CAMPO GRANDE (MS),

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    29/07/2014

    Norte-americano que fez transplante facial será capa de revista

    Norris tenta levar uma vida normal após o transplante facial
     Foto: Reprodução / Dan Winters / GQ Magazine

    Em vez de uma estrela de cinema, um astro de rock ou um atleta medalhista, a capa da revista GQ de agosto trará um sucesso do universo da medicina: o norte-americano Richard Lee Norris, primeira pessoa no mundo a receber um transplante facial completo. A reportagem mostra que, apesar de ter se tornado praticamente uma celebridade há dois anos, quando fez a cirurgia, sua vida atual não é o milagre que se proferia.

    As fotos mostram Norris antes do acidente (esquerda), antes do transplante, e a evolução depois
     Foto: AP

    “Quando eu era desfigurado, ficava surpreso de que tantas pessoas virassem para me encarar nas ruas”, disse ele à revista. “Agora, ninguém presta atenção. A não ser que saibam quem eu sou, eles não têm ideia de que sou paciente de um transplante facial. Era exatamente a nossa meta”, resumiu. Em 1997, Norris acidentalmente deu um tiro em seu próprio rosto enquanto discutia com sua mãe em casa. Apesar de ter sobrevivido, ele ficou desfigurado e passou a viver recluso com os pais em Hillsville, na Virgínia, Estados Unidos. Foi o cirurgião plástico Eduardo Rodriguez que fez a proposta de fazer a cirurgia que mudaria para sempre a vida de Norris.

    Richard Norris recebe acompanhamento médico
     Foto: Patrick Semansky / AP

    Nova vida

    Mesmo assim, ele não tem uma rotina que se possa definir como “normal”. Ele não consegue fazer muitos movimentos com o rosto e tem dificuldades de falar. Dois anos após o transplante, Norris ainda toma dezenas de remédios imunossupressores todos os dias para evitar a rejeição do corpo à nova face. Além disso, não pode fumar, beber, dirigir, tomar sol ou sequer ficar gripado. “Todos os dias eu acordo com aquele medo: É hoje o dia em que eu vai haver uma rejeição tão grave que os médicos não poderão contornar?”, teme.

    Segundo a reportagem, ele já rejeitou o rosto duas vezes, e teve que ser levado às pressas ao hospital para tomar remédios intravenosos. Em um caso mais severo, dificilmente o jovem conseguiria sobreviver, já que muito pouco do rosto é originalmente seu.

    Richard Norris pretende encorajar pessoas que se encontram na mesma situação em que ele estava
     Foto: Patrick Semansky / AP

    Sem muitos meios financeiros, a família continua vivendo na mesma casa afastada em que morava antes da cirurgia. Foi lá que, pela internet, Norris fez vários amigos, entre eles sua namorada, de Nova Orleans, que nunca viu pessoalmente.

    Cirurgia

    O transplante facial foi realizado em março de 2012 no Centro Médico da Universidade de Maryland. A cirurgia durou 36 horas e consistiu na retirada de toda a pele, veias e nervos da face de Norris e a sobreposição do rosto de um cadáver. O doador foi Joshua Aversano, de 21 anos, que morreu atropelado em Maryland. A junção dos tecidos foi feita na região dos olhos, no pescoço e no alto do couro cabeludo. Até mesmo a língua, os dentes e os pelos faciais de Norris vieram do doador.

    Richard Norris ainda frequente o hospital
     Foto: Patrick Semansky / AP







    Fonte: Extra/JE