CAMPO GRANDE (MS),

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    03/07/2014

    Menos popular, cheque resiste e valor médio dobra em sete anos

    Meio ainda é usado para cirurgias plásticas e turismo, segundo empresa


    Dentistas como Henrique Goulart são uma das categorias que ainda usam cheques
    Foto: Marcelo Carnaval / O Globo

    RIO - O cheque manda avisar que as notícias sobre sua morte foram muito exageradas. Embora a quantidade de transações com talão tenha caído 35% de 2007 a 2013 — para 1,3 bilhão, um quarto do uso do cartão de débito —, o valor médio das operações mais que dobrou no período, atingindo R$ 2.244. Segundo o Banco Central (BC), o montante que circula por meio de cheques em um ano já é de R$ 2,3 trilhões, 35% a mais que há sete anos. A sobrevivência de um meio de pagamento analógico em uma economia cada vez mais digital é resultado do seu poder de adaptação.

    O cheque evoluiu de um meio de pagamento à vista para um instrumento de crédito, diz Flávio Peralta, vice-presidente comercial da Telecheque, especializada em avaliar a confiabilidade de cheques no varejo. Por isso, os talões ainda têm força quando o gasto é alto e programado (cirurgia plástica e viagem, por exemplo), pois eles não têm limite de financiamento e contam com parcelamento mais flexível em relação ao cartão.

    — Hoje, ninguém mais paga a conta do restaurante com cheque. As transações à vista realmente caíram muito. Mas ele vai crescer como forma de crédito em segmentos como saúde e turismo — diz Peralta.

    No consultório do dentista Henrique Goulart, no Centro do Rio, um quinto dos tratamentos ainda é pago com cheque:

    — Não vejo muita diferença entre cartão e cheque. No cheque, tenho a vantagem de não pagar a taxa da operadora do cartão, mas, por outro lado, às vezes recebo cheques sem fundo.

    IMPORTANTE PARA BAIXA RENDA

    Na operadora de turismo CVC, os cheques respondem por 4% das transações. Segundo Luiz Fernando Fogaça, vice-presidente da empresa, aceitar cheques é uma maneira de se diferenciar dos sites, que não têm essa possibilidade. Na Faz Tudo, uma pequena empresa da Zona Norte que oferece serviços de reforma, os clientes ainda pedem para pagar com cheque em situações de emergência.

    — Preferimos o cartão, porque temos total garantia de que vamos receber. Mas aceitamos o cheque para não perder o cliente — diz Elias Souza, dono da Faz Tudo.

    Apesar de muitos lojistas o considerarem uma opção arriscada, a inadimplência do cheque é baixa. Nos primeiros quatro meses deste ano, o percentual de devolução de cheques foi de 2,11%, praticamente igual ao registrado no mesmo período de 2013 (2,09%), diz a Serasa Experian. Para Miguel Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, o cheque jamais acabará:

    — Ele continuará sendo um instrumento de crédito importante para o comércio, sobretudo entre os consumidores de baixa renda. Muitas vezes o orçamento pequeno faz com que não tenha dinheiro na conta, ou que este esteja tomado por outras despesas.






    Fonte: OGlobo/JE
    Por: Rennan Setti