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| Site da empresa oferece pacotes para jogos da Copa Foto: Reprodução |
Uma agência de turismo com sede em Copacabana é investigada pela polícia de três estados brasileiros, acusada de aplicar um golpe milionário em cerca de mil turistas que compraram pacotes para assistir a jogos da Copa do Mundo. A DMX Tours é acusada por outras agências de turismo do Mato Grosso do Sul e do Paraná de ter recebido pagamentos de cerca de R$ 1 milhão e não ter repassado ingressos para os jogos — que seriam vendidos a clientes das cidades de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e Cascavel e Foz do Iguaçu, no Paraná. Ao todo, as polícias do Paraná e do Mato Grosso do Sul estimam que cerca de mil pessoas foram vítimas do esquema.
Em depoimento à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações e Fazendários (Dedfaz), de Mato Grosso do Sul, a agente de turismo Livia Maymone Coelho Neto disse que foram comprados em ingresso com a DMX um total de R$ 365 mil, o qual foi repassado em sua totalidade para a empresa. No documento, obtido com exclusividade pelo Jogo Extra, ela, que é sócia da agência Coelho & Netto, afirma que todas as negociações foram realizadas com Fábio Luis Lemos Cajuhy, o proprietário da empresa. Da última vez que entrou em contato com Fábio, ele teria dito que está tendo problemas com seu fornecedor.
— Os ingressos deveriam chegar aqui nesta segunda. Mas não vão chegar. Não consigo mais entrar em contato com ele — disse Livia.
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Em Campo Grande, a agência Ares Viagem e Turismo também procurou a especializada para relatar que também havia vendido 400 mil em ingressos, que seriam repassados pela DMX. As entradas nunca chegaram a Mato Grosso do Sul.
— O prejuízo causado por essa empresa é difícil de ser estimado. Esperamos que mais vítimas apareçam até o fim das investigações — afirmou a delegada da Dedfaz Fernanda Mendes.
Em Cascavel, no Paraná, a agência Edo Tur vendeu R$ 607 mil em pacotes para clientes de diversas cidades. Os sócios da operadora de turismo não sabem se conseguirão devolver o dinheiro a seus clientes.
— Estamos vendendo carros e imóveis. Não podemos perder a confiança da clientela — enfatizou Suely Frare, gerente da loja.
Contas bloqueadas
A Justiça do Paraná bloqueou as contas da DMX Tours a pedido da Edo Tur, que entrou com uma ação cível contra a empresa. Segundo a decisão da juíza Lia Sara Tedesco, da 5ª Vara Cível de Cascavel, a DMX “não está autorizada a fazer a comercialização de tais ingressos e estes ainda não foram recebidos pela autora, o que leva à conclusão, a princípio, que não receberá”. Ainda segundo a decisão, a Edo Tur “já fez negociações com seus clientes revendendo pacotes de viagens e os ingressos, de modo que o prejuízo por ela suportado, se uma medida rápida não for tomada, poderá se tornar irreparável”. No Rio, a Delegacia do Consumidor (Decon) abriu inquérito para investigar a empresa.
O Jogo Extra foi até o endereço que consta no registro da empresa (Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 599, apartamento 508). No local, o porteiro informou que a DMX já teve sede lá, mas “há dois anos saiu dali”. O Jogo Extra também tentou contato telefônico com Fábio Luis Lemos Cajuhy, mas não conseguiu localizar o empresário.
A paulistana Ana Paula Loureirou foi uma das milhares de vítimas do esquema. A moradora de Campinas comprou quatro ingressos para assistir à final e à abertura da Copa com seu marido e seus dois filhos. A compra foi feita com a Coelho & Netto, de Campo Grande. Ela também já havia acertado o pagamento de passagens de avião e diárias de hotel para viajar ao Rio e a São Paulo.
— O pagamento total foi de R$ 2.460. Não vou reaver esse dinheiro e não vamos ver os jogos. É um absurdo, alguém precisa ser responsabilizado — protestou Ana Paula.
A única entidade autorizada a vender ingressos para a Copa é a Fifa. Segundo o Estatuto do Torcedor, vendas por preços maiores que os oficiais constituem crime.
Fonte: Extra/JE
Por: Rafael Soares

