CAMPO GRANDE (MS),

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    21/02/2019

    Aviões usados por traficantes foram alterados para poder abastecer no ar, diz PF

    O maior modelo utilizado pelo grupo podia levar até duas toneladas de drogas e fazer voos intercontinentais. Alterações feitas pela quadrilha podem ter causado a queda de um dos voos.

    PF realiza operação contra o tráfico internacional de drogas — Foto: Divulgação
    A Polícia Federal afirma que algumas das aeronaves utilizadas pela quadrilha de tráfico internacional de drogas alvo da operação Flack nesta quinta-feira (21) foram adulteradas pela quadrilha para poder reabastecer no ar. As alterações feitas pelos mecânicos do grupo podem ter causado pelo menos um acidente, segundo a investigação.

    O caso foi em março de 2017, no espaço aéreo da Venezuela. O avião ficou sem combustível e caiu no mar do Caribe, 20 minutos antes de chegar ao destino.

    Alguns dos aviões utilizados pelo grupo podem fazer voos de longo alcance, inclusive em rotas intercontinentais, mesmo sem nenhuma alteração. O maior modelo supostamente utilizado pelo grupo é o Beechcraft King Air K-350.

    De acordo com o site da fabricante, este modelo de avião é bimotor e tem autonomia de voo de 3.345 km. A PF estima que ele pode transportar até duas toneladas de drogas em alguma situações. Um destes aviões foi apreendido em agosto de 2017 em uma pista de pouso na Guiana com coordenadas para outro aeródromo no Saara Oriental, norte da África.

    O modelo mais utilizado pelo grupo era ligeiramente menor que o King Air. Segundo a PF, o Cessna 210 ganhou a preferência da quadrilha pela versatilidade. Ele pode carregar cerca de 480 km de carga por viagem e tem autonomia de voo de aproximadamente 8 horas, com dois tripulantes a bordo. A fabricante afirma que o alcance deste avião é de até 3.050 km.

    Ainda segundo o relatório da investigação, foram usados também aviões dos modelos Beechcraft Baron, Piper Navajo e Cessna 401. Ao todo, são 47 aeronaves com ordem de apreensão nesta operação.

    Veja a lista de aeronaves utilizadas:

    • Cessna 210: Monomotor. A aeronave mais utilizada, por sua versatilidade. Pode transportar até 488 quilos de carga, com uma autonomia de voo de 8 horas e tripulação composta por dois indivíduos de estatura mediana, além de galões com combustível.
    • Beechcraft Baron: Bimotor. Capacidade de carga estimada em torno de 700 quilos para a mesma tripulação e autonomia de voo.
    • Piper Navajo: Bimotor. Capacidade média de carga de até uma tonelada para a mesma tripulação e autonomia de voo.
    • Beechcraft King Air: Bimotor Turboélice de elevada capacidade de carga, podendo ultrapassar duas toneladas em certas situações. Pode ter autonomia para atravessar continentes. A aeronave PR-IMG, apreendida na Guiana, continha coordenadas de uma pista no Saara Ocidental;
    • Cessna 401: Bimotor. Capacidade de carga e autonomia de voo similar à do Beechcraft Baron. Um destes aviões foi apreendido em maio de 2017 em Rio Verde.
    O esquema

    Segundo a investigação, a quadrilha transportou mais de 9 toneladas de cocaína entre 2017 e 2018, em 23 voos que carregavam 400 quilos da droga, em média, cada um.

    Além de pilotos, a organização contava com mecânicos que adulteravam as aeronaves para aumentar a autonomia dos voos e ocultar o prefixo original dos aparelhos, para despistar as autoridades. O grupo usava Palmas e Porto Nacional, no Tocantins, como pontos de apoio.

    As investigações indicam que a rota do transporte de drogas passava pelos países produtores (Colômbia, Bolívia), países intermediários (Venezuela, Honduras, Suriname e Guatemala) e países destinatários (Brasil, Estados Unidos e União Europeia).

    A operação envolve 400 policiais e conta com o apoio da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar de Goiás. As investigações também tiveram apoio da agência americana DEA (Drug Enforcement Administration) e da agência surinamesa CTIU (CounterTerrorism Intelligence Unit).



    Por João Guilherme Lobasz e Ana Paula Rehbein, G1 Tocantins e TV Anhanguera



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