Governador disse que acordo para pagar conta de Delcídio das eleições até parece piada
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Reinaldo Azambuja fez declarações hoje durante agenda em Dourados © Eliel Oliveira |
As declarações foram feitas durante agenda pública hoje em Dourados. Azambuja foi citado no depoimento de Wesley Batista, no âmbito da Lava Jato, por ter recebido propina em troca da redução da alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para o grupo. Ele, o ex-governador André Puccinelli e o ex-governador e hoje deputado federal Zeca do PT teriam recebido ao todo R$ 150 milhões nesse esquema de propina, conforme o teor da delação.
Azambuja esclareceu que desde o início de 2015 seu Governo iniciou reestruturação de todos os termos de acordo com várias empresas, não somente às ligadas ao grupo J&F, que controla JBS. Muitos foram extintos e não foram renovados quando venceram. Ele acrescentou que havia forte pressão do JBS para mantê-los. “Ameaçaram retaliar Estado fechando algumas plantas. Fecharam Iguatemi, Coxim e mantivemos a política que entendemos viável”, declarou o governador, sobre a postura mantida pela sua gestão.
Acrescentou que fará a defesa do Estado, provando que mesmo com a pressão os termos de incentivo não foram renovados. E, também, fará sua defesa, apresentando todos os documentos "Eu, pessoa física do governador, vou me defender dessas acusações levianas, mentirosas, cheias de utopia de um grupo que deve muitas satisfações ao País".
O governador declarou que o termo formalizado na sua gestão refere-se à ampliação da Seara em Dourados, para dobrar de três mil para seis mil o abate de suínos, a implantação do frigorífico de Peru em Itaporã, além de dobrar as plantas de Caarapó e de Sidrolândia. Para ampliar a produção, o Estado terá renúncia fiscal de quase R$ 1 bilhão ao longo de 12 anos, conforme matérias anteriores já divulgadas pelo Correio do Estado.
Ele defende a política de incentivos justificando que o Estado obteve saldo positivo na geração de vagas de trabalho nos últimos 12 meses, ao contrário do restante do País, com a influência da política de trocar imposto por emprego.
Campanha
Azambuja ainda classificou como “inverdade e mentira deslavada” a denúncia, também em delação, de Wesley Batista sobre acordo feito nas eleições de 2014 com o senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido), que foi seu principal adversário. “Parece piada. Todo mundo sabe como foi enfrentamento na campanha de 2014. É piada dizer que um pagaria a conta do outro”.
Na delação, o executivo revelou episódio da eleição para governador, falando de acordo negociado entre os candidatos e seu irmão Joesley Batista. “Ficou lá uma conta corrente que o Joesley negociou com o Delcídio e com o Reinaldo que, se o Reinaldo ganhasse, um ia pagar a conta do outro. O Delcídio recebeu um valor relevante: R$ 12 milhões. Quando o Reinaldo ganhou, o Joesley falou: ‘Ó, a conta do Delcídio é sua’”.
O governador acrescentou que os irmãos Batista tem muito a esclarecer ao Brasil e que seu Governo irá esclarecer a população mostrando documentos e os temos de acordo com políticas de incentivo que não foram renovados. "Tudo deve ser apurado e investigado. Como sempre falei, todo cidadão brasileiro tem direito a ampla defesa e ao contraditório. Vamos responder institucionalmente entregando tudo que foi feito. Minha vida é aberta", declarou.
Azambuja ainda fez críticas aos delatores que, segundo ele, estão tentando se livrar de uma pena confortavelmente em Nova Iorque. "Devem explicações ao Brasil", acrescentando sobre os ganhos do grupo com a compra de dólares depois do escândalo.
Fonte: CE
Por: MILENA CRESTANI
Link original: http://www.correiodoestado.com.br/politica/azambuja-diz-que-delacao-e-mentirosa-e-revela-ameacas-do-jbs/304278/