CAMPO GRANDE (MS),

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    06/03/2017

    Padilha apresenta novo atestado e deve voltar na próxima segunda, diz Casa Civil

    Ministro foi internado em Porto Alegre no final de fevereiro para fazer uma cirurgia na próstata; durante ausência dele, secretário-executivo comandará a Casa Civil.

    Licença do ministro Eliseu Padilha foi prorrogada até a segunda-feira (13)
    O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, apresentou um novo atestado médico ao Palácio do Planalto nesta segunda-feira (6) e deve retornar ao trabalho no dia 13, afirmou a assessoria da pasta. O atestado anterior perdia a validade no início desta semana. O novo tem prazo de sete dias.

    Padilha está internado em um hospital de Porto Alegre (RS) desde o final de fevereiro, quando se submeteu a uma cirurgia na próstata. Embora boletins médicos indiquem uma “melhora progressiva”, ele ainda não teve alta.

    Segundo boletim médico divulgado no final da manhã desta segunda pelo hospital, o ministro “recupera-se bem” e deve receber alta até o fim da semana.

    O titular da Casa Civil entrou de atestado médico no dia 20, quando se sentiu mal e foi internado em Brasília.

    Enquanto Padilha não receber alta e voltar a despachar na Casa Civil, a pasta ficará sob o comando do atual secretário-executivo, Daniel Sigelmann.

    Com a ausência temporária de Padilha, Temer perde um de seus principais articuladores políticos com o Congresso Nacional, em um momento em que o governo quer aprovar propostas como as reformas da Previdência e trabalhista.

    Para suprir a lacuna deixada temporariamente por Padilha, o presidente Michel Temer vem reforçando conversas com auxiliares, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e os ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Henrique Meirelles (Fazenda).

    Com o novo atestado, Padilha vai perder a reunião do Conselhão e a cerimônia de posse dos novos ministros da Justiça e das Relações Exteriores, Osmar Serraglio (PMDB-RS) e Aloysio Nunes (PSDB-SP), respectivamente. Ambos os eventos estão marcados para esta terça (7) no Palácio do Planalto.

    Yunes cita Padilha

    O afastamento de Padilha ocorre no momento em que o advogado José Yunes, amigo e ex-assessor especial do presidente Michel Temer, disse em depoimento ao Ministério Público Federal que recebeu um envelope em 2014 a pedido do ministro.

    Em entrevista ao Blog da Andréia Sadi, por telefone, Yunes disse que o "envelope" foi deixado em seu escritório por Lúcio Funaro, doleiro ligado ao ex-deputado Eduardo Cunha e que hoje está preso pela Lava Jato.

    Em depoimento à Operação Lava Jato, o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho disse que o escritório de Yunes foi usado para repasse de dinheiro ao PMDB via Eliseu Padilha.

    Os pagamentos ao PMDB haviam sido acertados em uma reunião no Palácio do Jaburu do qual participaram Marcelo Odebrecht, Temer e Padilha, que ficou responsável por receber e alocar R$ 4 milhões

    Na entrevista ao blog, Yunes avaliou ter servido de "mula" para Padilha. O advogado confirmou que recebeu o envelope de Funaro em seu escritório, mas disse não ter imaginado que houvesse dinheiro dentro dele. "Seria uma descortesia e até falta de ética" violar a correspondência, argumentou.

    O ex-assessor de Temer disse que não conhecia Lúcio Funaro e que nunca o havia visto no PMDB. Yunes relata, entretanto, que o doleiro comentou que estava fazendo a campanha Cunha, do PMDB, para a presidência da Câmara dos Deputados, e para mais de 100 parlamentares.

    A assessoria de Padilha disse que o ministro não vai se pronunciar sobre a fala do ex-assessor. O Palácio do Planalto também informou que não vai se manifestar.

    O advogado de Funaro, Bruno Espiñeira, negou o episódio relatado por Yunes e afirmou que pretende processar o ex-assessor de Temer por calúnia. O advogado ainda protocolou na Procuradoria-Geral da União um pedido de acareação entre Funaro, Padilha e Yunes com o objetivo de “esclarecer a verdade dos fatos manifestamente distorcidos” no depoimento de Yunes.


    Por Luciana Amaral, G1, Brasília