Trombose venosa profunda é uma doença potencialmente grave causada pela formação de coágulos (trombos) no interior das veias profundas. Na maior parte das vezes, o trombo se forma na panturrilha, ou batata da perna, mas pode também instalar-se nas coxas e, ocasionalmente, nos membros superiores.
O desprendimento do coágulo pode provocar complicações a curto ou longo prazo. A curto prazo, ele pode deslocar-se até o pulmão e obstruir uma artéria. Esse episódio é chamado de embolia pulmonar e, conforme o tamanho do coágulo e a extensão da área comprometida, pode ser mortal.
A longo prazo, o risco é a insuficiência venosa crônica ou síndrome pós-flebítica, que ocorre em virtude da destruição das válvulas situadas no interior das veias encarregadas de levar o sangue venoso de volta para o coração.
Causa
A principal causa da trombose venosa profunda é a imobilidade prolongada, comum não só nas viagens aéreas e terrestres que obrigam a pessoa a ficar sentada por horas na mesma posição (por isso, a doença ficou conhecida impropriamente como síndrome da classe econômica), mas também nos casos de permanência no leito em repouso por doenças e depois de cirurgias. Lesões nos vasos e desequilíbrio nos fatores de coagulação do sangue também são responsáveis pela formação de trombos.
Sintomas
A trombose venosa profunda pode ser absolutamente assintomática. Quando aparecem, podem envolver:
* Edema, dor, calor, rubor (vermelhidão) e rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo são os principais sintomas da embolia pulmonar;
* Edema (inchaço), cor mais escura da pele, endurecimento do tecido subcutâneo, eczemas, úlceras são sintomas característicos da síndrome pós-flebítica.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico é estabelecido com base nos sintomas e nos fatores de risco e confirmado por exames de laboratório e de imagem, como a ressonância magnética, a flebografia e o ecodoppler colorido.
Quanto mais precocemente for feito e mais cedo introduzido o tratamento, maior a possibilidade de reverter o quadro e evitar complicações e sequelas.
Fatores de risco
* Predisposição genética;
* Idade acima de 40 anos;
* Obesidade;
* Gravidez e pós-parto;
* Câncer;
* Uso de anticoncepcionais;
* Hormonoterapia;
* Dificuldade de deambulação;
* Traumas;
* Veias varicosas;
* Tabagismo;
* Cirurgias de longa duração;
* Insuficiência cardíaca e/ou respiratória;
* Viagens aéreas ou terrestres que obriguem o passageiro a ficar sentado por muitas horas;
* Desidratação.
Prevenção
Manter o peso dentro dos limites saudáveis, não fumar, restringir o consumo de bebidas alcoólicas e praticar exercícios físicos são medidas importantes para prevenir a formação de trombos.
Pessoas com predisposição a desenvolver trombos precisam movimentar-se tão logo seja possível nas viagens que pressupõem longos períodos de imobilização, depois de cirurgias e quando tiverem necessidade de permanecer em repouso por muito tempo. Usar meias elásticas e evitar o consumo de bebidas alcoólicas e de medicamentos para dormir são medidas que também ajudam a prevenir a formação de coágulos.
Tratamento
O objetivo do tratamento da trombose venosa profunda é evitar a formação de coágulos ou, se eles já se instalaram, promover sua reabsorção pelo organismo. Para tanto, pode-se contar com os medicamentos anticoagulantes (heparina e warfarina), e os fibrinolíticos que ajudam a dissolver os trombos.
Alguns casos requerem intervenção cirúrgica.
Recomendações
* Esteja atento às alterações que a trombose venosa profunda pode provocar, especialmente se tem predisposição para a doença ou esteve exposto a fatores de risco que favorecem a formação de trombos;
* Não se automedique. Procure imediatamente assistência médica se suspeitar que desenvolveu um trombo;
* Evite o consumo de bebidas alcoólicas e de remédios para dormir quando for obrigado a permanecer sentado por muito tempo;
* Use roupas e calçados folgados e confortáveis;
* Aproveite todos os pretextos para mudar de posição ou movimentar-se durante as viagens;
* Faça exercícios de rotação, flexão e extensão com as pernas e os pés enquanto estiver viajando;
* Comece a caminhar tão logo as condições físicas permitam depois de uma cirurgia, dos períodos de imobilidade prolongada em virtude de problemas de saúde ou de muitas horas de viagem ;
* Use meias elásticas;
* Beba muito líquido para evitar a desidratação.
8 mitos e verdades sobre a doença
Ela pode ser desencadeada por fatores como o uso de anticoncepcionais e até viagens longas de avião. Tire suas dúvidas sobre o problema.
Por Luiza Monteiro
1. Varizes levam à trombose
Verdade. Mas isso não é uma regra. A variz é uma veia dilatada na qual o sangue circula mais lentamente, o que favorece a coagulação. E é quando um coágulo impede o fluxo sanguíneo que ocorre a trombose. “Nem todo paciente que tem varizes vai ter trombose, mas o risco é, sim, maior”, explica o angiologista Eduardo Fávero, do Hospital Souza Aguiar, do Rio de Janeiro.
2. Só idosos têm esse problema
Mito. A trombose venosa – aquela que acomete principalmente os membros inferiores costuma aparecer em pessoas jovens, com idades entre 20 e 40 anos. “Elas estão mais expostas a fatores de risco como uso de anticoncepcionais, pouca atividade física, gravidez e trabalhar muito tempo sentado ou em pé”, diz o cirurgião vascular Francisco Osse, do Centro Endovascular de São Paulo.
3. Pílula + cigarro dão trombose
Verdade. Essa dupla é uma bomba-relógio, já que ambos elevam o risco do problema. O anticoncepcional, por ser composto de hormônios como estrogênio e progesterona, contribui não só para a formação de coágulos, mas também para que as paredes das veias fiquem mais dilatadas (o que abre portas para as varizes). Já o cigarro contém substâncias que são pró-coagulantes.
4. A gravidez é fator de risco para a trombose
Verdade. Há três motivos principais para isso. A elevação das taxas dos hormônios femininos e o fato de o organismo da gestante desencadear uma série de reações químicas com o intuito de evitar que o bebê seja encarado como um corpo estranho aumentam a coagulação. Além disso, o barrigão comprime a veia cava, responsável por transportar o sangue que vem das pernas para o coração. Desse modo, a circulação fica mais lenta e o sangue se acumula nos membros inferiores. Por tudo isso, os médicos aconselham o uso de meias de compressão (que estimulam o sangue a fluir normalmente) a partir do segundo ou terceiro trimestres da gravidez. Mas lembre-se: comece a usá-las somente depois de consultar um especialista
5. Viajar de avião aumenta o risco da doença
Verdade. Essa associação é mais séria no caso de voos longos, já que a pessoa fica sentada por muito tempo. Com isso, os vasos das pernas – que dependem de movimentação para levar o sangue de volta ao coração – não conseguem cumprir seu objetivo. E quando o líquido sanguíneo não circula, a probabilidade de trombose é maior. Mas não pense que isso ocorre apenas em viagens aéreas. Trabalhar por longos períodos sentada ou em pé, por exemplo, também atrapalha a circulação. Por isso, além de levantar para dar uma caminhada, vale ir a um médico e perguntar se você está apta para usar meias elásticas.
6. A trombose não apresenta sintomas
Depende. Se o vaso afetado for pequeno, de fato, o problema pode passar despercebido. Agora, se a veia for profunda, dificilmente a pessoa não vai notar que algo está errado. “Os principais sintomas são dor, inchaço e sensação de peso nas pernas”, diz Francisco Osse. Algumas pessoas notam alterações na coloração da área afetada, que pode ficar mais arroxeada ou avermelhada.
7. Não existe tratamento
Mito. A terapia contra a trombose vai depender da localização da veia afetada, do tempo que ela está obstruída e da extensão do trombo. No caso de pacientes recém-diagnosticados, dá para tratar com medicações anticoagulantes. Algumas pessoas, porém, não podem tomar esses remédios e, aí, recorre-se ao tratamento conservador. “Esperamos até que o próprio organismo reaja criando uma circulação em volta do local obstruído”, conta Francisco Osse. Em situações mais graves, a solução é a cirurgia, que vai desentupir os vasos danificados.
8. Não dá para prevenir trombose
Mito. Adotar hábitos saudáveis, que vão combater os fatores de risco, é o caminho para evitar a trombose. Isso inclui praticar atividade física, ter uma alimentação equilibrada e não fumar. Além disso, é fundamental conhecer o seu histórico familiar, isto é, saber se outras pessoas da sua família já tiveram trombose. E, se você notar qualquer alteração nas veias das pernas, procure um médico – aqui vale a máxima de que quanto antes o tratamento começar, melhor.
Fonte: Saúde Abril