CAMPO GRANDE (MS),

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    20/06/2019

    Bolsonaro admite disputar reeleição 'se não tiver uma boa reforma política'

    Presidente havia dito durante campanha que iria acabar com reeleição. 'Se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos.'

    Jair Bolsonaro diz que pode concorrer à reeleição ©REPRODUÇÃO
    O presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu nesta quinta-feira (19) que pode disputar a reeleição em 2022, caso não seja aprovada "uma boa reforma política".

    Após discursar na Marcha Para Jesus, tradicional evento evangélico realizado na Zona Norte de São Paulo, Bolsonaro deu entrevista, e um repórter perguntou: "Presidente, o senhor vai tentar a reeleição?".

    "Se tiver uma boa reforma política eu posso até nesse caldeirão jogar fora a possibilidade de reeleição. Agora se não tiver uma boa reforma política e, se o povo quiser, estamos aí para continuar mais quatro anos", respondeu Bolsonaro.
    Presidente Jair Bolsonaro sobe ao palco da Marcha Para Jesus — Foto: GloboNews/Reprodução
    Mais cedo, quando visitou a cidade de Eldorado (SP), onde passou a infância, Bolsonaro fez uma alusão indireta à possibilidade ser reeleito. “Meu muito obrigado a quem votou e quem não votou em mim. Lá na frente, todos votarão, tenho certeza”, afirmou em discurso.

    Durante a campanha eleitoral, em entrevista ao Jornal Nacional, em 20 de outubro, Bolsonaro falou em acabar com a reeleição, inclusive para ele próprio, caso vencesse a disputa. "Pretendo fazer, vou conversar com o parlamento também, é ter uma excelente reforma política. Você acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo se eu for eleito", afirmou na época.

    Marcha Para Jesus

    Bolsonaro marcou presença na Marcha Para Jesus em São Paulo. Foi a primeira vez que um presidente da República participa da marcha, que está em sua 27ª edição. O presidente agradeceu ao convite de Estevam e Sônia Hernandes, da Igreja Renascer em Cristo, e afirmou que "é muito bom estar entre amigos".

    "Melhor ainda quando esses amigos têm Deus no coração. Porque assim agora nós somos irmãos. Muito obrigado pelo convite. O ano passado eu lhes disse: 'Se Deus quiser, estarei o ano que vem nessa Marcha como presidente da República do Brasil!'. Um presidente que diz que o estado é laico, mas ele é cristão!", disse Bolsonaro.

    Ao público, o presidente afirmou: "Vocês foram decisivos para mudar o destino dessa pátria maravilhosa chamada Brasil. Todos nós juntos compartilhamos dessa responsabilidade. Onde primeiro Deus e depois a família respeitada e tradicional acima de tudo"

    "Eu agradeço a Deus também primeiro por estar vivo, porque foi dele esse dom de me dar pela segunda vez a vida. Agradeço a vocês pelas orações nos momentos difíceis que encontrei pela frente. E Ele nos deu a presidência."

    Moro e Santos Cruz

    Na entrevista após o discurso na Marcha, o presidente voltou a defender o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro. "Eu tenho dito que o senhor Sergio Moro é um patrimônio nacional. Se nós estamos com estatais quebradas, fundos de pensões quebrados, os delatores devolvendo mais de R$ 2 bilhões, o país foi saqueado. Ele fez um excelente trabalho", afirmou.

    Pela manhã, Bolsorano elogiou a atuação do ministro da Justiça, Sergio Moro, na audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, realizada na quarta-feira (19). "Dez pro Moro, o Moro cresceu no meu conceito. Se bem que não podia crescer mais do que cresceu".

    Bolsonaro ainda afirmou que não desconfia do ministro. "Quando você desconfia do teu marido, o que você faz? Eu não estou desconfiado de ninguém".

    Também rebateu as críticas do general Santos Cruz, demitido há uma semana do comando da Secretaria de Governo da Presidência da República que afirmou à revista Época que o governo Bolsonaro perde muito tempo com bobagens. "É um show de besteiras. Isso tira o foco daquilo que é importante. Tem muita besteira", disse Santos Cruz.

    "Não li [a entrevista]", afirmou Bolsonaro. "Santos Cruz é página virada. Ele integrou o governo por seis meses nunca falou que tinha bobagem."

    Demarcação de terras


    Questionado sobre a nova medida provisória para manter demarcação de terras indígenas no Ministério da Agricultura, Bolsonaro afirmou: "Quem demarca terra indígena sou eu, não é ministro. Quem manda sou eu. Eu sou o presidente e assumo ônus e bônus".

    "Nós queremos integrar o índio à sociedade. Uma região maior do que o sudeste já não é suficiente para eles? Nós queremos manter os índios presos em suas reservas como se fossem homens pré-históricos? Eles querem nossa tecnologia, querem dentista, querem médico, internet, carro, as maravilhas que nós temos em casa. Ou querem tratar os índios como algo que não é ser humano? Multados em R$120 milhões pelo Ibama no ano passado porque estavam plantando. Vamos anular essa multa. Não tem mais o Ibama multando os outros por aí, atrapalhando quem quer produzir."


    Por Marina Pinhoni, G1 SP



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