Hóspede tentou se defender antes de ser morto por lutador, diz polícia

Lutador prestou depoimento à polícia por quase 2 h nesta quarta-feira (22).Engenheiro de SP teve quarto invadido e foi morto hotel de Campo Grande.

delegado de Polícia Civil Miguel Said, titular da 1ª DP
Reprodução/Vídeo

Três dias depois da morte do engenheiro Paulo César Oliviera em um hotel de Campo Grande, o suspeito do assassinato, o lutador Rafael Martinelli Queiroz, foi ouvido pela Polícia Civil nesta quarta-feira (22) e confessou o crime. Durante depoimento, o suspeito confirmou as agressões e disse que a vítima reagiu e tentou se defender, segundo a polícia.

O delegado de Polícia Civil Miguel Said, titular da 1ª DP, informou que o lutador confirmou que não conhecia a vítima e que arrombou a porta do quarto do engenheiro depois de uma discussão com a namorada sobre a paternidade do filho que ela espera.

Lutador foi preso suspeito de matar hóspede de
hotel em MS (Foto: Reprodução/ TV Morena)

"Confirmou que houve desentendimento com a então namorada, dentro de um dos quartos do hotel, e que um dos fatos geradores da discussão seria sobre a paternidade da criança que ela está esperando [..] Disse também que saiu desnorteado, haja vista que não conhecia a vítima e não sabia o motivo por qual estava lá [no quarto da vítima]. Agora é desproporcional a compleição física de Rafael com a vítima Paulo", disse Said, referindo-se à estrutura do lutador, que pesa cerca de 140 kg e tem quase 2 metros de altura.

Rafael também confessou que agrediu a namorada, mas entrou em contradição sobre alguns fatos durante o interrogatório, segundo Said. O depoimento do lutador durou cerca de duas horas. A namorada do rapaz, Carla Dias Medeiros disse que o lutador estava alucinado e alterado.

Paulo César de Oliveira, de 48 anos, morava em
Batatais (SP) (Foto: Reprodução/EPTV)

"[Rafael} Disse que de algumas coisas se recorda, outras coisas não se recorda. Então, o que tem que deixar bem claro é que as circunstâncias, o motivo e autoria já foram esclarecidas. A polícia não tem dúvidas quanto a esse episódio", afirmou.

O inquérito deve ser concluído no prazo de 10 dias, conforme o delegado, porque neste caso o suspeito já está preso desde o dia do crime. A namorada do lutador também já foi ouvida pela polícia.

A polícia disse que ainda não recebeu as imagens das câmeras de segurança do hotel, que mostram a namorada fugindo e o lutador procurando por ela. Segundo a polícia, outras câmeras também registraram quando Rafael quebrou objetos e móveis do hotel.

O lutador não prestou depoimento antes por conta do estado emocional. "Ele oferecia risco tanto para os próprios policiais como a própria integridade física dele", informou. A defesa do suspeito disse que só vai se posicionar depois dos laudos médicos e que Rafael deve passar por avaliação médica de psiquiatras e clínicos gerais.

Morte 'de graça'

O crime aconteceu em um hotel na avenida Afonso Pena, no bairro Amambaí, depois de uma discussão entre Rafael e a namorada Carla Medeiros Dias, 24 anos. Segundo a Polícia Civil, o engenheiro era vizinho de quarto, não conhecia o casal e estava na capital de Mato Grosso do Sul a trabalho. Ele morreu depois de ser espancado e agredido com golpes de cadeira.

O lutador, 27 anos, que é de Valparaíso (SP), estava na cidade para participar, na noite de sábado (18), de um campeonato de jiu-jitsu na categoria faixa preta acima de 90 quilos. Ele pesa cerca de 140 kg e tem quase 2 metros de altura, conforme a polícia. Na ocasião, não chegou a competir.

Ainda segundo a polícia, o hóspede foi morto "de graça" pelo lutador, que entrou no apartamento da vítima a procura da namorada, que tinha fugido do quarto do casal depois de ser agredida.

As câmeras de segurança mostram a namorada saindo do quarto e o lutador procurando por ela. Ela está grávida de dois meses e disse que Rafael já estava alterado horas antes do crime. A defesa diz que o comportamento agressivo do lutador surpreendeu a família e amigos dele.

A vítima completaria 49 anos no dia seguinte ao crime e não conhecia o suspeito, segundo a Polícia Civil. Ele foi velado e enterrado em Batatais (SP). O delegado de Polícia Civil, Tiago Macedo, que atendeu ao caso, classificou o suspeito como bastante violento e disse que o lutador mataria quem encontrasse pela frente.

Indiciamento

O caso foi registrado como homicídio doloso qualificado por motivo fútil, pela traição, emboscada ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima; lesão corporal dolosa (violência doméstica); resistência e dano qualificado por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima.