CAMPO GRANDE (MS),

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    13/08/2015

    A Política dos Interesses Escusos - Por Wágner Herzog

    O que de fato produz a presença permanente dos Estados Unidos no Oriente Médio

    Ilustração

    Através de seus dois maiores aliados no Golfo Pérsico, Qatar e Kuwait, os Estados Unidos sempre foi capaz de garantir permanentemente sua presença no Oriente Médio, razão pela qual têm sido capaz de observar de perto a evolução de todo o panorama socioeconômico, financeiro e geopolítico da região, dessa forma mantendo ativa sua intrincada e inescrupulosa rede de oportunismos, sempre cercada de argumentos ambivalentes e pérfida diplomacia, – convenientemente tão incongruente e unilateral–, evidentemente jamais perdendo de vista a chance de perpetuar o seu infindável e lucrativo ciclo de ganhos financeiros, especialmente quando o assunto em questão é sua especialidade: a comercialização de armas. 

    Tendo vendido para o Qatar cerca de 11 bilhões de dólares em armamentos, apenas em 2014, e tendo aproximadamente cem contratos ativos exclusivos para venda de armas com o Kuwait, no valor total de 8 bilhões de dólares, a verdade que a América dos cifrões e dos lucros desmesurados tenta silenciar a todo o custo, e desesperadamente varrer para debaixo do tapete, é que a paz é algo terrível para os negócios, e, até onde for possível, perpetuar a guerra, especialmente em uma área tão conturbada e envolta em conflitos como o Oriente Médio, onde fomentar a discórdia é não apenas algo simples, mas parte do processo político, se mostra não somente um elemento fundamental para a economia americana, mas a garantia de que o "sonho americano" continuará em progresso, no mais funesto átrio de sua ignominiosa normalidade, para que, dessa maneira, o Tio Sam continue no seu direito de se manter como o proprietário do mundo. 

    Além de compactuarem com o Diabo pela garantia de preservar sua soberania através do poder bélico, o preço que estas nações acabam pagando por manterem estreitos vínculos com os Estados Unidos é a subsequente americanização a que acabam se sujeitando, e que compromete, virtualmente, em todos os aspectos possíveis, a singularidade do seu caráter cultural. 

    Em ambos os países, o inglês tornou-se a língua franca, especialmente nos setores comerciais e bancários, e no Qatar, mais especificamente, em virtude do inglês ter progressivamente passado a ocupar um espaço cada vez maior na sociedade, cidadãos alarmados deram início a um movimento cultural que destaca a importância do árabe, com o objetivo de impedir sua total supressão pela língua inglesa, que já se mostra uma ameaça cultural evidente. 

    Com a expansão das relações comerciais entre Estados Unidos e Qatar, as oportunidades de lucrativos negócios para os americanos estão se mostrando cada vez mais promissoras, principalmente pelo fato do Qatar estar passando por um período de franca, consistente e contínua prosperidade econômica. 

    Como sanguessugas que jamais perdem uma oportunidade de alimentar seus interesses parasitários, os Estados Unidos hoje vê no Qatar, a nação mais rica do mundo – de acordo com o produto interno bruto em paridade de poder de compra per capita –, um enorme potencial para consolidar fortes e estratégicas parcerias comerciais, capazes de reativar a solidez da decadente economia americana. 

    Com o Qatar atualmente se colocando em uma posição de destaque global, em virtude de sua relevância sociopolítica e geoeconômica, esta belicosa potência do Golfo Pérsico irá sediar a Copa do Mundo de 2022, tornando-se a primeira nação árabe a ter este privilégio.

    Com os laços estreitando-se cada vez mais com os Estados Unidos, ambos os países vem coordenando de forma conjunta iniciativas diplomáticas na região, aparentemente, com o pretexto de reforçar a segurança no Oriente Médio. Não obstante, o Qatar é bem conhecido por financiar diversos grupos terroristas, tanto logisticamente, quanto através da expansiva e conhecida corporação midiática Al Jazeera, o que vem alimentando um dos maiores e mais conflitantes barris de pólvora dentre os estados do Golfo. 

    O mais irônico é que, com todo este ignominioso comércio de armamentos ocorrendo abertamente em todas as frentes políticas, nacionais e comerciais, tais nações ainda tenham o descaramento e a pretensão de afirmar estarem empenhando-se pela paz. 

    Por: Wágner Herzog - CURRÍCULO