CAMPO GRANDE (MS),

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    15/10/2014

    Rebelados aceitam acordo e prometem encerrar rebelião no PR

    Motim iniciou na segunda (13/10), na Penitenciária Industrial de Guarapuava. Estado informou que 28 presos serão transferidos para outras unidades.


    Rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) passa de 47 horas
     (Foto: Fernando Parracho/RPC TV)

    Depois de 46 horas, a rebelião na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), na região central do Paraná, apresenta o primeiro indicativo de que pode estar chegando ao fim. Conforme a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), por volta das 10h desta quarta-feira (15/10), os presos concordaram em terminar a rebelião assim que 28 detentos sejam transferidos. A Seju já iniciou o processo de transferência para uma penitenciária de Santa Catarina e outras unidades do interior do Paraná, que não serão divulgadas.

    A rebelião começou às 11h30 de segunda-feira (13) quando presos renderam 13 agentes penitenciários e outros detentos durante o transporte para um canteiro de trabalho. Até as 10h desta quarta, a Seju informou que nove agentes continuavam sob o poder dos presos. No entanto, o tenente da Polícia Militar (PM), Fábio Zarpellon, afirma que o número de agentes reféns continua sendo dez, desde que o último foi libertado na noite de terça-feira (14).

    Segundo Zarpellon, além da transferência dos presos, outras reivindicações foram ajustadas, como melhorias na alimentação e nas condições físicas dos detentos. O tenente ainda informa que os demais pedidos estão sendo analisados. “A partir disso, os presos concordaram em se entregar de maneira pacífica, mas vai levar algum tempo até que os policiais consigam entrar na penitenciária e trabalhar de forma segura para todos”, explica. O processo de rendição iniciou por volta das 9h. "Agora, começa o processo de maior risco, mas acreditamos que até o fim do dia a rebelião tenha chegado ao fim", acredita.

    A penitenciária abriga 240 detentos e trabalha com um modelo em que os presos podem estudar e trabalhar no local. Esta é a primeira rebelião na PIG, que foi inaugurada há 15 anos. Conforme a vice-presidente do Sindarspen, a unidade já foi exemplo de penitenciária para o país. "Na PIG, só entravam presos que gostariam de se ressocializar. Existia uma seleção para isso. Hoje, não existem mais critérios. Entram presos perigosos, que participaram de outras rebeliões, e que conseguem disseminar a revolta entre os outros detentos quando algo não os deixam satisfeitos lá dentro", alega.

    21 rebeliões em 10 meses

    O ano de 2014 tem sido marcado por diversas rebeliões no Paraná. Em 10 meses, presos se rebelaram 21 vezes em várias cadeias e penitenciárias do estado. O período mais violento foi entre agosto e setembro. Em menos de um mês, cinco motins foram registrados. No fim de agosto, detentos da Penitenciária Estadual de Cascavel, no oeste do estado, fizeram um motim que durou 45 horas e deixou cinco pessoas mortas e muita destruição na unidade. O espaço não estava superlotado antes da rebelião, mas foi preciso transferir mais de 800 presos, devido à destruição das celas e corredores.

    No dia 7 de setembro, foi a vez da Cadeia Pública de Guarapuava, quando 14 detentos renderam três agentes penitenciários. Eles exigiam a transferência de alguns dos presos, já que o local estava com superlotação. O pedido foi atendido e o motim se encerrou após nove horas.

    Ainda houve a rebelião na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste (Peco), no noroeste paranaense, no dia 10 de setembro. A unidade recebeu 124 detentos da Penitenciária de Cascavel, após o motim do fim de agosto. Mesmo assim, não havia superlotação. Segundo a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Paraná (Seju), o presídio pode receber até 1.108 presos, mas abriga 844.

    Nos dias 16 e 17 de setembro, presos da Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, realizaram uma rebelião por mais de 24 horas. Os presos renderam os funcionários enquanto eles serviam o café da manhã e dominaram duas galerias do presídio. Dois agentes penitenciários foram feitos reféns. Uma das reivindicações dos presos era de que fosse construído um muro para que os presos faccionados, que pertencem a facções criminosas, ficassem separados dos demais.

    A Seju informou que a construção do muro era inviável, mas disse que reforçou a grade que separa os blocos. Os presos também receberam 50 colchões para repor os que tinham sido queimados na última rebelião, no dia 12 de setembro.



    Do G1 PR/JE
    Por: Adriana Justi e Silvia Cordeiro