisa)", ao que o interlocutor deverá responder: "Você não está na obrigação de nada" ou, modernamente, poderá resumir a frase dizendo: “de nada; não por isso; não há de quê; obrigado eu; obrigada eu; sou eu quem agradece; eu é que sou grato; eu é que sou grata”. Todavia, há que se considerar que a forma erudita observa a regência dos adjetivos obrigado /agradecido / grato, vinculada à preposição “por”. Portanto, deve-se responder “por nada”, usando então a regência subentendida.

    Agradecer - do latim gratu, grato. Do verbo agradecer, incoativo de agradar (ser agradável, contentar; parecer bem, aprazer; satisfazer, causar boa impressão; sentir prazer; comprazer-se; gostar de; fazer festa a, animar, acarinhar), tem-se mal-agradecido (pessoa que não manifesta gratidão a alguém por alguma coisa).

    OBSOLETO - Obsoleto (é) - adjetivo; do latim absoletum - que caiu em desuso. Arcaico; antiquado; antigo. Cognatos: obsoletar (verbo transitivo: tornar arcaico; obsolutismo. Antônimo: moderno, atual.

    ÓCIO DO OFÍCIO / OSSOS DO OFÍCIO - Ócio (do latim otium) significa: espaço de tempo que dura a folga do trabalho; folga; indolência; mandriice; preguiça; cessação do trabalho; descanso do trabalho; trabalho suave e agradável, que não exige da pessoa grandes lucubrações.

    Os antigos gregos e romanos consideravam ócio a atividade espiritual mais pura, dedicada à contemplação e ao estudo dos maiores enigmas filosóficos. Era o apreciável, a cultura áurea, o carpe diem, a busca da excelsa vita. Denominavam nec ócio as atividades que não eram tão apreciáveis. Dentre essas atividades, destacavam-se as que redundavam lucros diretos.

    Da expressão nec ócio, hoje temos negócio cujo valor ficou invertido em relação ao ócio.
    Negócio (negação do ócio) passou a ser atividade contraposta ao ócio.

    Atualmente, negócio está em primeiro plano. As pessoas que estudam ou que procuram aprimoramento intelectual, não o fazem pela excelência, e sim pelo negócio; fazem um “forçado investimento”. Muitos são os que estudam e não aprendem.

    Fatigados física e mentalmente - por causa dos negócios - a maioria vive sobressaltada, evidenciando a ausência de interesse pelo aprendizado cultural.

    A progressiva falta de concentração, de compreensão e de ânimo, bem com as perturbações emocionais originadas pelo medo do fracasso no trabalho e nas demais atividades, “arrastam” as pessoas para a consequente alienação à frente do televisor, nos alienantes programas produzidos para “domar” o pobre “gado” que trabalha para sustentar espertalhões, ou doutrinar àqueles que se entregam à bebida alcoólica colocada à mesa do bar, dos balcões dos botecos e locais onde os néscios confraternizam.

    Na fadiga geral, causada por fatores intrínsecos e por fatores extrínsecos, há os que “encalham” nas “águas do comodismo”, juntando-se aos que “sabem, mas não se lembram”.

    Optando pela trilha da ignorância, afirmam: - “São ossos do ofício!”
    Forma correta: ócio do ofício!