CAMPO GRANDE (MS),

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    06/03/2017

    OPINIÃO| Não temos partidos políticos, mas quadrilhas de criminosos

    Estima-se que o Brasil desperdiça 41,5 bilhões de reais por ano com corrupção e incompetência governamental.
    Por que a corrupção sistemática que está extremamente atrelada a política brasileira não incomoda o cidadão com a intensidade que deveria? É verdade que a grande maioria dos brasileiros não está totalmente a par do que acontece nos bastidores do jogo de poder político, assim como não está plenamente consciente de como ocorre toda a manipulação que lhes oferece o poder, a influência e o dinheiro que os envolvidos em questão tanto buscam. Pessoas que se filiam a partidos políticos normalmente são ingênuas, e realmente chegam a acreditar que todos debaixo da sua filiação partidária são indivíduos muito bem intencionados, e que todos lutarão por interesses em comum. Mas a verdade raramente corresponde aos fatos, e simpatizantes de partidos políticos estão sempre dispostos a negarem fatos que não depõem a seu favor. Especialmente quando são verdadeiros. 

    Partidos políticos são coalizões que lutam por interesses bem específicos, com agendas muito bem organizadas, que, à princípio, têm por intenção atender a estes mesmos interesses. Mas o que realmente acontece nos bastidores?

    Como são fundamentalmente obtusos, os seres humanos nunca estão dispostos a enxergar as coisas como elas são, mas enxergam apenas aquilo que querem ver. Isso tende a ocorrer especialmente entre indivíduos politizados de mais idade, que recusam-se a perceber que devotaram suas vidas a uma mentira. Mas a verdade é que o jogo político está completamente saturado de perversão, e partidos são ostensivamente corroídos por toda a sorte de interesses nefastos. No geral, não existe uma real oposição à corrupção, mas uma condescendência tão sutil quanto palpável. É conveniente desmascarar a corrupção apenas quando ela não favorece determinado partido ou coalizão. Quando ela favorece, no entanto, então recorre-se à boa velha e desculpa de que os fins justificam os meios. 
    Entre as principais causas da corrupção estão o nepotismo, o excesso de poder político e a fácil possibilidade de formar quadrilhas para obtenção de favores, propina e desvio de recursos públicos.
    Não podemos nos iludir, achando que a corrupção algum dia irá desaparecer. Muito mais arraigada à cultura política e social do que pensamos, ela é uma constante também nos governos estaduais e municipais, que são tão corruptos quanto, senão muito mais. A questão é que temos a tendência de não pensar nisso, pelo simples fato de que escândalos de corrupção federal são muito mais evidenciados pela mídia. Não obstante, todos eles praticam coerção, intimidação, tráfico de influência, improbidade administrativa e lavagem de dinheiro, entre muitos outros crimes de caráter político, financeiro, social e moral. 

    O brasileiro em geral não entende que na esfera política valores como ética, honestidade, integridade e decência são encaradas como fraquezas, e não como virtudes. Aqueles que não compartilham da falta de valores morais inerentes ao sistema são descartados do jogo automaticamente. Para fazer parte do jogo, os jogadores devem ser invariavelmente sujos, imorais e corrompidos. 

    Não nos enganemos. Ainda que partidos e coalizões políticas tenham meia dúzia de indivíduos relativamente bem-intencionados, isso ocorre porque a ingenuidade dessas pessoas faz com que elas se tornem fundamentalmente obtusas para o falacioso e inescrupuloso jogo de interesses que acontece de forma rotineira e corriqueira nos bastidores. Tudo começa na militância dos partidos, composto, em sua vasta maioria, de idiotas úteis que serão muito bem manipulados pelos políticos da coligação, que se tornarão extremamente ricos, assim que forem eleitos. E assim que estiverem no poder, irão extorquir, desviar e defraudar a vontade, pois sempre poderão manipular os idiotas úteis do partido com discursos emotivos, incitando a turba de adoradores idólatras a defendê-los de seus acusadores, especialmente quando estiverem envolvidos em alguma forma de corrupção. De uma forma ou de outra, somos reféns de um sistema pluripartidário de quadrilhas, perfeitamente projetadas para enriquecer os seus líderes.




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