Um dos detidos confessou ter visto Nísio Gomes ser atingido por tiro.
Entre os indiciados, estão produtores rurais e seguranças de empresa.
Cacique Nísio Gomes (Foto: Eliseu Lopes/BBC) |
A Polícia Federal em Ponta Porã, a 346 km de Campo Grande indiciou 18 pessoas por envolvimento na morte do cacique Nísio Gomes, desaparecido desde o dia 18 de novembro de 2011 após ataque ao acampamento indígena Guaiviry, da etnia guarany-kaiwá, em Aral Moreira, extremo sul do estado. Um dos detidos confessou ter visto o índio ser ferido com um tiro e ainda teria participado da retirada do corpo do local.
No dia 4 de julho deste ano, 8 pessoas foram presas na invevtigação do caso, que passou a ser oficialmente tratado como homicídio.
Em nota, a PF informou que os nomes dos indiciados não será divulgado pois o caso tramita em segredo de Justiça. Dentre os presos, 10 pessoas são ligadas a uma empresa de segurança privada de Dourados – proprietários e gerentes – e seis produtores rurais da região de Ponta Porã e Aral Moreira e um advogado.
Segundo a polícia, entre os indiciados, consta um funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), pelo crime de formação de quadrilha e coação no curso do processo, já que teria coagido uma testemunha a mudar o depoimento prestado à polícia.
A PF divulgou que um dos envolvidos viu o momento em que Nísio Gomes foi ferido com um tiro abaixo de uma das axilas. Este homem disse ainda que checou o pulso do índio e constatou que ele estava morto. O suspeito ainda confessou ter participado da retirada do corpo do local, mas não informou com exatidão onde o índio teria sido sepultado. Gomes foi assassinado com tiro de espingarda calibre 12.
Investigação
A polícia diz que os envolvidos tentaram atrapalhar as investigações e pagaram um índio para dizer que Nísio Gomes estava morando em uma aldeia no Paraguai. Como pagamento, além de dinheiro, os produtores rurais teriam prometido ajudar o indígena a se candidatar nas eleições para concorrer a vereador. O índio não faz parte dos indicados por participação no crime.
Crime
Segundo informações do Ministério Público Federal (MPF), havia cerca de 30 indígenas no acampamento, localizado próximo a fronteira com o Paraguai, no momento da invasão. Os indígenas afirmam que aproximadamente 20 homens chegaram ao local em caminhonetes. Eles teriam atirado com armas de balas de borracha. Três pessoas foram atingidas. O cacique Nísio Gomes, de 59 anos, desapareceu e os índios afirmam que ele foi levado pelos invasores.
Do G1 MS