CAMPO GRANDE (MS),

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    06/03/2017

    ARTIGO| Hora da onça beber água

    Por: Waldir Guerra*
    O Carnaval acabou e a partir desta semana deveríamos, nós brasileiros, iniciar o nosso ano de trabalho. É um dito popular, mas que tem lá seu fundo de verdade não tenho dúvidas. 

    Também não tenho dúvidas que agora chegou a hora da onça beber água. Ou seja, o presidente Michel Temer precisa aprovar a Reforma da Previdência para tirar o país do atoleiro em que se encontra e seu prazo para isso é curto. Curto porque a Lava Jato avança como um caçador profissional e pode não lhe dar tempo suficiente para isso.

    Pior, além do caçador já ter abatido com sua pontaria certeira um bom número de membros do atual governo, ainda ameaça derrubar uma grande parte dos congressistas que o apoiam – o que inviabilizaria a aprovação não somente das Reformas, mas da sobrevivência do próprio governo. 

    Todos nós sabemos da necessidade na aprovação da Reforma da Previdência. Uma reforma necessária para o Brasil e sabemos que ela vai cutucar vespeiro com vara curta. Mais grave, ela vai mexer com um grande enxame de abelhas e essa colmeia tem, não uma, mas milhares, dezenas de milhares de rainhas que irão brigar até a morte para não ceder seus espaços já conquistados no reino público. 

    A pressa não é apenas para escapar do caçador profissional e também nem tanto para fechar as contas do país, a pressa que aflige o presidente tem muito a ver com o ano de 2018, pois ele significa eleições; e ele sabe que é somente nisso que a maioria absoluta dos congressistas está de olho, cada um na sua própria reeleição. 

    Apesar disso tudo, minha fé ainda continua e baseada na capacidade do atual presidente, Michel Temer. Já disse aqui, mas insisto em relembrar que por ter sido três vezes presidente da Câmara dos Deputados e ter presidido por muitos anos um dos maiores partidos do país, o PMDB, o credencia fazer todas as reformas necessárias para nos arrancar do buraco em que os governos populistas nos meteram. 

    Ainda hoje penso que, sim, ele tem capacidade para fazê-las, pois vi como arregimentou facilmente o número necessário de deputados para aprovar o saneamento das contas do governo no ano passado. Acompanhei as eleições para as presidências, tanto no Senado como na Câmara, já neste ano, onde agora comandam pessoas de sua confiança.

    Nessa questão de fé e esperança preciso confessar que ao longo da vida muitas vezes duvidei da existência de Deus, mas sempre que tomei outro caminho diferente, lá na frente dei de cara com Ele e voltei a ter fé. 

    Assim também tem me acontecido na questão da recuperação econômica do país. Por diversos momentos perdi a fé neste governo; não ao ponto de me incluir na turma dos “Fora Temer” – pois estes representam os bezerros recém desmamados das tetas governamentais. 

    Mas quando me vejo desanimado fico imaginando o Brasil desgovernado economicamente assim como se encontram hoje os Estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Ou pior, o Brasil desgovernado socialmente como estiveram alguns presídios no começo deste ano. É nesse momento que dou de cara com Deus e coloco fé na única maneira de recuperarmos o país: através das Reformas, especialmente a da Previdência.

    Dos ditos populares, o que diz que, para os brasileiros, o ano começa após os Carnaval, não importa tanto agora. Importa mesmo que esta é a hora da onça beber água. Ou seja: o presidente aprova as reformas, ou sai de cena. 


    *Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. (wguerra@terra.com.br) 


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