Entidade ligada a agentes sugere que presídio está fora de controle
Os nove presos indicados como testemunhas na morte de Adonias Silveira Felipe, 33 anos, apresentaram diversos ferimentos e estariam ligados a uma execução. Um deles, inclusive, estava com corte profundo e precisou de atendimento médico.
A denúncia feita pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sinsap) é de que esses detentos conseguiram cerrar grades de pelo menos duas celas e ainda quebraram cadeado para chegarem à cela isolada onde estava Adonias. A situação sugere que o Estado não tem total controle sobre o Estabelecimento Penal Jair Ferreira de Carvalho, na Capital.
A vítima, que respondia pelos crimes de tentativa de homicídio, assalto a mão armada e tráfico de drogas, estava recluso em área de isolamento. Há sistema de monitoramento nos corredores, mas as câmeras não estariam funcionando, denunciou o sindicato.
Adonias completaria 33 anos hoje, é de Dourados e apareceu morto na cela 408 do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande. Agente penitenciário encontrou o corpo por volta das 8h30 de hoje. Ele estava com uma corda no pescoço.
"Isso é muito grave. Nove presos tiveram acesso ao corredor de um setor de isolamento da Máxima. Nove (presos) já é um numero maior que o plantão vigente. Eles demonstram poder perante outros presos. Fica claro que eles (detentos) podem fazer isso quando quiserem. O que amedronta outros presos e provavelmente esse detentos que estão isolados por motivo de segurança irão solicitar remoção da Máxima", informou nota do Sinsap.
A entidade ainda relatou que a permanência de presos em áreas onde supostamente não poderiam ficar vem se tornando constante.
"Segundo informações, este procedimento de sair das celas vem acontecendo constantemente. Os internos saem das celas para orquestrar crimes, determinar julgamento (de outros internos) e executar presos. Isso cria instabilidade e demonstra fragilidade do Estado em controlar a criminalidade", destacou o sindicato.
Os detentos que estavam na cela 413 e estão envolvidos na ocorrência foram indicados pela entidade como sendo: Diogo Alves da Silva; Fernando Benedito Monteiro; Huldson Pereira de Souza; Jaqueson Tales Martins Borges; Nilson Queiroz Santana; Thiago da Silva Firmino Padilha; Waldineiy Gamarra Boabaid da Silva; Wellingyon Ribeiro da Slva e Wesley Barbosa Lima.
INVESTIGAÇÃO
A morte de Adonias foi registrada na 3ª Delegacia de Polícia Civil como homicídio simples pelo Paulo Henrique Sá. A perícia também foi ao presídio para coletar indícios.
Os nove detentos que se feriram na passagem de uma cela para outra estão indicados no boletim de ocorrência como testemunhas.
NESTE ANO
Presos encontrados mortos na Máxima, em Campo Grande, já somam sete neste ano. Alguns dos casos a maior suspeita era de que o interno morreu em decorrência de doença.
Agentes penitenciários também sofreram ameaças de morte no estabelecimento penal. Em um desses casos, seis foram envenenados com "chumbinho" colocado no café. A tentativa de matar os servidores seria uma forma de represália ao curso que agentes realizaram para conter rebeliões.
MORTES DE PRESOS E AMEAÇAS A AGENTES
22 de novembro: Leandro Barbosa Pereira preso estava jurado de morte;
15 de julho, encontrado morto Nivaldo Querino Júnior;
16 de junho, encontrado morto Jorge Sales Kramer
20 de abril, encontrado morto Iverson Ricardo Lopes Pinto
20 de abril, seis agentes foram envenenados;
18 de abril, encontrado morto Luiz Otávio de Souza;
1º de abril, estava doente e morreu Douglas Farias do Carmo;
31 de maio, estava doente e morreu Sidnei Baptista Borges.
APURAÇÃO INTERNA
A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen) vai abrir sindicância para averiguar possíveis falhas na Máxima. Ao mesmo tempo, a autarquia aguarda o inquérito da Polícia Civil.
"Chamamos a polícia, o delegado vai instaurar inquérito. A perícia vai também para ver o que aconteceu. Agora será investigado se foi homicídio, se foi suicídio", indicou o diretor-presidente da Agepen, Ailton Stropa.
Ele rebateu o que o Sindicato dos Agentes Penitenciários alegou que o Estado estaria sem o comando do presídio. "Temos o comando, sim. Sobre presos que andam toda noite em corredores, vamos ver isso."
Stropa pontuou que está sendo feito também monitoramento 24 horas dos presos. "Temos uma série de operações acontecendo e há uma rotina. Temos também uma gerência de inteligência que trabalha 24 horas para investigar todo e qualquer ato da massa carcerária", afirmou.
Fonte: CE
Por: RODOLFO CÉSAR
Link original: http://www.correiodoestado.com.br/cidades/campo-grande/nove-presos-teriam-executado-detento-em-area-de-isolamento-denuncia/292800/