Local onde indígenas encontram-se acampados. |
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul, apresentou denúncias contra 06 Homens em Paranhos, pelo assassinato de dois professores indígenas. As mortes, segundo o MPF, ocorreram durante ataque à comunidade indígena Ypo’i que luta pela demarcação de terras consideradas tradicionais. Os professores guarani Jenivaldo Vera e Rolindo Vera desapareceram em 21 de outubro 2009 e até agora apenas o corpo de Jenivaldo foi encontrado, com marcas de tiros no peito, boiando em um rio perto do local do conflito. Os denunciados pelas mortes são Fermino Aurélio Escolbar Filho, Rui Evaldo Nunes Escobar e Evaldo Luís Nunes Escobar. Entre os acusados estão também um vereador no município, Moacir João Macedo que é também presidente do Sindicato Rural de Paranhos e Joanelse Tavares Pinheiro, ex-candidato a prefeito de Paranhos. Na lista ainda está Antônio Pereira, comerciante da região.
Todos foram denunciados por homicídio qualificado, sem possibilidade de defesa da vítima, além de ocultação dos cadáveres, disparo de arma de fogo e lesão corporal contra Mário Vera, à época com 89 anos, ferido a pauladas nas costas, ombros e pernas. “O MPF entende que há elementos suficientes contra os denunciados para a abertura da ação penal”, avalia órgão em nota oficial.
O procurador da República, Thiago dos Santos Luz, aproveita para criticar o trabalho da Polícia em relação ao caso.
“É intrigante constatar que pelo menos seis indígenas, as únicas testemunhas oculares dos fatos, em depoimentos detalhados, verossímeis e harmônicos, prestados logo após os crimes, tenham expressamente nominado e reconhecido três indivíduos que participaram direta e pessoalmente do violento ataque a Ypo´i e nenhuma delas tenha sido sequer indiciada pela autoridade policial, que concluiu o caso sugerindo o arquivamento. Pergunto-me: quantos testemunhos mais seriam necessários? Depoimentos de índios não valem nada?”.
Apesar da denúncia ter sido entregue em 14 de outubro deste ano pelo Ministério Público Federal, até agora a Justiça de Ponta Porã não decidiu se vai ou não tornar os 6 denunciados em réus. O MPF lembra que estudos de identificação e delimitação da terra indígena Ypo´i foram previstos no TAC – Termo de Ajustamento de Conduta, assinado já há 4 anos entre o MPF e a Funai.
Fonte: fronteiraagora.com.br