CAMPO GRANDE (MS),

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    29/04/2014

    Massa lembra autógrafo negado por Senna, mas exalta: "Surrava o Prost"

    Único brasileiro na F-1, Felipe nega pressão por vir após Ayrton e diz que frustração com ídolo da infância serviu de aprendizado: "Sempre procuro atender as crianças"


    Felipe Massa criança, em Botucatu 
    (Foto: Reprodução / TV TEM)
    Na semana em que completam-se 20 anos do adeus a Ayrton Senna, Felipe Massa – atualmente o único representante do Brasil na Fórmula 1 – relembrou sua relação com o maior vencedor do país na categoria. Uma história que começou como idolatria, mas foi abalada na única vez em que se encontraram pessoalmente. Era fim da década de 1980. Massa era um garoto, quando avistou Senna – que já fazia sucesso na F-1 – em um bar no iate clube de Ilhabela. Um autógrafo negado, porém, causou uma grande decepção naquele pequeno fã que hoje, maduro e com carreira renomada, classifica o episódio como aprendizado:

    - Esse episódio ocorreu em Ilhabela e foi a única vez que tive contato com ele. Claro que fiquei decepcionado, mas mais tarde comecei a entender que talvez ele apenas não estivesse num bom dia. Foi também um aprendizado para mim. Sei como as crianças gostam da proximidade com seus ídolos e procuro sempre atendê-las quando me procuram – explicou Massa, que em entrevistas anteriores admitiu ter passado a torcer para Nelson Piquet naquela época.

    Decepção à parte, o frustrante encontro não fez Massa deixar de reconhecer o talento do tricampeão. Perguntando se Senna pode ser considerado o melhor piloto de todos os tempos, Felipe, que foi companheiro de gigantes como Michael Schumacher e Fernando Alonso, não teve dúvidas:
    - Sem dúvida, mesmo levando em conta regulamentos, carros, épocas diferentes. Ele foi um piloto fantástico, não apenas nas corridas, mas especialmente nos treinos classificatórios. Ele surrava um companheiro como o Alain Prost, que pesava 10 quilos a menos e já entrava na pista com uma vantagem de três décimos em relação ao Ayrton – ressaltou Massa, relembrando os duelos de Ayrton com seu maior rival, o francês Alain Prost.

    - Ele foi um dos maiores esportistas produzidos pelo Brasil, talvez ao lado do Pelé, e a tragédia ajudou a ampliar esse mito. Ele foi o mais completo piloto que já surgiu e será sempre lembrado, principalmente por aqueles que o viram correr e vão transmitir toda essa admiração à garotada que nem era nascida ou era muito nova quando ele morreu – complementou.

    Felipe Massa relembrou os duelos épicos entre Ayrton Senna e Alain Prost
    (Crédido: Getty Images)

    E naquele fatídico 1º de maio de 1994, do acidente de Ímola que tirou a vida de Senna, Massa tinha 13 anos e lembra-se exatamente de como foi o dia.

    - Senna já era um ídolo de toda a garotada que estava começando, embora a gente conhecesse também a história vitoriosa dos pilotos que o antecederam, como o Piquet e o Emerson. A tragédia teve um impacto muito grande, claro, porque ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer e porque o Senna era o grande nome da Fórmula 1. Eu estava vendo a corrida na minha casa em Botucatu e a princípio achei que a batida nem havia sido tão violenta. Depois, à medida que as notícias foram surgindo dando conta da gravidade do acidente, ficamos o dia todo grudados na televisão.

    Em comum entre Senna e Massa está a paixão por carregar as cores do Brasil. No capacete de ambos, o verde, o azul e o amarelo. E enquanto o tricampeão ficou famoso por carregar a bandeira brasileira nas vitórias, o atual representante do país na Fórmula 1 quebrou o protocolo da Ferrari ao correr – e vencer – em Interlagos com um macacão verde e amarelo em 2006. Patriotismo que, segundo Massa, não tem influência direta de Senna:

    - Ayrton sempre foi ligado às cores brasileiras, assim como eu também sempre fiz questão de exaltar o meu amor ao País, usando o capacete com as cores de nossa bandeira. Mas são características pessoais de nós dois. No meu caso, não houve uma influência direta dele.

    Ayrton Senna eternizou o gesto de carregar a bandeira brasileira após as vitórias
    (Foto: Norio Koike/ASE)

    E por falar em paixão em representar o país, Massa é, ao lado de Rubens Barrichello, o brasileiro de maior sucesso após a era Senna. O paulista de 33 anos garante que os feitos do tricampeão não o pressionar diretamente, mas sim forte cobrança da torcida.

    - Nunca passou pela minha cabeça essa responsabilidade de suceder um piloto diferenciado como o Ayrton. Isso nunca foi um peso para mim. O que sempre existiu é aquela pressão da torcida brasileira por vitórias, já que até o segundo lugar por aqui é encarado como derrota. Mas isso acontece em todos os esportes. A torcida brasileira é muito exigente e sempre cobra resultados. Mesmo que o Ayrton não tivesse existido, a pressão seria a mesma.

    Já Felipe Massa emocionou o país ao vencer em Interlagos com macacão verde e amarelo
    (Foto: Getty Images)

    Semana #SennaSempre

    Nesta semana em que completa-se 20 anos do adeus a Ayrton Senna, o GloboEsporte.com apresenta matérias especiais em homenagem ao ídolo brasileiro, entrevistas exclusivas, além de cobertura "in loco" do "Ayrton Senna Tribute 1994/2014”, evento de quatro dias que será realizado em Ímola em memória ao tricampeão. Fique ligado e confira tudo em nossa página especial “Senna para Sempre”.

    Cartaz de divulgação do evento Ayrton Senna Tribute em Ímola
    (Foto: Divulgação)



    Fonte: GE/JE
    Por: Felipe Siqueira - Rio de Janeiro