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Patricia, que xingou Aranha, posa para foto com um macaco com a camisa do Internacional Foto: Reprodução Twitter / Reprodução Twitter |
Patrícia Moreira, a torcedora do Grêmio que insultou o goleiro Aranha, do Santos, vive sob efeitos de remédios. Após os acontecimentos das últimas duas semanas, que culminaram com a sua demissão do trabalho, a acusação de injúria racial e até com o clube gaúcho excluído da Copa do Brasil pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a jovem tem acompanhamento psiquiátrico e vive isolada da família e amigos. Mais do que isso, ela terá que se mudar de Porto Alegre para recomeçar.
— A Patrícia tem acompanhamento psiquiátrico e está sendo medicada. Ela está sofrendo muita pressão. Ainda está muito abalada. Não sei se vai conseguir recomeçar a vida dela na cidade. Acho que ela só poderá retomar tudo, ter uma vida normal, ao se mudar do município — contou o advogado, Alexandre Rossatto.
Além da torcedora, a família dela vive com medo, principalmente de sofrerem represálias ou agressão física.
— Eles estão com medo, principalmente pelas integridades físicas. Não aparecem publicamente. Mas se tivessem aparecido, poderia ter sido uma situação pior. Estão todos temerosos — disse o advogado.
Casa de Patrícia Moreira, torcedora do Grêmio que insultou o goleiro Aranha, foi incendiada em Porto Alegre - Foto: Arquivo Pessoal |
Medidor de luz ficou todo queimado, o que prejudicou a fiação e a energia elétrica da residência de Patrícia Moreira - Foto: Arquivo Pessoal |
A situação piorou após a casa onde a jovem morava na Zona Norte de Porto Alegre ter sido incendiada na madrugada de sexta-feira. Por estar isolada, Patrícia só descobriu na noite de sexta, quando seus irmãos lhe informaram pessoalmente.
— Ela está isolada, sendo preservada de tudo. Não tem contato com nada, está sem internet. Só tem televisão. Os irmãos foram até lá para contarem a ela — falou Rossatto.
Residência será alugada
Desde o dia 29 de agosto, um dia após Patrícia ser flagrada pelas câmeras da “ESPN Brasil” chamando o goleiro Aranha de “macaco”, nem ela e nem qualquer pessoa da família retornou ao local. A residência já seria alugada antes do ato de vandalismo. Agora, passará por reparos para ser locada.
Um suspeito foi identificado e detido no final da tarde de sexta-feira, nas imediações da moradia. Ele foi reconhecido por foto por uma testemunha. O homem, que tem passagens por tráfico de drogas e porte ilegal de arma, confessou o crime.
– Desde o jogo do Grêmio ela não volta para casa. O incêndio foi de pequenas proporções. Eles vão alugar a casa sim. Como o delegado Thiago já esteve no local com a perícia, eles já liberaram. Então vamos acelerar o processo para tudo ficar arrumado e colocá-la para locação – falou Rossatto.
Estrado de madeira e um guarda-chuva incendiados Foto: Arquivo Pessoal |
O caso é investigado pela 14ª Delegacia de Polícia da capital gaúcha. No ato, não havia pessoas na residência. Segundo o delegado Thiago Baldin, o fogo atingiu a parte abaixo da varanda da casa, onde estava o medidor de luz, que ficou completamente queimado.
— Após o reconhecimento pessoal da testemunha, vamos entrar com pedido de prisão preventiva. Somente depois da perícia teremos a certeza se foi criminal ou não e os danos causados — disse Baldin.
Responsável pelo inquérito do caso de racismo, o delegado da 4ª DP, Herbert Ferreira, afirmou que a conclusão será no final da próxima semana. Ele ainda espera algumas imagens.
— O caso está tomando uma proporção que não pode. A menina está vivendo escondida. Até a semana que vem, concluo inquérito — afirmou Ferreira.
Parte da casa de Patrícia Moreira que foi incendiada em Porto Alegre. Polícia deteve um suspeito, que mora perto da residência da torcedora - Foto: Arquivo Pessoal |
Casa de torcedora do Grêmio acusada de injúria racial contra o goleiro Aranha, do Santos, foi incendiada em Porto Alegre - Foto: Arquivo Pessoal |
Fonte: Extra/JE
Por: Marjoriê Cristine