CAMPO GRANDE (MS),

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    18/04/2014

    Bebês são racistas, sugere estudo

    Não é preconceito, eles apenas preferem se unir e favorecer pessoas com características parecidas com as suas

    Pesquisa com bebês de 15 meses também constatou que eles preferem brincar com pessoas justas

    Testes com bebês de 15 meses mostrou que eles preferem se unir com pessoas da mesma etnia
    SERGEY PONOMAREV / NYT

    SEATTLE - A atração por similares é um instinto natural. Em testes com bebês de 15 meses, pesquisadores da Universidade de Washington em Seattle, nos Estados Unidos, constataram que eles são capazes de diferenciar etnias e tendem a se unir com semelhantes. É o que os cientistas chamam de “viés de grupo”.

    O estudo também mostrou que, independente da cor, os bebês são mais propensos a escolher companheiros justos. Mas se a injustiça favorecer alguém de sua etnia, o “viés de grupo” fala mais alto novamente, e o conceito de justiça é deixado de lado na hora escolher um parceiro para brincar.

    As conclusões foram obtidas após dois testes com bebês de 15 meses. No primeiro, 40 bebês brancos assistiram dois pesquisadores dividindo brinquedos. Um fazia a divisão de forma igual e outro, desigual. Na hora de escolher com quem iriam brincar, 70% das crianças optaram pelo pesquisador justo.

    No segundo experimento, 80 bebês brancos viram dois pesquisadores dividirem brinquedos para um branco e um asiático. As crianças foram divididas em dois grupos: metade assistiu um dos pesquisadores beneficiar o destinatário branco e outra metade viu a maior quantidade de brinquedos ser entregue ao asiático.

    A maioria dos que haviam visto o branco se beneficiar preferiu o pesquisador injusto, mostrando que as crianças tendem a ajudar aqueles com características parecidas com a suas.

    - Nós sabemos que na idade pré-escolar as crianças mostram um “viés de grupo” para etnias, mas os resultados em crianças têm sido mistos - disse Jessica Sommerville, principal autora da pesquisa, ao “Telegraph”. - É surpreendente ver essas características de valorização da justiça tão cedo, mas, ao mesmo tempo, nós também estamos vendo que os bebês têm preocupações automotivados.

    O estudo foi publicado na revista “Frontiers in Psychology“ e, segundo os pesquisadores, mostra que os bebês levam em consideração tanto a etnia quanto interesses pessoais na hora de escolher parceiros de brincadeira.

    - Se para todos os bebês a justiça fosse o mais importante, então eles sempre escolheriam o distribuidor justo, mas também estamos vendo que eles estão interessados ​​em consequências para os membros do próprio grupo - ressaltou Jessica.

    No entanto, a autora afirma que a palavra racismo no estudo não é utilizada em referência ao preconceito.

    - O racismo tem a conotação de hostilidade e não é isso que nós estudamos - afirmou Jessica. - O que o estudo mostra é que os bebês usam distinções básicas, incluindo a etnia, para começar a separar o mundo em grupos nos quais eles são ou não integrantes.



    Fonte: OGlobo/JE