'Tudo aquilo que afeta a vida do PT influenciou nas eleições', disse. Em entrevista ao G1, senador canta música que marcou mandatos.
O senador Eduardo Suplicy (PT), que há 24 anos consecutivos ocupa uma cadeira no Senado Federal, não conseguiu se reeleger para o seu 4º mandato após ser derrotado pelo tucano José Serra. Suplicy acredita que escândalos associados ao PT, como o mensalão e a Petrobras, tenham influenciado na redução de seus votos nesta eleição.
Além de falar de temas polêmicos e avaliar os mandatos em entrevista ao G1, o senador cantou a música 'Blowing in the Wind', de Bob Dylan, sua canção favorita e que marcou sua passagem pelo Senado (veja vídeo acima).
“De alguma forma, como eu sou do Partido dos Trabalhadores, tudo aquilo que afeta a vida do PT de alguma maneira influenciou o resultado das eleições, sejam problemas do mensalão ou referente a Petrobrás. Isso não há dúvida que, de alguma forma, afetou a preferência dos eleitores pelo PT”, afirmou o senador petista em entrevista ao G1 na tarde desta segunda-feira (6/10) em sua residência nos Jardins, região nobre de São Paulo.
Conhecido como um político de opiniões próprias que, muitas vezes, contraria os interesses do partido, ele diz que procura agir em harmonia com o PT. "Foram raras vezes, poucas, tais como quando senti na minha consciência que seria adequado assinar o requerimento da CPI dos Correios", lembrou ele sobre a investigação que deu origem ao processo do mensalão.
No entanto, Suplicy defendeu sua permanência no caminho, apesar das denúncias de corrupção que vão de desencontro aos seus ideais e princípios. “Mas eu sou do PT, aceitei ter participado da vida do partido desde a fundação e se erros são cometidos dentro de uma família ou de uma organização você não precisa deixar a família, você propõe medidas para corrigir e prevenir que esses erros não aconteçam outra vez”, explicou.
Segundo ele, uma das medidas para tornar o processo eleitoral transparente é um projeto de lei proposto por ele para identificar todas as pessoas físicas e jurídicas que fazem doações para campanha políticas.
Questionado se está pagando por um erro que não cometeu pelo fato de não ter sido reeleito, ele respondeu. “O PT, sobretudo aqui em São Paulo, foi afetado por essas circunstâncias todas [de corrupção] e seria importante nós refletirmos sobre isso.”
Quando perguntado se acredita que José Serra cumprirá todo o mandato como senador, respondeu de forma áspera.“Ele que tem que responder por isso. O meu compromisso, colocado diversas vezes na campanha e no horário eleitoral, é que eu se fosse eleito teria cumprido os 8 anos de mandato”, disse.
O senador não quis mencionar as possibilidades de assumir alguma secretaria da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) ou de um eventual segundo mandato da presidente Dilma. "isso não é uma decisão minha e nem estou reivindicando qualquer cargo. Deixe as coisas acontecerem", afirmou.
Futuro
Acostumado a almoçar durante reunião de trabalho para não perder tempo, o petista terá uma vida bem mais tranquila a partir de 1º de fevereiro de 2015, data em que encerra seu mandato.
“Eu tenho uma vontade enorme de me dedicar mais profundamente ao estudo de economia, que é a minha área de trabalho”, disse. Ele também pretende voltar a lecionar. Ele foi convidado para dar um curso de 30 horas na USP Leste por professores de Administração Pública sobre garantia de renda, no próximo semestre.
Músicas
Entre as canções que marcaram sua vida durante os 24 anos de trajetória em Brasília, Suplicy mencionou ‘Um homem na estrada’ dos Racionais Mc’s, composta por Mano Brown e 'Blowing in the Wind', de Bob Dylan.
O letra do rap brasileiro foi citado em discurso durante sessão no plenário em 2007, quando arrancou risadas dos colegas. Na ocasião, o senador estava na sessão da Comissão e Constituição e Justiça que discutia o projeto de redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. O voto de Suplicy foi contrário à redução da maioridade.
O momento em que o senador paulista provocou mais gargalhadas foi quando interpretou disparos de um revólver. "Pá, pá, pá", gritou, gesticulando e virando-se bruscamente para trás como se tivesse uma arma na mão.
O presidente da comissão na época, o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), não se conteve e também riu. Arthur Virgílio (PSDB-AM) levantou as mãos ao alto e depois aplaudiu.
Já o clássico de Bob Dylan foi usado durante um pronunciamento que fez em forma de apelo para o presidente George W. Bush em 2002, ocasião em que pediu para o líder americano não desencadear uma intervenção militar que provocaria a guerra no Iraque.
Do G1 São Paulo/JE
Por: Tatiana Santiago
Por: Tatiana Santiago
