Presença feminina em cargos de liderança ainda é inexpressiva no país
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| Mulheres ainda são minoria na liderança das empresas brasileiras Foto: Gustavo Stephan / Agência O Globo |
RIO — As mulheres ainda são uma pequeníssima minoria na liderança das melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Dados da edição 2014 da pesquisa conduzida pelo Great Place to Work revelam que apenas nove das 130 organizações premiadas este ano a nível nacional, ou seja, 6,9%, têm CEOs ou presidentes do sexo feminino. Uma pequena queda em relação ao ano passado, quando 11 das melhores empresas do país eram lideradas por elas.
Embora a presença feminina no comando das empresas ainda seja muito baixo, Bruno Mendonça, responsável por Conteúdo do Great Place do Work, acredita que, como um todo, o cenário tem melhorado ao longo dos últimos 20 anos. Ele, inclusive, cita um estudo da consultora Grant Thornton, segundo o qual a proporção de mulheres ocupando cargos de CEO aumentou consideravelmente entre 2012 e 2013: subiu, no período, de 9% para 14%, em todo o mundo, e de 3% para 14%, no Brasil.
— Acreditamos que esta evolução tende a continuar. Falando apenas das empresas premiadas pelo GPTW, em 1997 — primeira edição da lista nacional —, as mulheres representavam apenas 11% dos cargos de gestão de maneira geral. Entre as premiadas de 2014, esse número salta para 40%.
Outro ponto favorável, segundo Mendonça, é que as mulheres passaram a ser mais qualificadas que os homens: dados do IBGE revelam que a parcela de mulheres ocupadas com nível superior é de 19,6%, enquanto que a dos homens é de 14,2%. E é fato que a demanda por maior qualificação no mercado de trabalho tem sido cada vez maior, principalmente para os cargos de gestão:
— Pensando assim, vemos um horizonte cada vez mais aberto nos cargos de gestão para o público feminino porque, de fato, elas estão mais qualificadas que os homens e isso pode ser um grande diferencial para o futuro.
Mas que habilidades e valores são essenciais para que as mulheres conquistem cargos de gestão e cheguem à presidência das empresas? Visão holística e estratégica sobre a empresa no curto, médio e longo prazos; conhecimento profundo sobre o mercado em que atua; e a capacidade de liderar, inspirar e engajar pessoas são algumas das características que não podem faltar em quem ocupa o cargo mais alto da empresa, diz Mendonça:
— Estes valores, na verdade, devem estar presentes independentemente de o CEO ser homem ou mulher. As mulheres ainda enfrentam uma dificuldade a mais: a conciliação da vida pessoal com a profissional.
Mendonça ressalta que, no caso das profissionais que trabalham nas “Melhores Empresas do Brasil”, o que vem fazendo a diferença são as oportunidades de desenvolvimento e crescimento na carreira que essas organizações proporcionam para o público feminino. Algumas delas têm, inclusive, programas e comitês específicos para as mulheres, que estabelecem como objetivo promover a atração e a retenção do público feminino, além de fixar metas de preenchimento dos cargos de gestão com mulheres, buscando uma equidade cada vez maior entre os gêneros.
— Além de estarem mais presentes no mercado de trabalho e de apresentarem um nível de qualificação cada vez maior, essas organizações estão fazendo esse “algo a mais” para as mulheres e acreditamos que os resultados disso aparecerão inevitavelmente num futuro próximo.
Participação feminina no geral
A análise da participação feminina nas 130 companhias premiadas nacionalmente pelo Great Place to Work gerou um subranking das 20 empresas com a maior porcentagem de mulheres em relação ao total de funcionários. Na primeira posição está a Apetit (90,5%), empresa de serviços de alimentação com sede em Londrina (PR), seguida de Edmundo Vasconcelos (79,4%) e do Laboratório Leme (78,4%). Completam a lista as seguintes empresas: Clamed (77,4%); ABA (76,2%); Atento (75,4%); Laboratório Sabin (74,8%); Dudalina (74,1%); Cultura Inglesa (70,8%); Unimed Rio (70,4%); SJ Adm. de Imóveis (68,8%); Teleperformance (68,6%); Unimed Ceará (67,3%); Losango (67,2%); Grupo Seg. BB e Mapfre (64,2%); Marelli (63%); Algar Mídia (62,5%); SICOOB Metropolitano (60,8%); Unicred Ceará Centro Norte (60,7%); e Itaú Unibanco (59,7%).
Perfil dos CEOS das Melhores Empresas
A pesquisa revelou, ainda, que a maioria dos CEOs das empresas premiadas tem, em média, 52 anos de idade, 32% com formação superior na área de engenharia, 29% em administração de empresas e 6% em economia. A média de tempo de permanência dos executivos no cargo de CEO, no Brasil, é de sete anos, tempo superior à média internacional apontada em estudos globais para as empresas em geral, que é de cinco anos.
De acordo com Ruy Shiozawa, presidente do Great Place to Work Brasil e coordenador da pesquisa que é conduzida há 18 anos, 65% dos executivos tornaram-se CEOs depois de fazer carreira na respectiva empresa.
— A pesquisa revela que os líderes das melhores empresas demoraram, em média, 13 anos para chegar ao cargo, e 22% foram contratados, diretamente, para exercer a função de principal executivo da organização — detalha Shiozawa, acrescentando que 13% dos presidentes são os fundadores das premiadas.
Ranking nacional
A divulgação do ranking das Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil acontece na próxima segunda-feira, dia 18. Este ano, a pesquisa nacional, que avalia o índice de confiança dos funcionários com o ambiente de trabalho e a análise das melhores práticas de gestão de pessoas, contou com a participação recorde de 1.276 empresas.
Na semana passada, foi divulgada a lista das melhores empresas para trabalhar no Rio. Este ano, 35 organizações compõem o ranking das top do Estado do Rio, e a divisão por porte, inaugurada na edição de 2013, se mantém. São dois grupos: o das empresas que têm até mil funcionários e as que contam com mais de mil. As grandes vencedoras de 2014 são, respectivamente, a unidade da rede de hotéis JW Marriott no Rio e a Losango, empresa de soluções financeiras e crédito pessoal, que repete o primeiro lugar de 2013.
Fonte: OGlobo/JE
Por: O GLOBO
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