CAMPO GRANDE (MS),

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    07/08/2015

    Ponta Porã Linha do Tempo: “Mitos”. Causos da região de fronteira de outras épocas. As Lendas da Laguna Punta Porã

    A Guerra do Paraguai ou Grande Guerra, também conhecida como (Guerra da Tríplice Aliança), na história da América Latina foi o maior conflito armado envolvendo quatro grandes nações sul-americanas, existem muitas narrativas históricas de ambos os lados sobre fatos ocorridos durante esse conflito, esses estão cercadas de mistérios até os dias atuais. 

    Esse conflito ocorreu no período de 1864 a 1870 principalmente na região da província de Mato Grosso nessa época a região de Ponta Porã Brasil e Pedro Juan Caballero Paraguai, como um dos principais pontos do desfecho deste conflito a Laguna Punta Porã, Punta (Ponta) e Porã (bonita), que nestes tempos era ponto de parada de tropeiros e viajantes que utilizavam para seu descanso e de seus animais e reabastecimento de água e mantimentos.

    Punta Porã era o nome de referencia dado ao local que se localizava ao entorno do lago, que era maior em suas dimensões nestes tempos, existia no local um comercio conhecido como Parage Punta Porã o proprietário o Senhor Pablito Ramirez, pois muitos com o desfecho da guerra se fixaram na região por sua imensa porção de terras e matas. Ambas as cidades, Pedro Juan Caballero e Ponta Porã surgiram às margens da Laguna Punta Porã, com o fim da guerra houve a divisão. 

    As lendas fazem parte do cotidiano fronteiriço, não diferente este fato ocorre em outros lugares do Brasil e mundo, e por ser a Laguna Punta Porã um lugar histórico, também é cercada de muito mistério e lendas que são repassadas por gerações aos moradores fronteiriços.

    Fonte: Imagem da web. Vista aérea da Laguna Porã, década de 50.

    Segundo conta a lenda antes de ser formada a Laguna Punta Porã o lago propriamente dito, neste lugar existia um poço que era utilizado pelos índios da região, mas uma grande estiagem quase secou o poço, sem água em abundância a maioria das tribos migrou para outro lugar, os poucos índios que restaram na região tentavam sobreviver da pouca água barrenta que restou no poço, sem mais esperança os índios resolveram seguir para outros lugares, somente uma velha índia ficou no lugar, por ser já uma anciã e adoentada a mesma morreu de sede tempos depois.

    Passados muitos anos novas tribos passavam pelo local, onde o poço com pouca água servia apenas para saciar brevemente a sede dos animais, pois sua água era muito barrenta, em uma destas paradas uma índia tão bela que era chamada Yvoty-Porã que significa (flor bonita) foi colher um pouco de água para dar de beber a sua mãe, a mesma conseguiu com dificuldades um pouco de água barrenta, que era filtrada sendo jogada em cima de um pano que tinha erva mate nativa moída que servia de filtro para aparar o barro e filtrando a água que escorria pelo porongo, assim conseguindo água fresca e limpa.

    O porongo ou cabaça é uma trepadeira vigorosa, cujos ramos podem crescer de três até Dez metros de comprimento os frutos podem variar de pequenos e arredondados a grandes e compridos, indo de uma dezena de centímetros a mais de um metro de comprimento, são usados para a confecção de recipientes como a cuia de chimarrão no sul do Brasil e em outros países do sul da América usado como recipientes de água, como também confecção de instrumentos musicais e para a confecção de artesanato - Fonte foto divulgação web

    Quando a índia Yvoty-Porã se preparava para seguir seu caminho e levar a pequena porção de água que conseguiu para sua mãe, viu que uma velha índia se aproximou e pediu um pouco de água para saciar sua sede, a índia solidária presenteou a velha índia com a metade de sua água limpa e filtrada, após beber a velha índia exclamou que deste dia em diante este poço se fartará de água em abundância e transformará em um belo lago para ninguém mais morrer de sede, após bendizer essas palavras sumiu dos olhos da índia Yvoty-Porã, e desta forma surgiu à laguna Punta Porã. 

    As caravanas de tropeiros vindos de todos os lugares utilizavam a laguna Punta Porã como parada, faziam seu comércio, reabasteciam com suprimentos para seguir viajem, mas em roda de amigos sempre tinha um bom violeiro e um contador de causo que narrava aos viajantes à lenda da Flor do lago, o causo de uma bela índia conhecida como Yvoty-Porã (flor-bonita) que se apaixonou por um tropeiro que passava com seu cavalo tocando uma viola encantando a bela índia Yvoty-Porã, sua tribo não concordava com relacionamento dos dois, um dia o tropeiro foi morto ao tentar roubar a índia Yvoty-Porã, que inconformada com a morte de seu amado tropeiro se atirou no lago e nunca mais foi encontrada.

    Os antigos estancieiros da região e moradores que rodeavam a Laguna Punta Porã, diziam que em noite de lua cheia e um belo céu estrelado, que refletiam no espelho d’água da Laguna Punta Porã, se escutava o som de uma bela viola e se avistava uma canoa que deslizava lentamente pela laguna, e dentro dela o tropeiro apaixonado e a bela índia Yvoty-Porã, do mesmo jeito que surgia desaparecia.

    E desta forma começou à lenda da Flor do lago e seu amor impossível, que conta uma bela, mas trágica história de amor que ultrapassa as gerações encantando os fronteiriços, há quem acredite e também quem duvide na atualidade, rememorar as lendas é instigar o imaginário das novas e futuras gerações, mantendo-se viva seus aspectos culturais de outras épocas.

    “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”. Friedrich Nietzsche